Jornal de Negócios Online Portugal gastou dois terços das verbas comunitárias disponíveis até 2020 para a área dos resíduos e apenas conseguirá mais 6% de reciclagem, diz a associação ambientalista Zero em comunicado hoje divulgado. Nas contas da associação, analisando os dados disponibilizados pela Autoridade de Gestão do Programa Operacional para a Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR), Portugal já alocou dois terços das verbas, 206 milhões, conseguindo “que o volume estimado de resíduos encaminhados para reciclagem seja de apenas mais 218 mil toneladas/ano, o que equivale a 6% do total dos recicláveis presentes nos resíduos urbanos”.A Zero fala de “más opções políticas nos investimentos públicos na área dos resíduos” e alerta que, quando existem ainda cem milhões de euros das verbas disponíveis até 2020, o país está a investir em actividades que impedem a economia circular, como a incineração de resíduos, exemplificada na central de incineração da ilha de S. Miguel, Açores.A melhor opção de investimento, a opção inevitável, diz a Zero é a generalização da recolha porta-a-porta, incluindo resíduos orgânicos, e a “fusão da actividade de recolha dos recicláveis com a recolha dos resíduos diferenciados”.Conclui a associação que a verba ainda disponível do total de 308 milhões de euros deve ser dirigida para a promoção da recolha porta-a-porta, e para a promoção da compostagem doméstica, comunitária e centralizada.O esforço deve também ser dirigido para a dinamização de iniciativas de recuperação de embalagens, com recurso a sistemas de tara recuperável.A Zero lembra também que as metas de reciclagem aprovadas na União Europeia (55% em 2025, 60% em 2030 e 65% em 2035) “não deixam qualquer margem para desvio de verbas públicas para projectos ligados à incineração ou co-incineração de resíduos”.