Eco.sapo.pt
Em plena Semana Europeia de Prevenção de Resíduos, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática lançou a campanha “Não Deixes Cair a Máscara”. Por mês, são usadas no país 150 milhões de máscaras.
Os números são avassaladores. De acordo com as mais recentes estimativas, são usadas e deitadas fora em Portugal, todos os meses, 150 milhões de máscaras descartáveis. Feitas de polipropileno (o mais leve de todos os termoplásticos), cada uma destas máscaras necessita de 300 a 400 anos para se degradar.
Se apenas 1% destas 150 milhões de máscaras forem descartadas incorretamente para o chão, além do risco para a saúde pública, cerca de seis toneladas de plástico acabarão no solo, cursos de água e no mar.
Mas há mais. O Governo estima ainda que, se considerarmos que todos os alunos (desde o 2.º ciclo ao ensino superior) optam por utilizar máscara descartável em vez de máscara reutilizável, no final do ano letivo, o conjunto de máscaras utilizadas será suficiente para ocupar uma área equivalente a sete vezes a área do nosso território nacional (continente e ilhas), dar 1,6 voltas à Terra ou encher 2,5 piscinas olímpicas.
Foi a pensar nestes números que, em plena Semana Europeia de Prevenção de Resíduos, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática lançou a campanha “Não Deixes Cair a Máscara”.
Promover o uso de máscaras reutilizáveis em detrimento das descartáveis, evitando a produção de resíduos, e sensibilizar para a correta deposição de máscaras descartáveis, assegurando que são colocadas no contentor dos indiferenciados, são os principais objetivos da campanha, que teve início esta terça-feira, 24 de novembro.
Com um público-alvo preferencial — a população em idade escolar — reconhecida pela sua forte consciência ambiental, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática espera sensibilizar um conjunto de pessoas mais alargado: pais e famílias, professores e outros elementos da comunidade escolar.
Nas próximas semanas, o movimento #NãoDeixesCairaMáscara será difundido em vários meios de comunicação, através de um spot televisivo e de rádio, da presença online e em redes sociais.
No site da iniciativa e no Instagram serão partilhadas informações sobre a prevenção de produção de resíduos e todos os designs exclusivos criados para esta campanha, para utilização livre das instituições e empresas que queiram juntar-se a esta ação e a este movimento.
A campanha apela ao uso de máscaras reutilizáveis “made in Portugal” por forma a contribuir para dinamizar a economia local e a promover a criação de emprego. “Já imaginaste como podemos também reduzir a pegada carbónica da nossa máscara, com esta decisão?”, questiona, sublinhando: “Sabemos que uma opção sustentável implica a geração de benefícios ambientais, sociais e económicos. Mais do que nunca, opta por máscaras ambientalmente responsáveis, procura perceber a composição (se apresenta por exemplo materiais reciclados, recicláveis, biodegradáveis e/ou orgânicos), a origem da matéria-prima, o local e o modo de fabrico, e a garantia de respeito pelos direitos humanos.”
Financiada pelo Fundo Ambiental, a campanha foi apresentada pela secretária de Estado do Ambiente, Inês Santos Costa, que afirmou que as máscaras reutilizáveis são “completamente seguras” na proteção que conferem das gotículas através das quais se pode transmitir o novo coronavírus e que as máscaras cirúrgicas na população em geral devem ser reservadas para pessoas “com problemas de saúde específicos que exijam a sua utilização”.
O Governo apelou assim ao uso de máscaras respiratórias reutilizáveis para reduzir os custos ambientais das descartáveis, que podem representar seis toneladas de plástico a ir parar aos mares todos os meses, só a partir de Portugal. As reutilizáveis são “uma barreira de segurança fiável para o dia-a-dia” desde que lavadas e tratadas, disse ainda.
A governante referiu que a nível mundial estão a ser usadas “120 mil milhões de máscaras descartáveis todos os meses” e que em Portugal, onde o uso de máscara no exterior foi tornado obrigatório pelo Governo quando não haja condições para manter o distanciamento físico entre as pessoas, esse número rondará “150 milhões” mensalmente.
“Se 1% for depositado incorretamente [fora dos contentores de lixo indiferenciado], são seis toneladas de plástico a entrar nos nossos solos, rios, ribeiros e no nosso mar todos os meses”, afirmou.
A secretária de Estado afirmou que foi pessoalmente andar na rua para ver se encontrava máscaras no chão e se deparou com uma situação “aflitiva, com máscaras às dezenas em parques de estacionamento, em canteiros, levadas pelo vento, abandonadas a escassos metros dos caixotes de lixo”.
“Com as máscaras reutilizáveis demonstramos a nossa preocupação com o ambiente. Poupamos o ambiente de toneladas de resíduos produzidos e que, à data, não têm reciclagem possível e vão para aterro ou são queimadas – uma máscara reutilizável pode significar até menos 95% de resíduos, quando comparada com uma máscara descartável. Evitamos a emissão adicional de toneladas de CO2, que decorrem da produção e transporte de enormes quantidades de máscaras descartáveis – o uso de máscaras reutilizáveis pode representar 10 vezes menos emissões de CO2 quando comparadas com as descartáveis“, frisa ainda a campanha #NãoDeixesCairaMáscara.
Nas negociações para o Orçamento do Estado, o Governo aprovou a proposta do PAN para a realização em janeiro de 2021 de uma nova campanha de informação nacional multimeios, junto de canais com maiores níveis de audiência, sobre a correta prática de deposição de resíduos utilizados para prevenção da Covid-19, no contexto da atual crise sanitária, bem como de prevenção da produção dos mesmos, nomeadamente, através do uso de máscaras reutilizáveis.
A proposta inclui ainda a criação e regulamentação, até março de 2021, de um novo circuito de gestão de resíduos que vise a recolha e tratamento de máscaras descartáveis.