I O acordo de ontem é “para dar uma folga e um tempo”. Marcelo quer que os dois lados se esforcem mais Um acordo feito para ver se é possível fazer um acordo: foi assim que o Presidente da República reagiu ao anúncio de que Portugal e Espanha já tinham chegado a um entendimento sobre a central nuclear de Almaraz.”Vamos esperar, vamos esperar. Este acordo é um acordo para dar tempo para se chegar a um acordo. É um acordo preliminar para dar uma folga e um tempo para ver se é possível um acordo”, disse o Presidente ontem em Lisboa.A Comissão Europeia anunciou ontem que Portugal e Espanha tinham encontrado uma “resolução amigável” para o conflito aberto entre os dois países por causa da central nuclear de Almaraz.Na opinião do Presidente da República, todos ganhariam, do lado português e do lado espanhol, se fossem unidos “os esforços para conseguir o acordo definitivo”. “E aí penso que os dois governos, os partidos de um lado e de outro que têm influência – quer no governo, quer na oposição -, podem e devem ajudar porque há partidos diferentes nos governos dos dois países que têm parceiros noutros partidos do outro país que deviam juntar esforços a ver se é possível transformar este acordo para permitir um acordo num acordo definitivo”, defendeu Marcelo.Numa declaração conjunta do presidente da Comissão e dos chefes de governo de Portugal e Espanha, divulgada em Bruxelas, é apontado que “Espanha e Portugal comprometem-se a encetar um diálogo e um processo de consulta construtivo com vista a alcançar uma solução para o atual litígio sobre a construção de um aterro de resíduos nucleares na central nuclear de Almaraz”.O acordo prevê uma visita conjunta à central de Almaraz, com a participação da Comissão Europeia, que deve acontecer nos próximos dias. Só depois dessa visita é que será decidido se Espanha avança ou não com o pedido de autorização para que a central continue a funcionar. Entretanto, os dois próximos meses foram estabelecidos como sendo o período para troca de informações entre os dois países. O acordo amigável é subscrito por Mariano Rajoy, António Costa e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.Apesar do acordo “para chegar a acordo”, como lhe chamou Marcelo, o ministro dos Negócios Estrangeiros não deixou cair a possibilidade de apresentar uma queixa em Bruxelas contra Espanha. “Se for necessário, ativaremos o procedimento em Bruxelas”, disse o ministro. “A legislação comunitária em matéria ambiental é clara e os procedimentos para que seja cumprida serão ativados”, concluiu.As associações ambientalistas protestaram ontem contra o acordo de princípio. O partido Os Verdes disse que “o acordo é bom, mas é insuficiente”. “Não dá garantias”, afirmou Heloísa Apolónia.