O Jornal Económico Online As alterações climáticas têm custos astronómicos para a economia. Segundo contas da Comissão Europeia as inundações causaram prejuízos económicos diretos que excederam os 90 mil milhões de euros. O setor dos seguros, agricultura ou turismo são fortemente afetados.As cidades e as linhas costeiras poderão voltar a ser planificadas, sobretudo as zonas que já foram conquistadas pelo mar. António Sarmento As alterações climáticas afetam todas as regiões do mundo. As calotas polares estão a derreter e o nível do mar está a subir. Em algumas regiões, os fenómenos meteorológicos extremos estão a tornar-se cada vez mais comuns e a pluviosidade está a aumentar, enquanto, noutras, as vagas de calor e as secas estão a agravar-se. Filipe Duarte Santos, professor da Faculdade de Ciências na Universidade de Lisboa e doutorado em Física Nuclear Teórica pela Universidade de Londres, explica que os impactos económicos resultam de três factores: exposição desse sistema ao clima, sensibilidade ao clima e capacidade de adaptação. “A indústria seguradora é dos setores que mais vai sofrer. Não só aumenta a temperatura média global como a intensidade dos fenómenos externos cheias, inundações, secas, ciclones tropicais ou tornados”, explica ao Jornal Económico. Por exemplo, a Munich Re, uma das maiores resseguradoras do mundo, e tem um dos maiores departamentos de clima do mundo. Segundo dados da Comissão Europeia, entre 1980 e 2011, as inundações afetaram mais de cinco milhões e meio de pessoas e causaram prejuízos económicos diretos que excederam os 90 mil milhões de euros. No ano passado, o setor segurador português foi chamado a indemnizar o maior volume de prejuízos de sempre, especialmente por causa dos fogos. O presidente da Associação Portuguesa de Seguradores, Galamba de Oliveira, apela aos cidadãos para estarem mais atentos às coberturas dos seguros, e para atualizarem os valores cobertos. Os setores fortemente dependentes como a agricultura, a silvicultura, a energia e o turismo são particularmente afetados. Filipe Duarte Santos destaca ainda os efeitos da falta de precipitação em toda a zona do mediterrâneo por exemplo, em Portugal diminuiu 40 milímetros por década desde os anos 60. Este mês, a Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA) reclamou medidas excecionais e imediatas do Governo para ajudar os agricultores da região a enfrentar o “aumento insustentável de prejuízos acumulados” devido à seca. No setor pecuário, alertam, além da “escassez de água” para os animais beberem, “as reservas de palha e feno para o gado ou já se esgotaram ou estão quase a esgotar-se e as pastagens naturais não existem”. Já na área do regadio, “o prolongado período de seca extrema fez disparar as despesas relacionadas com o consumo de água e energia”. Outro dos fatores a ter em conta é o cumprimento do principal instrumento mundial de luta contra as alterações climáticas que visa evitar um aquecimento global superior a 2 graus celsius. O acordo foi assinado em dezembro de 2015 durante a conferência das Nações Unidas sobre o clima (COP21) em Paris por 195 países, mais a União Europeia (UE), após vários anos de duras negociações. Continuar a ler O Acordo de Paris “é um exemplo desvantajoso para os Estados Unidos”, disse na altura o presidente norte-americano, Donald Trump, considerando o tratado como sendo pouco exigente para com a China e a Índia. No entanto, o presidente dos Estados Unidos estará disposto a assinar o Acordo de Paris sobre o clima, mas apenas se incluir “alterações importantes”. “Há companhias de seguros que vão aumentar o prémio dos seguros ou deixar de segurar certos bens”, avisa Filipe Duarte Santos. O que vai acontecer ao clima? O mau tempo que se tem feito sentir um pouco por todo o país e os fenómenos mais extremos são consequência das alterações climáticas. O especialista Filipe Duarte Santos explica que “devido ao aquecimento da atmosfera, o ar contém mais vapor de água. Tendo mais vapor de água, torna-se mais energético, por isso, quando chove há tendência a chover grandes quantidades, e isso tem associado um risco de inundação e de cheias”. Ou seja, a frequência da precipitação está a diminuir, mas a tendência é que venha a chover com uma intensidade cada vez maior. Em relação à seca que se tem feito sentir em Portugal, o professor deixa o alerta: “As secas estão-se a tornar m