Indústria 01/09/2022
A Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP) tem assumido um papel primordial para a promoção do setor e da sustentabilidade dos plásticos. O Plastics Summit – Global Event 2022, realizado em Lisboa pela APIP, em parceria com as congéneres de Espanha, Brasil e México, contribuiu nesse sentido. Num mundo que enfrenta desafios globais como o crescimento da população, a segurança alimentar e as mudanças climáticas, torna-se necessário que as sociedades escolham soluções mais eficientes para garantir um desenvolvimento sustentável, e alavancar a transição de uma economia linear para uma economia circular, onde os plásticos, atendendo às suas propriedades e características únicas, serão capazes de dar um grande contributo para esta transformação societal. O modelo económico da atualidade (extrair, transformar, descartar), é insustentável, pelo que será necessário adotar uma alternativa que se encontre focada em redefinir a noção de crescimento, com foco em benefícios para toda a sociedade. Isto envolve dissociar a atividade económica do consumo de recursos finitos, e eliminar resíduos do sistema por princípio. O plástico, graças à sua versatilidade e alta eficiência de recursos, tornou-se um material extremamente importante e omnipresente na economia na vida quotidiana, permitindo ajudar a enfrentar uma série de desafios com que se depara a nossa sociedade. Desde a sua utilização na produção de componentes para automóveis e aeronaves, onde graças ao seu baixo peso permite poupar combustível e reduzir as emissões de CO2, passando pela sua aplicação como material de isolamento, contribuindo para poupanças nas faturas de energia, até à produção de embalagens de plástico, muito importantes para garantir a segurança dos alimentos e reduzir o desperdício destes. Assim, tornou-se um material extremamente importante para setores como os transportes, a embalagem, a construção civil, a energia renovável, o espaço, o desporto, a saúde e os dispositivos médicos. Na União Europeia, o setor dos plásticos emprega 1,5 milhões de pessoas (produtores de matérias-primas e indústria transformadora) e gerou um volume de negócios de 330 mil milhões de euros em 2020. O setor em Portugal tem apresentado um importante dinamismo e crescimento, contando hoje com aproximadamente 1.150 empresas que empregam mais de 43.000 pessoas, e que geram 8 mil milhões de euros de volume de negócios, onde 4,2 mil milhões de euros são exportações. Atendendo à balança comercial, o setor dos plásticos em Portugal apresenta-se hoje como um setor extremamente importante para a economia do país, representando cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB). Cadeia de valor dos plásticos em profunda alteração Não obstante o valor económico e a sua importância para a vida das pessoas, a forma como alguns produtos plásticos são produzidos, utilizados e sobretudo eliminados pelo ser humano no seu fim de vida, não permite, num número de situações, agregar os benefícios económicos de uma abordagem mais circular. Assim torna-se necessário encontrar soluções através da implementação de um novo modelo de sustentabilidade da nossa sociedade, baseado numa circularidade dos materiais, onde estes podem ter várias vidas, onde no seu fim de vida os plásticos deixam de ser um resíduo e passam a ser uma nova matéria-prima para a produção de novos produtos. Assim, ao nível da economia circular e sustentabilidade, a cadeia de valor dos plásticos, em Portugal e a nível global, encontra-se em profunda alteração, de modo a responder aos desafios societais com que nos deparamos. Se até à data existiam os produtores de matérias-primas, as empresas de transformação e um pequeno setor de reciclagem, no dia de hoje e no futuro, a cadeia de valor terá de ser um ecossistema composto pela indústria química, pelos produtores de matérias-primas, pelas empresas de transformação, pelos brand owners, pelas empresas de distribuição e, até mesmo, pelas entidades de gestão e tratamento de resíduos, estas que passarão a ter os plásticos como um recurso e não como um resíduo. Neste ecossistema será fundamental a área de reciclagem, que para além da reciclagem mecânica incorporará uma reciclagem química, fundamental para a produção de novos polímeros de base reciclados, assim como o papel dos consumidores, no reencaminhamento dos produtos no seu fim de vida para os locais corretos, permitindo a sua valorização. Tendo como base este novo modelo de sustentabilidade, as empresas do setor dos plásticos têm vindo a demonstrar uma preocupação no desenvolvimento de novos materiais e produtos que, por um lado, incorporem material reciclado na sua composição e, por outro, tenham a capacidade de ser reciclados no seu fim de vida. Ao nível científico e tecnológico tem existido um alinhamento entre os centros de saber e a indústria, onde a APIP tem assumido um papel primordial. De referir que na atualidade encontra-se em execução em Portugal o maior projeto de investigação, desenvolvimento e inovação (I&D+i) a nível europeu, o Better Plastics, que apresenta um ecossistema com mais de 50 membros da cadeia de valor, o qual será responsável por promover a transição do setor dos plásticos em Portugal para uma economia mais circular e neutra em carbono, num investimento de 6,3 milhões de euros. Contribuir para soluções abrangentes e envolventes A promoção, adoção e implementação de políticas e soluções integradas para uma economia circular e produtos mais sustentáveis, exigem o envolvimento e ação de todos os atores, incluindo a sociedade em geral, onde a mudança comportamental, coletiva e individual, será peça-chave para que os recursos se mantenham na economia e não se percam para o ambiente, contribuindo, deste modo, para a criação de um futuro sustentável. Este foi, aliás, o mote do Plastics Summit – Global Event 2022, evento internacional realizado recentemente em Lisboa pela APIP, em parceria com as suas congéneres de Espanha (ANAIP), Brasil (ABIPLAST/ABIEF), México (ANIPAC), o qual se assumiu como um evento disruptivo, um fórum de ideias, que reuniu os principais stakeholders nacionais e internacionais da cadeia de valor dos plásticos no sentido de obter convergência entre as suas diferentes visões e apresentar soluções abrangentes e envolventes, bem como promover a consciencialização da cidadania climática com base nos pilares da Saúde Planetária. Este evento transetorial, que contou com a participação de 32 oradores de renome nacional e internacional, trouxe a debate temas de interesse transversal, como a legislação, a poluição dos oceanos, o greenwashing e a descarbonização da indústria. Deste evento, resultou uma declaração de compromisso (position statement) que traduz a visão e as ações globais, assentes em evidências científicas, que contribuirão para a criação de um futuro mais circular e sustentável. O setor dos plásticos do presente e do futuro será sustentável, totalmente integrado, transparente e eficiente na utilização dos recursos e centrado no consumidor, contribuindo para uma economia mais circular e neutra em carbono, com claros benefícios para as atuais e futuras gerações do nosso planeta. —– Setor dos plásticos em Portugal 1.150 Empresas 43.000 Trabalhadores 8 mil milhões € Volume de negócios 4,2 mil milhões € Volume de exportações