Observador
Galp pára a maior refinaria do país, a de Sines, por um mês, a partir de 4 de maio. Capacidade para armazenar produto está a esgotar-se. Empresa garante que paragem não terá impacto nos funcionários.
A Galp vai parar a produção na refinaria de Sines a partir de 4 de maio e durante um mês, este é o período expetável da paragem, segundo fonte oficial da empresa. Ao Observador, a mesma fonte justifica esta decisão com o facto de a capacidade de armazenagem estar “a atingir rapidamente o seu limite”.
A empresa assegura que esta paragem planeada não terá impacto nas pessoas afetas à refinaria da Galp, estando assegurado o abastecimento das necessidades de mercado. Esta paragem já está a ser planeada e resulta também das exigências de segurança no que diz respeito às restrições técnicas que afetam a operação.
A Galp adianta que a pandemia “criou constrangimentos no mercado nacional e internacional” que a forçaram a ajustar o aparelho refinador que começou pela paragem da refinaria de Matosinhos, como o Observador avançou.
A paragem de uma das maiores unidades industriais do país, e uma das principais exportadoras, é conhecida no dia em que se verificou um mergulho inimaginável nas cotações do petróleo em Nova Iorque para valores negativos. E o que está a deitar abaixo as cotações é precisamente a falta de capacidade dos produtores para armazenas mais produto. Os Estados Unidos são o maior produtor, mas também o consumidor mundial, de petróleo.
O Brent que serve de referência a Portugal estava a negociar na casa dos 20 dólares por barril. No caso da petrolífera portuguesa, a atividade industrial é afetada pela queda do consumo no mercado doméstico, mas também pela derrocadas das exportações, nomeadamente de gasolina, para o mercado norte-americano.
“O prolongamento do estado de emergência, com a imposição de medidas extremas de contenção, quarentenas cada vez mais restritivas e a paralisação da maioria das atividades económicas, estão a criar restrições operacionais severas, causando, inclusive, interrupções na cadeia de abastecimento, em particular por não ser possível escoar os produtos produzidos”, sublinha a Galp na resposta dada ao Observador.
A empresa sublinha que este quadro interfere e impõe “restrições técnicas à operação das refinarias da Petrogal, cuja capacidade de armazenamento está a atingir rapidamente o seu limite. Estas unidades exigem níveis técnicos mínimos para operar, por força da produtividade mínima do equipamento produtivo, sem afetar a integridade dos ativos e a segurança de pessoas e do ambiente”. Daí que, justifica a Galp, será necessário suspender “temporariamente a operação da generalidade dessas instalações a partir de 4 de maio de 2020, por um período expectável de um mês”.
A refinaria de Sines é objeto de paragens de manutenção planeadas e regulares, a cada dois/três anos, mas será a primeira vez que vai parar por não ter mercado onde vender os produtos refinados.