Ambiente Online
05.04.2022
É possível limitar o aquecimento global a 1,5 graus centígrados, até ao final do século, se se reduzir para metade as emissões globais de gases com efeito de estufa até 2030, defendem os cientistas do painel das Nações Unidas sobre alterações climáticas.
Esta foi uma das principais conclusões do grupo de trabalho do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas dedicado à mitigação, onde se estabelece que “limitar o aquecimento global a 1,5 graus centígrados [até fim do século] requer que as emissões globais de gases com efeito de estufa atinjam o pico antes de 2025, o mais tardar, e sejam reduzidas em 43% até 2030”.
Os cientistas salientam que “sem reduções imediatas e profundas das emissões em todos os setores, será impossível”, notando que mesmo atingindo a redução para metade até ao fim da década, é “praticamente inevitável” que durante este século se ultrapasse o valor de 1,5 graus centígrados (ºC) acima da temperatura média global da era pré-industrial, com a possibilidade de reverter até 2100.
Nesse sentido, os cientistas recomendam “apostar em grandes transições no setor energético” com uma “redução substancial no uso de combustíveis fósseis, eletrificação generalizada, aumento de eficiência energética e uso de combustíveis alternativos, como hidrogénio”, o que estimam que permita reduções de emissões “entre 40% e 70% até 2050”.
Isto porque para se conseguir limitar o aquecimento global a 1,5 graus até 2100, será preciso atingir a neutralidade – em que as emissões de dióxido de carbono e outros gases com efeito de estufa são compensadas pela capacidade de os oceanos, florestas e outros sumidouros as reabsorverem-no princípio da década de 2050.
Para conter o aquecimento nos 2ºC, a meta é o início da década de 2070, mas mesmo nesse cenário, será preciso que o ponto máximo das emissões seja atingido até 2025, o mais tardar, e estas sejam reduzidas em 25% até 2030.
Um dos principais obstáculos, salienta o painel, é a falta de investimento na descarbonização, demonstrando que o financiamento é “três a seis vezes inferior” ao que seria preciso até 2030 para limitar o aquecimento abaixo dos 2ºC, apesar de haver “capital global e liquidez suficiente” para preencher o que falta.
Para isso, contudo, é preciso “sinais claros dos governos e da comunidade internacional”, alinhando “o setor financeiro público e a políticas” com o objetivo de investir mais em energias com menos emissões e eficiência energética.
O painel nota ainda que desde 2010, os custos associados à energia de fontes solares, eólicas e às baterias “baixaram até 85% e há cada vez mais políticas e leis” concentradas em fazer aumentar a eficiência energética, reduzir a desflorestação e acelerar a adoção de energias renováveis.