Meteored
tempo.pt
Um grupo de cientistas da Universidade de Cornell descobriu algo surpreendente sobre os plásticos minúsculos, conhecidos como microplásticos, e sobre a forma como estes se deslocam no ar.
Os microplásticos estão por todo o lado – no oceano, em terra e até a flutuar no ar. Provêm de todo o tipo de locais, como garrafas de refrigerante partidas ou pequenos pedaços de pneus.
A equipa de Cornell, que inclui Qi Li do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental e outros especialistas, descobriu que a forma destes microplásticos desempenha um papel importante na distância que podem percorrer.
Antes deste estudo, a maioria dos cientistas pensava que estes pequenos pedaços de plástico eram, na sua maioria, redondos, como pequenas esferas. Contudo, a investigação de Cornell mostra que muitos destes microplásticos são, de facto, planos, como pequenas fibras finas. E esta forma plana permite-lhes permanecer no ar durante mais tempo e viajar mais longe.
Esta descoberta começou devido ao contacto de Qi Li com Natalie Mahowald, uma especialista em como as coisas se movem no ar, e Donald Koch, que estuda a forma como as partículas se comportam no ar em movimento.
Juntos, com a sua equipa, que inclui o investigador de pós-doutoramento Shuolin Xiao e o estudante de doutoramento Yuanfeng Cui, construíram um novo modelo informático para compreender melhor a forma como estes microplásticos se movem.
O que descobriram foi bastante revelador. Ao tratar estes microplásticos planos como se fossem redondos, os estudos anteriores enganaram-se quanto à rapidez com que caem no chão.
Com o seu novo modelo, a equipa de Cornell percebeu que, como estes microplásticos são planos, flutuam no ar cerca de 450% mais tempo do que se pensava anteriormente.
Os microplásticos podem viajar muito mais longe do que se pensava anteriormente
Outro aspeto interessante que a equipa descobriu é que o oceano pode estar a enviar mais destes microplásticos para o ar do que sabíamos. Isto é importante pois saber de onde vêm estes pequenos plásticos pode ajudar-nos a encontrar melhores formas de lidar com os mesmos.
Compreender melhor a origem dos microplásticos e a forma como estes viajam pelo ar, pode contribuir para uma melhor compreensão acerca de outros compostos presentes no ar que respiramos.
Esta investigação não se destina apenas a compreender os microplásticos. Pode também ajudar-nos a conhecer outras pequenas coisas que entram no ar, como o pó e o pólen. O trabalho da equipa, que foi apoiado pela National Science Foundation e utilizou recursos do Centro Nacional de Investigação Atmosférica, é um grande passo para compreender como estas minúsculas fibras de plástico se deslocam no nosso planeta.
Isto é crucial pois se soubermos de onde vêm estes plásticos e como se movem, podemos fazer melhores planos e políticas para reduzir a poluição e proteger o nosso ambiente. Por isso, da próxima vez que vir uma garrafa de plástico ou um pneu usado, pense na viagem que os seus pequenos pedaços podem fazer, flutuando no ar, e na forma como os cientistas estão a trabalhar arduamente para compreender e gerir este viajante quase invisível.
Referência da notícia:
Xiao, S., Cui, Y., Brahney, J. et al. Long-distance atmospheric transport of microplastic fibres influenced by their shapes. Nature Geoscience (2023).