Jornal de Negócios
“Vamos ter aumento de tarifas, no próximo ano, é inevitável”, avisa Paulo Praça, presidente da ESGRA – Associação para a Gestão de Resíduos, que representa 16 entidades por todo o país (tendo os municípios como acionistas maioritários). O aumento de tarifa que cada sistema de recolha estabelece “não é linear”, porque “depende de cada realidade”, e não chegará da mesma forma aos consumidores, “porque os municípios tendem a acomodar parte da fatura”. Abrangendo 40% da população – os restantes 60% dizem respeito à concessão à EGF –, estes serviços estão a enfrentar fortes dificuldades face ao “aumento elevado dos custos”, nomeadamente dos combustíveis, garante Paulo Praça ao Negócios. Além disso, “a mão de obra aumentou e vai aumentar”, acompanhando a inflação. “O setor nunca teve nenhum tipo de apoio, mesmo durante a pandemia”, lamenta. No entanto, “nas receitas, não há nenhuma expectativa de aumento”. É que as contrapartidas financeiras pelo trabalho que executam “não têm atualização desde 2017”. “Quando tudo aumenta, porque é que os valores de contrapartida não aumentam também?”, questiona. A associação, entre outras reivindicações, quer, por isso, apoios fiscais ao combustível, como têm os transportes ou a agricultura. E pede que não seja atualizada a Taxa de Gestão de Resíduos que estes sistemas de recolha têm de pagar. Além de “não estar a reverter para o setor”, como seria suposto, está agora previsto um aumento de 4,4 milhões de euros, mais 22% do que este ano. “Um aumento destes na atual conjuntura é exorbitante”, lamenta Paulo Praça.