A tecnologia pode ser colocada ao serviço da gestão de resíduos, nomeadamente a de “blockchain”, catapultando a economia circular. “No caso da tecnologia de blockchain a principal vantagem será a rapidez e segurança na transmissão de informação entre os operadores e os seus clientes – seja na compra, seja na venda dos resíduos – tornando os processos mais ágeis”, destaca a Renascimento – Gestão e Reciclagem de Resíduos.
Todos os movimentos – desde a rece- ção do material, tratamento até à sua valorização ou destruição, caso a reciclagem não seja uma hipótese – ficam registadas. “Isto permitirá, depois, identificar, muito mais facilmente, quem faz o quê, como o faz ou quem não cumpre”. A Renascimento nota que a aplicação da tecnologia de blockchain à gestão de resíduos, também permitirá uma melhor distribuição dos resíduos e materiais pelos operadores, gravando todas a transações sem que haja uma instituição central a controlar toda a informação. Os processos tornam-se mais transparentes.
“Com a introdução de cada vez mais leis e objetivos a cumprir, cada vez mais rígidos, a necessidade de satisfazer os standards impostos é cada vez maior até porque as multas por incumprimentos também são cada vez altas”, realça a empresa.
Uma forma de motivar pessoas e empresas a triar os seus resíduos, por intermédio da tecnologia de blockchain, pode ser, por exemplo, a oferta ou troca de criptomoedas pelos resíduos rececionados. “Moedas essas que podem depois ser trocadas por objetos reais”, como brindes, exemplifica. O presidente da direção da AEPSA (Associação de Empresas Portuguesas para o Setor do Ambiente), Eduardo Marques, mostra-se otimista quanto às potencialidades desta tecnologia que funciona por blocos de informação que se vão acumulando cronologicamente, registando os elementos pretendidos relativos a cada movimento ou transação sucessivos, permitindo disponibilizar a cada interveniente – de acordo com a abrangência ou limitação que a respetiva chave de acesso lhe faculte – os elementos registados desde a origem, e sem necessidade de recurso a qualquer processo ou agente de intermediação.
“O blockchain irá tornar o processo de recolha de informação para reporte ao regulador mais eficiente e menos oneroso, respondendo à exigência de um maior rigor e transparência no reporte das operações realizadas, para assegurar um controlo efetivo do mercado. No setor dos resíduos esta tecnologia permite todo o rastreamento online, desde a produção até ao tratamento e destino final dos resíduos, impedindo a deposição ilegal e a atuação de empresas não autorizadas/licenciadas”, evidencia. Eduardo Marques considera que esta nova ferramenta tem um expressivo potencial de aplicação nos resíduos dos grandes produtores industriais, comerciais e institucionais até porque “já existe em Portugal uma base obrigatória de registo e movimentação para todos os agentes intervenientes”. No entanto, avisa, esta ferramenta de tecnologia de blockchain aplicada no setor dos resíduos urbanos implicará inevitavelmente mudanças no atual modelo de gestão – institucional e técnico – uma vez que conduzirá à criação de soluções e processos, em toda a cadeia de valor e ciclo de vida dos resíduos. A AEPSA está atenta à transformação digital e aos desafios que se colocam às empresas e que decorrem da possibilidade de recolha, transmissão e tratamento de grandes quantidades de dados nas “Smart Cities”. “No setor dos resíduos é possível falar da introdução de chips nos contentores que possibilitam o acesso a informação qualitativa e quantitativa dos resíduos depositados o que permite uma maior eficiência de recolha, pois os contentores estarão aptos para a melhoria do serviço prestado”, exemplifica,