Jornal de Notícias Efluentes serão transportados em camiões-cisterna para serem usados em rega, lavagens ou utilizações industriais. Plano para as 50 maiores estações do país pronto no final deste ano As 50 maiores estações de tratamento de águas residuais (ETAR) do país vão poder vender os efluentes tratados para utilizações em que não é necessária água da companhia, como a rega, a lavagem de espaços ou utilizações industriais. Os efluentes reciclados serão transportados em camiões-cisterna. O Ministério do Ambiente está a elaborar um plano para o reaproveitamento das águas residuais, que ficará concluído no final deste ano.Cerca de 2% dos milhões de metros cúbicos de água residual tratada que saem das ETAR são aproveitados para rega, limpeza de pavimentos e abastecimento de redes de incêndio e de sistemas de refrigeração de edifícios. A vontade do Governo é aumentar essa percentagem, permitindo que os municípios reutilizem esses caudais em tarefas camarárias e possam vendê- -los, também, a privados a preços mais baixos do que a água potável.”Boa parte da lavagem das ruas e da rega dos jardins poderá ser feita com essas águas tratadas. O ideal é que, com o tempo, vá sendo construída uma rede” para levar os efluentes aos pontos das cidades onde poderão ser reutilizados, explica o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, ao JN. Nesta fase inicial, o transporte das ETAR até ao destino de uso será assegurado por camiões-cister- na. A estratégia nacional está a ser preparada numa perspetiva de oferta e de procura.O governante acredita que a generalidade das 50 maiores ETAR do país terá clientes para a água reciclada. Ainda assim, admite que uma ou outra estação possa não ter oportunidade de negócio. Nesses casos, “não faz sentido imposições. Só faz sentido fazer os investimentos para melhorar o tratamento se houver quem utilize essa água. Serão sempre pequenos investimentos que ficarão a cargo das entidades gestoras” das ETAR, ressalva. A reutilização das águas residuais tratadas poderá obrigar a investir na melhoria do tratamento, por exemplo para eliminar por completo os coliformes fecais, ficando a água quase potável. LISBOA JÁ REUTILIZALisboa é uma das poucas cidades do país que já reutilizam a água residual tratada. Em junho de 2009, o município começou a lavar as principais artérias com esses efluentes. Os camiões- -cisterna que enchem os depósitos nas estações de tratamento de Alcântara e de Cheias garantem a lavagem de eixos fundamentais, como as avenidas da Liberdade, Fontes Pereira de Melo, República, 24 de Julho e Almirante Reis.Aliás, a ETAR de Alcântara já possui uma pequena rede, que permitirá levar a água reciclada da estação pela frente ribeirinha até à Praça do Comércio. De acordo com fonte do gabinete do vereador do Ambiente, a Câmara aguarda pelas autorizações da Agência Portuguesa do Ambiente e da Direção-Geral da Saúde para utilizar esta rede. A estratégia municipal é expandi-la, colocando as condutas de águas residuais tratadas nos grandes coletores de esgoto e criando, assim, uma terceira rede na capital: a de água potável, a de saneamento e a de água reciclada. BOCAS DE ÁGUA ROSAAs bocas de saída de água reciclada serão semelhantes às de incêndio, mas com uma nova cor definida a nível europeu: rosa-fúcsia. Com uma rede em funcionamento, a limpeza será mais fácil, dispensando os camiões. Bastará ligar as mangueiras. Também os aspersores nos jardins que passem a ser regados com os efluentes terão essa cor, para além de sinalização a avisar a população de que a água não é potável. Para já, o primeiro teste foi feito do relvado do Rock-in-Rio. Porém, o município espera por autorização para usar a água reciclada na rega de espaços no Parque das Nações e na zona de Alcântara.» Falta legislação para definir parâmetros da água recicladaO reaproveitamento das águas residuais tratadas esbarra na falta de legislação nacional, que defina os parâmetros dos efluentes para que possam ser aproveitados sem consequências para a saúde pública. Atual- mente, as situações em que tem havido reaproveitamento dependem de autorizações específic