Diário de Notícias
Secretário de Estado da Economia diz que empresas “estão prontas para aproveitar a nova evolução positiva do consumo”.
O governo vai em breve lançar um aviso de candidatura ao Sistema de Incentivos à Inovação Verde, com base em verbas do REACT-EU, a iniciativa da Comissão Europeia de Assistência à Recuperação para a Coesão e os Territórios da Europa que pretende “lançar as bases para a recuperação pós-covid-19”. A informação foi avançada ao DN/Dinheiro Vivo pelo secretário de Estado Adjunto e da Economia, à margem da visita às empresas portuguesas presentes na Micam, a feira de calçado de Milão, que começou ontem.
“O próximo concurso que iremos lançar é esse, exclusivamente para as questões da eficiência na utilização de recursos e das alterações nos processos e sistemas de produção visando responder às alterações climáticas”, explicou, escusando-se a avançar com informações sobre os montantes envolvidos. Inquirido sobre os apoios ao investimento, João Neves lembrou que termina hoje, dia 20, o prazo para as candidaturas ao Sistema de Incentivos à Inovação Produtiva, destinados a apoiar projetos individuais de investimento produtivo em atividades inovadoras. Com uma dotação orçamental total de 400 milhões de euros, dos quais 145 milhões reservados aos territórios de baixa densidade, esta constitui a última fase de candidaturas ao Portugal 2020.
Com os fundos do atual quadro comunitário totalmente comprometidos, a aposta agora do governo é garantir que a passagem para o Portugal 2030 não tenha quebras. “É esse o cerne da nossa preocupação”, garante João Neves. O próximo quadro financeiro plurianual está ainda a ser desenhado, mas o governante reitera que o objetivo é reforçar as dotações das diferentes formas de internacionalização, quer de canais de promoção física quer iniciativas de estabelecimento de empresas com redes comerciais, “componente absolutamente essencial” para permitir às empresas e à economia nacional crescer.
Questionado pelos jornalistas sobre o risco de, acabando as ajudas especiais à pandemia, as empresas não resistirem, João Neves é perentório e diz que esses instrumentos foram determinantes para “manter a capacidade produtiva das empresas e limitar ao mínimo a redução de trabalhadores”, no entanto acredita que é tempo de avançar. “Fomos prolongando os apoios à medida da evolução da situação epidêmica e estamos hoje a ver do ponto de vista da evolução económica sinais positivos.
Não limitámos os apoios quando a situação era difícil. Agora estamos a passar para outro tipo de apoios, sobretudo ao investimento, quer em meios de produção quer em promoção internacional, e é aí que nos vamos concentrar”, diz. Para ele, é preciso dar um sinal aos mercados internacionais de que as empresas portuguesas “aguentaram este período difícil e estão prontas para aproveitar a nova evolução positiva do consumo”. Luís Onofre concorda, embora admita que só em 2023 se assistirá a uma retoma efetiva do setor.
Aliás, o presidente da APICCAPS lembra que em 2019 já as exportações de calçado caíram, sendo preciso recuar a 2017 para encontrar o melhor ano de sempre da indústria, com vendas ao exterior no valor de 1956 milhões de euros. Em 2020 ficaram-se pelos 1497 milhões. Foram quase 500 milhões perdidos em três anos. Na Micam estão 34 expositores portugueses, bastante menos do que é era habitual antes da pandemia. Entre eles estão duas empresas pela primeira vez na feira de Milão: a My Cute Pooch, marca de malas e acessórios, e a Hugo Manuel , de calçado clássico de homem, ambas de Felgueiras.