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O tema da água em Portugal e a forma como ela é gerida volta a ser debatido na segunda edição da conferência “O futuro da água”, organizada pelo BPI e ao qual o Expresso se associa como media partner, tendo a Deloitte como knowledge partner
Portugal é um país pequeno em área mas grande em diversidade geográfica. Olhando para a quantidade de precipitação de uma forma generalista, há logo uma divisão em dois: a Norte chove em abundância e a Sul há situações de seca, mesmo no pico do Inverno, como aconteceu em dezembro do ano passado.
Nesse mês, de acordo com os dados disponíveis no site do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), 56,4% do território nacional estava em seca, sendo que 8,9% estava em seca moderada. Acima disso, só mesmo a seca severa e extrema.
Contudo, e olhando mais em detalhe, percebe-se como a diversidade geográfica é ainda maior. Os 8,9% em seca moderada situavam-se numa pequena faixa de Sines a Sagres, estendendo-se depois para o interior quase até Ferreira do Alentejo e Faro. E os 47,5% em seca moderada estendiam-se da Covilhã até Santarém e então depois para o restante Alentejo e Algarve, mostrando que também há seca a Norte do país.
Aliás, fazendo uma pesquisa aleatória no mesmo site, em abril de 2022 todo o território nacional estava em situação de seca moderada com alguns focos de seca severa, o maior deles a Norte.
25%
foi a percentagem mínima de diminuição de precipitação em Portugal nas últimas três décadas
Lidar com a escassez de água – que origina a seca – deve, por isso, ser abordado com a mesma diversidade que existe na geografia do país e tendo em conta que parte dessa escassez advém de uma má gestão do recurso e do dinheiro.
“A gestão da água tem de ser feita de forma intersectorial” e têm de haver soluções diferentes para cada região do país, diz Manuela Moreira da Silva, professora no Instituto Superior de Engenharia da Universidade do Algarve. “E temos de ser mais criteriosos nos investimentos que fazemos”, acrescenta Miguel Gouveia, professor de economia na Universidade Católica de Lisboa e autor de um estudo sobre o valor da água.
O mesmo é válido nas situações de excesso de água, ou seja, para lidar com inundações que também não são um problema apenas nas regiões onde chove mais. Ainda em novembro do ano passado uma chuva intensa de apenas uma manhã provocou cheias em Olhão, no Algarve.
“Podem haver acontecimentos extremos no Algarve e podem haver cheias. Veja-se o que aconteceu em Valência”, diz Miguel Gouveia.
Os dois professores serão convidados na conferência que o BPI organiza esta quinta-feira sobre o futuro da água e onde se debaterá, precisamente, a forma como se se deve e pode lidar com a escassez e com a abundância de água em Portugal, mas também se o país está a partilhar bem a água que está disponível entre os vários sectores – agricultura, turismo, cidades e indústria.
Daí que também tenha sido convidada para este encontro a Erin Brokovich, a jurista, defensora do consumidor e ativista ambiental americana que deu nome ao filme de 2000 interpretado por Julia Roberts, e que, na sua intervenção irá abordar a contaminação da água pela indústria e pelos chamados “químicos eternos” que se usam em produtos e bens diários e que acabam por poluir a água e, consequentemente, aumentar a sua escassez.
Fórum BPI: O Futuro da Água
O que é?
É segunda edição da conferência organizada pelo BPI sobre o tema da água e à qual o Expresso e a SIC Notícias se associam como media partners. Será ainda anunciado o vencedor do Prémio Água, atribuído pela primeira vez este ano.
Quando, onde e a que horas?
27 de fevereiro de 2025, no auditório da Fundação Champalimaud, em Lisboa, das 9h às 13h.
Quem vai estar presente?
João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI
Inês dos Santos Costa, sócia da Deloitte
Erin Brokovich, jurista, defensora do consumidor e ativista ambiental americana
José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal (CM) de Aveiro e vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP)
Maria da Conceição Cunha, professora da Universidade de Coimbra, Departamento de Engenharia Civil, com especialização de Hidráulica, Recursos Hídricos e Ambiente
António Pina, presidente da CM de Olhão e da AMAL, Comunidade Intermunicipal do Algarve
Manuela Moreira da Silva, professora no Instituto Superior de Engenharia da Universidade do Algarve
Miguel Gouveia, professor na Universidade Católica de Lisboa
José Melo Bandeira, gerente da Veolia Portugal e membro da direção do Pacto da Água
Carlos Vicente, diretor-geral da Vitacress Portugal
Cristina Siza Vieira, presidente executiva da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP)
José Pedro Salema, presidente da EDIA
Ana Rosas Oliveira, administradora do BPI
Paulo Portas, ex-vice-primeiro ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros
Francisco Artur Matos, administrador BPI
Emídio Sousa, secretário de Estado do Ambiente
Porque é que este encontro é central?
O encontro pretende debater soluções para lidar com as cheias e com a seca, mas também com os problemas de abastecimento e drenagem de água dentro das cidades. Será ainda discutido o valor da água e como ele pode ter impacto nessas soluções e na forma como a água é partilhada pelos vários sectores.
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