Ambiente Magazine
“O impacto ambiental dos Resíduos Invisíveis” foi o tema central do webinar realizado esta quarta-feira pelo município de Sintra e pelos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Sintra (SMAS de Sintra).
Para falar sobre a “Estratégia de Sintra para os Biorresíduos”, foi convidado Carlos Vieira, diretor-delegado dos SMAS de Sintra, que apresentou o projeto-piloto “Bio-Resíduos demasiado bons para desperdiçar”, que arrancou em 2020 e, que, agora é um projeto de continuidade até 2023.
No sucesso do projeto, estão vários pontos que mereceram a atenção do responsável. Um deles está na articulação entre as entidades em baixa e em alta: “Estamos a falar da Tratolixo, que é entidade em alta e dos quatro municípios associados, que são em baixa. Este projeto só pode ser um projeto de sucesso se estas quatro entidades em baixa estiverem coordenadas com a entidade em alta”. Neste sistema, não serve apenas “recolher” os biorresíduos: “Temos de ter uma forma coerente de os tratar e eliminar a hipótese do aterro”. Outro ponto centra-se na “colocação dos sacos de biorresíduos” no indiferenciado o que, segundo o responsável, é uma da mais valias do projeto: “A forma como iniciamos o projeto de recolha de biorresíduos é muito pouco intrusiva, relativamente à forma como as pessoas em casa depositam os seus resíduos, ou seja, não existem horas ou dias específicos para colocarem os resíduos”. Também a questão do “espaço público com o mesmo número de contentores”, a “manutenção dos atuais circuitos de recolha” ou a “manutenção dos recursos humanos e materiais” são pontos que tornam o projeto seguro e firme.
Neste momento, o projeto já tem uma “adesão bastante significativa” e tem a meta de “abranger mais de 25 mil famílias”, o equivalente a “75 mil pessoas”, até 2022, abrangendo toda a área urbana do concelho de Sintra. Até 2023, o objetivo é alcançar todo o concelho, ou seja, mais de 90 mil pessoas.
No âmbito do projeto foi lançada uma candidatura ao POSEUR que, caso seja aprovada, vai “ajudar a reforçar a capacidade de financiamento” do sistema, nomeadamente na antecipação de ações previstas. No entanto,o diretor-delegado dos SMAS de Sintra deixou bem claro que, independente de ser ou não aprovada, o projeto vai continuar.
Associado à estratégia do município, está também, um outro projeto de implementação de biorresíduos no canal HORECA e nos espaços de ensino mas numa lógica diferente: “A produção neste tipo de estabelecimento é muito mais intensa e, por isso, estamos a fazer uma solução de recolha porta-a-porta com contentorização própria de maior capacidade” quer para a restauração, quer para os espaços de ensino. Em 2021, pretende-se que este sistema tenha um alcance de até 300 estabelecimentos, refere o responsável.
Sintra produz 170 mil toneladas de resíduos por ano
Com o projeto de biorresíduos levado a cabo no município, Carlos Vieira destaca que o grande objetivo é, assim, aumentar a “capacidade adicional de reciclagem de resíduos alimentares em cerca de 10 mil toneladas” e, ao mesmo tempo, a “diminuição da quantidade de RUB depositada em aterro”. Segundo o responsável, Sintra produz “170 mil toneladas de resíduos por ano”, sendo que uma parte são “resíduos reciclados e valorizados”, mas uma “parte significativa” vai para incineração ou aterro.
A compostagem doméstica e comunitária faz também parte do leque de ações previstas: “Em 2020, iniciamos a entrega de 300 compostores domésticos. Foi um projeto com grande adesão onde tivemos mais candidatos que compostores”, afirma. Para 2021, serão distribuídos “mais 600 compostores domésticos” e, iniciar a instalação de “mais 100 compostores comunitários”. Pretende-se que, numa primeira fase, sejam instalados nas “hortas sociais” e, depois, será para “iniciar outro tipo de projetos” com a comunidade local e escolas para a colocação de “compostores comunitários”.