Jornal de Notícias
Permitirá quebrar burocracia e potenciar a partilha de produtos que hoje são desperdício
A Associação Smart Waste Portugal (ASMP) apresentou, ontem, uma plataforma online para aumentar a circularidade dos produtos, reduzindo o desperdício. A myWaste, desenvolvida em conjunto com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), funcionará como uma bolsa nacional de subprodutos para valorização, permitindo a partilha de produtos que são desperdício de umas empresas, mas podem ser usados como recursos/matérias-primas por outras. A plataforma, dada a conhecer durante a conferência “Smart Growth: o Papel da Economia Circular”, em Serralves, no Porto, é uma “grande ferramenta de trabalho para as empresas que queiram lá colocar os seus resíduos”, explicou ao JN Aires Pereira, presidente da ASWP. Conta com os 142 associados da Smart Waste e está a aberta a outras empresas, procurando chegar ao maior número possível de utilizadores. Após a apresentação, “entrará imediatamente em funcionamento”, disse Aires Pereira. A myWaste permite ultrapassar a “enorme burocracia, demora e custos elevados” dos processos de desclassificação de resíduos (necessários para que um resíduo possa voltar ao mercado para ser usado como recurso), por ser um procedimento “validado pela APA”, que funciona de forma “automática e segura”, acrescentou Aires Pereira. O primeiro relatório “Circularity Gap Report” lançado em 2018, no Fórum Económico Mundial em Davos, indicou que apenas 9,1 % da economia mundial era circular. Atualmente, a tendência é de descida, fixando-se nos 8,6 %. A economia mundial está a consumir 100 mil milhões de toneladas de materiais por ano, devido a “práticas ainda lineares e insustentáveis”, realça a ASWP. Reciclar mais vidro A ASWP está, também, a promover a criação da plataforma Vidro+, uma iniciativa semelhante à que foi desenvolvida para o plástico. A ideia é juntar diferentes agentes da cadeia de valor do vidro para promover o aumento da reciclagem e a incorporação de material reciclado na produção de novas embalagens. Em 2019, a taxa de reciclagem de embalagens de vidro situou-se nos 56%. A intenção é que atinja os 90% até 2030. O Vidro+ será lançado oficialmente no dia 24, na sala “O Século” do Ministério do Ambiente, conta já com 30 membros, incluindo indústrias, associações, universidades e centros de investigação e ONG.