Água & Ambiente 05-12-15 A reestruturação do Grupo Águas de Portugal, a privatização da EGF ou o Compromisso para o Crescimento Verde fazem naturalmente parte do balanço de 2015, realizado por representantes de diferentes áreas do ambiente e energia a convite do Água&Ambiente, ainda que haja visões diferentes sobre quais foram os aspectos positivos e negativos do ano que agora termina. Para 2016… há esperança, como sempre. AGUA> Jaime Melo BaptistaInvestigador do Laboratório Nacional de Engenharia CivilBALANÇO 2015 Tenho um sentimento misto em relação ao balanço do ano que está a terminar. 2015 foi marcado pela fusão dos sistemas multimunicipais de águas e, mais recentemente, pela eventualidade da sua reversão.Pelo lado positivo, refiro a maior integração dos serviços em alta, obtendo economias de escala e maior uniformização tarifária, bem como uma visão refrescante, menos centrada na realização de infra-estruturas e mais focada na gestão dos activos e na qualidade dos serviços.Pela negativa, aponto a insuficiência de diálogo contínuo e franco sobre as fusões, com a desnecessária conflitualidade. Refiro também a insuficiente procura do ponto óptimo das economias de escala, com uma solução mais ditada por trade-offs diversos do que pela optimização dos benefícios para a sociedade. Alterações estruturais como esta devem estar técnica, legal, económica e socialmente bem sustentadas e serem evidenciadas perante todos. Não basta comunicar decisões, é necessário saber envolver, escutar e negociar.PERSPECTIVA 2016 O próximo ano pode ser marcado pela anunciada reversão das fusões de empresas de água. Tudo é alterável, mas considero essencial avaliar as suas mais e menos-valias, para não termos de pagar mais erros. Convém reavivar a memória. Há duas décadas, a situação portuguesa era inaceitável face às expectativas da população e às ambições de desenvolvimento do País. A importância dos serviços de águas levou à reorganização do sector, com uma estratégia a médio prazo materializada em quatro gerações de planos, a última das quais recentemente aprovada. Um dos factores para o sucesso alcançado foi a estabilidade temporal desta política, apesar da rotação de partidos no Governo, com diferentes opções políticas. Pesem embora naturais adaptações de percurso, a estratégia manteve-se estável e con- centrámo-nos na sua implementação. Não devemos perder-nos em avanços e recuos. Tenho a esperança de que prevaleça o bom senso.> Francisco de Mariz MachadoPresidente da AEPSA – Associação das Empresas Portuguesas para o Sector do AmbienteBALANÇO 2015 O ano foi marcado pelo movimento de agregação dos sistemas multimunicipais do grupo Águas de Portugal, o que absorveu muitas energias daquele grupo durante muito tempo. Como consequência, o dinamismo do mercado ressentiu-se, tendo-se observado bastante apatia no lançamento de concursos e oportunidades. Do lado dos municípios, esperava que a necessidade de captar os fundos comunitários tivesse levado a um maior dinamismo na preparação de projectos. Os últimos meses do ano, face ao período eleitoral, agravaram a apatia do sector, continuando assim a verificar-se uma sistemática redução das oportunidades de negócio para as empresas, o que as impede de dispor de uma base que sustente a sua internacionalização. A insistência em praticar va- lores-base reduzidíssimos em concursos públicos, aliada ao critério de adjudicação ao mais baixo preço, retira enorme valor ao sector e impede que as empresas portuguesas possam inovar, investir e internacionalizar-se.Como pontos altos, considero muito interessante a iniciativa do Compromisso para o Crescimento Verde e a entrada em pleno vigor da regulamentação do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (PO SEUR), os quais, cada um por seu lado, abrem caminho à concretização de investimentos significativos no sector. A falta de dinamismo acima referida, a par da degradação dos preços praticados em concursos públicos, conta como principal ponto baixo. ENERGIA> António Sá da CostaPresidente da APREN – Associação Portuguesa de Energias RenováveisBALANÇO 2015 Considero que a publicação do Compromisso para o Crescimento Verde, assinado por 80 entidades, foi um marco em 2015, pois define estratégias duma política de baixo carbono e custo-eficiente. Não obstan