AINDA VAMOS A TEMPO SALVAR O PLANETA?
Para a cimeira do clima que hoje começa, António Guterres pede aos líderes mundiais “planos concretos e não “palavras bonitas”. O / explica-lhe o que está em cima da mesa, os cenários catastróficos que se prefiguram para 2050 e como a desertificação pode ser combatida em Portugal. Damos-lhe ainda dez sugestões para ajudar o ambiente e mostramos as ideias mais ousadas para salvaguardar a vida na Terra.
Alterações climáticas. Dos “discursos bonitos” até aos “planos concretos”
As metas do Acordo de Paris dependem de cada país. E muitos não se querem comprometer.
Durante a preparação da Cimeira Climática das Nações Unidas, que começa hoje em Nova Iorque, o secretário geral da ONU, António Guterres, pediu aos líderes mundiais: “Não venham para a cimeira com discursos bonitos. Venham com planos concretos. E estratégias para atingir a neutralidade carbónica em 2050”. Ou seja, diminuir as emissões de C02 até ao ponto que sejam compensadas pela absorção de carbono pelos chamados sumidouros naturais – como a floresta e o solo. Num momento em que a expressão “emergência climática” se tornou comum no debate político em todo o mundo, é esperado que entre 60 e 100 paises correspondam às expectativas de Guterres, incluindo Portugal (ver texto ao lado). Contudo, a maioria deles são pequenos países, enquanto boa parte dos principais países emissores de gases com efeito de estufa continuam longe do pretendido – como é o caso de pesos pesados como o Brasil, Arábia Saudita, África do Sul e os Estados Unidos.
As exigências ambiciosas de Guterres tornaram-se necessárias dado que os compromissos de cada país no acordo de Paris foram estabelecidos pelos próprios – significando que, em muitos casos, mesmo que as metas sejam cumpridas, isso não chega. Aliás, se o objetivo do acordo era um corte das emissões que limitasse o aquecimento global a um máximo de 1,5BC – para a evitar consequências “potencialmente catastróficas” de um aumento superior, segundo os cientistas (ver página 19) – o total dos compromissos feitos nem consegue refrear o aumento global de temperatura para valores inferiores aos 2SC.
É nessas circunstâncias que estão muitos países europeus – tendo a União Europeia sido impedida de se comprometer como um todo com a neutralidade carbónica em 2050 pelo veto de países do chamado pacto de Visegrado, como a Polónia, República Checa e Hungria. “Porque é que havemos de decidir 31 anos antes do tempo o que acontecerá em 2050?”, questionou o primeiro-ministro checo, Andrej Babis.
Contudo, apesar da forte oposição de alguns países, tem sido apontado um crescente apoio aos esforços contra o aquecimento global entre os líderes europeus. Algo que coincidiu com o grande crescimento dos Verdes nas eleições europeias, em maio – que parece ter alertado os dirigentes políticos para as crescentes preocupações ambientais dos seus eleitores. Se um diplomata europeu contou ao The Guardian que em março os líderes europeus estavam “muito divididos” quanto ao assunto, em junho a esmagadora maioria apoiou os planos de des- carbonização. “Esta é uma excelente oportunidade”, assegurou na altura o primeiro-ministro da Letónia, Krisjanis
Karins, dirigindo-se aos restantes líderes europeus.
O GIGANTE COM AS MAIORES EMISSÕES
Um argumento lançado pelos países europeus opositores de maiores compromissos ambientais é a questão do que fazer quanto ao aumento das emissões na China, o país com maiores emissões de C02, que aumentaram 4,7% em 2018 – algo que terá contribuído bastante para o aumento de 2,7% das emissões globais de C02, segundo o Global Carbon Project.
Apesar deste aumento, a China continua em cumprimento dos objetivos que estabeleceu no acordo de Paris, que lhe permitem aumentar as suas emissões até 2030, para as diminuir até 2040. Os compromissos chineses ilustram bem a fragilidade do acordo de Paris, cujas medidas não chegam para impedir um aquecimento global de 2°C, e ainda menos de 1,5°C – recebendo a classificação de “muito insuficientes” pelo Climate Action Tracker.
No entanto, importa salientar que apesar do volume das suas emissões, a China sempre recusou ser posta no mesmo saco dos EUA, devido à sua enorme população – que de facto torna as suas emissões per capita muito inferiores à dos norte-americanos. Por um lado, o aumento das emissões chinesas é justificado pelo crescente consumo de uma população com melhores condições de vida. Por outro, não ajuda que boa parte da energia chinesa seja produzida a partir do carvão – um dos combustíveis fósseis mais poluentes. Paradoxalmente, a China também é um dos maiores produtores de tecnologia para energia solar do globo – que pode ser uma saída para a dependência chinesa do carvão. Essa encruzilhada económica será decisiva para o futuro do planeta, dado que o carvão terá de ser abandonado pelo setor energético globalmente até 2050, de modo a ser possível manter o aquecimento global abaixo dos 1,5°C, segundo um relatório do Painel Intergovernamen
tal sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC).
Em declarações ao Climate Home News, o enviado especial da ONU para o Clima, Luis Alfonso de Alba, mostrou-se “muito confiante que a China virá à cimeira com um compromisso claro e com um nível mais alto de ambição”. Contudo, segundo comunicados do Estado chinês citados pelo Climate Change News, esse compromisso virá também com a exigência do pagamento de reparações económicas na ordem dos 90 mil milhões de euros por ano, por parte dos países desenvolvidos – que historicamente desenvolveram a sua indústria muito graças à energia do carvão, que a China ficaria impedida de utilizar. A proposta também recebeu o apoio da índia, o quarto país com maiores emissões do mundo.
“NINGUÉM ESTAVA DE FACTO À ESPERA QUE TRUMP VIESSE” As Nações Unidas já deixaram o recado de que apenas líderes dispostos a fazer compromissos ambientais significativos poderão discursar nesta cimeira – deixando de fora o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O antigo secretáriogeral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que a posição dura de Guterres pretende pressionar os países a aceitar metas ambiciosas antes da próxima cimeira do Clima, marcada para o próximo ano. A resposta de Trump? Comparecer a uma reunião sobre liberdade religiosa na sede das Nações Unidas, no mesmo dia da cimeira, segundo avançou o The Guardian. “Ninguém estava de facto à espera que o Presidente [Trump] viesse à cimeira”, disse ao jornal britânico uma fonte na ONU.
O facto é que o Presidente dos Estados Unidos é há muito um negacionista das alterações climáticas – a que chamou frequentemente de “farsa”, propagada para dar vantagem à China. O crescimento da influência dos negacionistas terá sido um dos motivos para que Greta Thunberg, talvez a mais conhecida ativista contra as alterações climáticas, tenha apresentado como testemunho ao congresso um relatório dos cientistas do IPCC sobre o assunto. “Não quero que me oiçam a mim”, explicou Greta. “Quero que oiçam os cientistas. Quero que se unam à ciência e que tomem ações reais”. Contudo, o apelo de Greta e o consenso na comunidade científica não demoveram Trump, que se mantém um forte defensor daquilo a que chama “domínio energético” – um eufemismo para priorizar o investimento nos combustíveis fósseis, independentemente dos custos para o planeta.
Portugal apresenta às Nações Unidas uma rota para a neutralidade carbónica até 2050
O objetivo é que Portugal diminua em 90% as suas emissões de gases com efeito de estufa e que os restantes 10% sejam absorvidos naturalmente.
“É absolutamente claro desde o ano passado que, para que os 1,5 graus não sejam ultrapassados no final do século, que o mundo seja neutro em 2050”, disse à Lusa o ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes. Refe- ria-se ao objetivo de manter o aumento global da temperatura abaixo dos l,5eC – sendo Portugal um dos vários países a entregar um plano concreto para tal, como pedido pelo secretário- geral das Nações Unidas, António Guterres (ver texto ao lado).
Sendo concretizado, o chamado Roteiro para a Neutralidade Carbónica prevê que o país reduza em 90% as suas
emissões de gases com efeito de estufa, comparativamente a 2005, enquanto os restantes 10% serão absorvidos naturalmente pela floresta e pelo solo.
Um dos alicerces deste plano é a transição da produção elétrica de combustíveis fósseis para energias renováveis, com a meta de que se chegue aos 80% em 2030 – sendo previsto que por essa altura tenham sido encerradas todas as centrais termoelétricas a carvão, um dos combustíveis fósseis mais poluentes. O objetivo final é que as renováveis componham 100% da eletricidade portuguesa em 2050. Outra meta do Governo português é conseguir que 90% da mobilidade seja também à base de renováveis – muito graças a uma aposta forte nos transportes públicos. Se tudo correr conforme o planeado, uma das fontes das restantes emissões de gases com efeito de estufa em 2050 será a indústria e os aterros – onde, ainda assim, é expectável uma redução de 73% e 82% nas emissões respetivas até 2050.
Contudo, já são apontadas fraquezas à proposta do plano do Governo. No setor energético, há dúvidas quanto a confiar exclusivamente em energias renováveis, como a solar, hidroelétrica e eólica – que já forneceram energia a todo o pais durante períodos prolongados de tempo, mas que podem resultar em escassez energética, caso falte sol, vento, ou caudal aos rios.
O Governo já se prepara para responder a outro ponto apontado pelos críticos: a falta de investimento na ferrovia. Aliás, o primeiro-ministro António Costa tem referido várias vezes durante a campanha eleitoral o programa ferrovia 2020, o plano nacional da indústria ferroviária e os projetos para a modernização das grandes redes de metro. Enquanto isso, Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, salientou que durante anos se considerou a ferrovia como sendo o “transporte do passado” – mas que esse paradigma está a mudar.
Mudanças.
O que vai acontecer
ao nosso planeia?
O futuro não se aclivinha nada risonho. Várias entidades ambientais prevêem cenários catastróficos que terão graves consequências para a sobrevivência do homem.
“Mentiram-nos. Deram-nos falsas esperanças. Disseram-nos que devíamos estar ansiosos pelo futuro. E o mais triste é que a maior parte das crianças não têm noção do destino que as aguarda”, disse, em abril, Greta Thunberg, a menina sueca que se tornou um símbolo da luta pelo ambiente. O que vai acontecer ao nosso planeta? Devemos prepa- rar-nos para um cenário apocalíptico? Fazer futurologia nunca é a solução, mas vários estudos científicos começam a revelar o que se adivinha.
No início do mês foi revelado um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC na sigla em inglês) das Nações Unidas sobre os efeitos das alterações climáticas nos oceanos e na criosfera. As quedas acentuadas no stock de peixe, o crescimento exponencial na quantidade e intensidade das tempestades e a existência de centenas de milhões de pessoas desalojadas por causa da subida do nível do mar são alguns dos cenários que estão em cima da mesa.
O documento diz que, em 2050, grandes cidades que se localizem a uma baixa altitude e ilhas vão enfrentar anualmente “eventos extremos no que diz respeito à subida do nível do mar”. O relatório acrescenta que este cenário deverá ocorrer mesmo que sejam cumpridas as medidas mais drásticas em relação à diminuição da emissão de gases.
A situação torna-se mais grave ainda 50 anos depois: em 2100, “os danos provocados por cheias anuais deverão ser duas ou três vezes maiores”, alertam
os especialistas. E mesmo que o homem consiga diminuir dois graus na temperatura média do planeta, o nível do mar subirá de tal forma que mais de 250 milhões de pessoas ficarão desalojadas.
Outro dos problemas é a acidificação e deterioração dos oceanos. Os ecossistemas marinhos têm um papel vital no armazenamento de carbono, mais eficiente até do que as florestas. Ora, com a degradação dos mesmos, são libertadas para a atmosfera ou para os oceanos grandes quantidades de dióxido de carbono – segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN na sigla inglesa), estima-se que sejam libertadas entre 0,15 e 2,02 mil milhões de toneladas de C02 por ano, o que representa 19% das emissões globais de carbono por desflorestação.
“Os impactos do aquecimento e da acidificação dos oceanos em espécies e ecossistemas costeiros e marinhos já são observáveis. Por exemplo, a quantidade atual de C02 na atmosfera já é demasiado alta para os recifes de coral prosperarem, colocando em risco a provisão de alimentos, a proteção contra cheias e outros benefícios fornecidos por este ecossistema”, refere a IUCN no seu site, frisando que fenómenos como este terão tendência a aumentar. Aliás, o instituto sublinha que estes problemas poderão colocar em causa “a segurança física, económica e alimentar” das comunidades costeiras, que representam 40% da população mundial.
MAIS FOGOS Outro dos principais problemas é o aumento dos incêndios florestais. Com o aumento da temperatura, a probabilidade de existirem mais
fogos e de maior intensidade também cresce, pois as temperaturas mais altas provocam “mais evaporação da humidade do solo, o que faz com que os solos fiquem mais secos e a vegetação mais inflamável”, explica o Environmental Defense Fund, uma organização nor- te-americana sem fins lucrativos.
“Com o aumento de secas e de ondas de calor, bem como das emissões de gases de efeito de estufa, é expetável que ocorram mais fogos florestais nos anos que se avizinham e que a época dos incêndios dure cada vez mais tempo”, acrescenta.
MENOS ANIMAIS E PLANTAS E com O aumento dos incêndios e das secas, por um lado, e das tempestades e do nível médio dos oceanos, por outro, surge novo problema: o desaparecimento de várias espécies. A perda de habitats, a falta de alimento, as mudanças de temperatura, o aparecimento de espécies invasoras, a poluição e a pegada humana são aspetos que estão intimamente ligados às alterações climáticas e que têm um impacto severo na sobrevivência dos animais e das plantas.
De acordo com a red list feita pela IUCN, existem atualmente mais de 28 mil espécies em vias de extinção, o que representa 27% das espécies conhecidas. Animais como a ararinha-azul e o puma-norte- -americano-do-leste foram dados como extintos em 2018.0 rinoceronté-branco também, mas a tecnologia existente hoje em dia permitiu aos cientistas criarem dois embriões desta espécie, noticiou este mês a cadeia televisiva Al Jazira.
E este não foi o único animal que o homem ajudou a salvar: segundo a IUCN, o gorila-das-montanhas e o rino- ceronte-negro são dois exemplos de espécies que, graças ao esforço das comunidades, diminuíram o seu nível de risco de extinção.
No entanto, apesar dos esforços, o futuro não parece ser nada risonho: o Center for Biological Diversity, uma organização norte-americana sem fins lucrativos, prevê que a Terra “está agora a atravessar a sexta extinção em massa de plantas e animais – é a sexta onda de extinções nos últimos 500 milhões de anos”, um fenómeno que continuará a aumentar nos próximos anos.
Mas nem todas as espécies têm os dias contados. Um artigo da BBC mostra que algumas espécies têm fortes hipóteses de sobreviver ao cenário mais negro provocado pelas alterações climáticas. São exemplo disso as plantas resistentes ao calor e à seca – como as que se encontram nas zonas de deserto – ou aquelas cujas sementes se espalham através do vento, da corrente dos oceanos ou até do transporte animal – como as acácias e os coqueiros. Além disso, animais como as baratas, que
sobrevivem há milhões de anos, são capazes de se adaptarem às situações mais difíceis.
MAIS DOENÇAS E, claro, o ser humano também sofre com todos estes problemas. Questões como a desertificação de certas zonas (ver págs. 20-21), a poluição do ar e a falta de meios de subsistência – água potável, terrenos de cultivo, etc. – acabam por ter um impacto na saúde do homem que, a um ritmo cada vez mais acelerado, tem de se habituar às alterações no planeta.
De acordo com um relatório do IPCC, o aumento das ondas de calor poderá fazer crescer o número de casos de doenças vetoriais, como a malária e o dengue, que irão espalhar-se para outras áreas geográficas onde é pouco comum detetarem-se estas doenças.
Segundo um artigo publicado na Har- vard Business Review, na semana passada, casos de doenças crónicas, como a asma, também deverão aumentar. Os especialistas acreditam que o número de pessoas com problemas psiquiátricos, como a depressão, também deverá crescer.
E mesmo sem contar com estes efeitos na saúde dos seres humanos, o cenário continua a ser negro: como irá o homem viver sem água, sem animais à sua volta, sem solos para plantar e sem terra para habitar?
Aquecimento. Por que razão não podemos passar os 1,5 °C?
Estudo publicado na revista Science mostra as diferenças entre manter o aquecimento global nos 1,5 °C e nos 2 °C.
Estamos sempre a ouvir que o aquecimento global não pode passar a barreira dos 1,5 °C. Mas porquê? Se chegar aos 2 °C ou aos 3 °C, o cenário será muito pior? Um estudo publicado, na semana passada, na revista Science mostra o que está em causa.
O estudo, realizado por especialistas de várias universidades, mostra as diferentes consequências de um aquecimento global de 2 °C, nomeadamente o risco de cheias fluviais e de aumento – quer na quantidade, quer na intensidade – de ciclones.
O documento alerta ainda para que o risco de inundações nas zonas costeiras, de “eventos climáticos extremos”, de “escassez de água” e de “disseminação de espécies invasoras” será menor se o aumento da temperatura global não ultrapassar os 1,5 °C.
Outra das questões abordadas neste estudo é o impacto desta pequena (grande) diferença na biosfera. “O número de espécies que perdem pelo menos metade das suas áreas geográficas determinadas pelo clima é consideravelmente menor se o aquecimento global se mantiver nos 1,5 °C. Além disso, a perda de espécies e os riscos de extinção são bastante menores com 1,5 °C do que com 2 °C”, descreve o relatório.
Os especialistas fazem ainda uma análise dos efeitos desta diferença na vida dos seres huma- nos. Além de questões como a
subida do nível do mar, a falta de espaço para habitar e o calor insuportável com o qual terá de lidar, o homem vai ter de enfrentar um mal que já existe, mas que poderá tornar-se global: a fome. No documento, é possível ler que “limitar o aquecimento aos 1,5 °C irá resultar numa menor redução nas produções de milho, arroz, trigo e outros cereais”. O crescimento do aumento da temperatura para os 2 °C também irá levar à “perda de 7 a 10% dos terrenos de pastagem a nível global”, um cenário mais negro do que o projetado caso seja possível conter o aquecimento.
O estudo aponta ainda para as diferenças que podem ocorrer em termos de saúde da população: “Limitar o aquecimento global aos 1,5 °C fará com que existam menos 420 milhões de pessoas expostas frequentemente a ondas de calor “extremas” e menos 65 milhões expostas a ondas de calor “excecio- nais”. Questões como a subnutrição e a exposição a doenças contagiosas também podem ser influenciadas por esta diferença.
A investigação foca ainda os efeitos que o aquecimento acima do esperado pode ter no turismo, com alterações no clima a poderem colocar em causa a “atratividade e/ou segurança de certos destinos”.
“Vários fatores mostram-nos que o mundo enfrenta vários riscos com a temperatura a subir 1,5 °C. Estes são ainda maiores com um crescimento para os 2 °C. Vivemos num momento crítico na história do homem em que as ações tomadas hoje irão certamente minimizar os impactos perigosos em centenas de milhões de pessoas”, concluem os especialistas.
Um deserto em Portugal? “Estamos a tempo de combater a desertificação”
O pior cenário, se nada fosse feito para conter as emissões de CÔ2, mostrou há uns anos que todo o sul do pais poderia passar a ser um deserto. Autor alerta para a importância de o ambiente passar a estar no topo das prioridades. Hoje, 60% do território tem suscetibilidade moderada de desertificação, dos quais 11% em risco elevado.
O mapa foi publicado em 2016 na revista Science: no pior cenário, em que nada fosse feito para conter as emissões de gases com efeito de estufa e o aquecimento global fosse além de 3 °C, no final do século, o sul da Península Ibérica teria passado a ser um deserto que se estenderia até Lisboa. A imagem ficou na cabeça, mas os impactos de um aumento de temperatura a esse ponto seriam catastróficos. O objetivo da comunidade científica e do Acordo de Paris é garantir que o aquecimento global não excede 2 °C, com cada vez maior pressão para que não vá além de 1,5 °C. Mesmo assim, haverá desafios à escala global e também em Portugal, com mais de metade do território com suscetibilidade moderada à desertificação.
Um relatório recente do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC na sigla em inglês) mostrou que o risco de desertificação tem estado a aumentar e que acaba por ser um círculo vicioso: por um lado, as alterações climáticas tenderão a exacerbar os processos de degradação do solo que têm, além das condições climáticas, uma componente ligada à atividade humana; por outro, o processo de desertificação contribui também para dificultar o combate às alterações climáticas devido às reduções na vegetação, com a absorção de carbono a diminuir.
Joel Guiot, o paleoclimatologista francês que há três anos publicou na revista Science o alerta de que as alterações climáticas poderiam transformar a paisagem do Mediterrâneo com uma crescente desertificação sem precedentes, alertando para importância de limitar o aquecimento a menos de 2 °C, mantém o apelo feito na altura. “É urgente limitar as emissões de C02, uma vez que os efeitos nas populações e nos ecossistemas são maiores do que prevíamos”, disse ao i, em antevisão da Cimeira de Ação Climática desta segunda-feira, em Nova Iorque. “Precisamos de um novo paradigma em que o ambiente esteja no topo das prioridades. É muito mais caro corrigir os danos do que evitá-los. A prioridade de todos os Governos devia ser
cumprir o acordo de Paris”. A nível global, estima-se que a população exposta a desertificação e a escassez de água atingirá os 178 milhões de habitantes num cenário de aquecimento global de 1,5 °C em 2050, subindo para 220 milhões se o aumento de temperatura chegar aos 2 °C. Ásia e África serão os continentes mais afetados, com o IPCC a prever um aumento do risco de incêndio florestal nos países asiáticos e que as regiões nos trópicos e subtrópicos serão as mais afetadas em termos de perda de produção de cereais e insegurança alimentar.
UNIR COMPETÊNCIAS Na Europa, Portugal surge há muito entre os países mais vulneráveis. Existe desde 2014 um novo Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação (PANCD) mas, no início deste mês, o Tribunal de Contas deu nota negativa à execução nos últimos anos. Os auditores consideraram que o diagnóstico foi o adequado; contudo, “não identificou as concretas ações a desenvolver, as entidades e as áreas de governação responsáveis pela sua execução, o respetivo calendário, o custo
envolvido e a articulação com os programas/fundos suscetíveis de financiar as ações necessárias, não tendo uma verdadeira natureza de programa ou plano de ação”. O TdC recomendou então à Comissão Nacional de Coordenação de Combate à Desertificação e ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas que reforçassem os meios e, na resposta, o Governo garantiu que o programa foi revisto.
Maria de Belém Freitas, investigadora da Universidade do Algarve, membro do Centro de Competências na Luta contra a Desertificação, criado no ano passado e sediado em Alcoutim, diz que as preocupações em torno da desertificação são hoje maiores do que quando começou a trabalhar nesta área, há mais de 20 anos.
Se os passos ao longo do tempo foram “lentos”, acredita que hoje existe uma sensibilização maior para os riscos da degradação do solo. Explica antes do mais o conceito: “A desertificação é um processo de degradação do solo que deriva de vários fatores associados a características climáticas locais e que pode ser potenciado ou atenuado pela ação humana. É um fenómeno que se verifica em regiões áridas, semiáridas ou sub-húmidas e, no fundo, significa uma redução ou perda de produtividade biológica e económica das terras agrícolas, pastagens e florestas. Para além deste fenómeno biofísico, e porque está associado a formas de ocupação do solo, há muitas vezes uma associação entre a desertificação e o despovoamento. Embora não sejam semelhantes, quando há despovoamento é natural que aumente o risco de desertificação porque deixa de haver gestão da água e do solo e, por consequência, aumenta a exposição aos riscos”.
A investigadora assinala que, em Portugal, a irregularidade climática, que parece acentuar-se, e as condições socioeconómicas contribuíram para o atual cenário, em que cerca de 60% do território tem suscetibilidade moderada à desertificação e 11% um risco mais elevado, em particular no nordeste do Alentejo e do Algarve. E se as projeções não são boas, mantém o otimismo. “Estamos a tempo de tomar medidas e combater efetivamente o fenómeno da desertificação”, sublinha.
É nesse sentido que vê o trabalho do centro de competências, que acredita que poderá ajudar a delinear medidas eficientes na ocupação do solo, no combate à erosão e na gestão da água, partindo da evidência científica e da avaliação de projetos locais. “A gestão territorial é uma questão que tem múltiplos interessados: diz respeito aos utilizadores individuais, às empresas, à sociedade civil, investigadores, decisores locais. É importante que todos estes interessados assumam o compromisso de lutar contra a desertificação. Devemos promover formas de planeamento e gestão territorial eficientes de maneira que as políticas locais possam melhorar a sustentabilidade do uso do solo. O centro de competências tem a ver com isto, é um espaço de construção coletiva de conhecimento”, sublinha.
E que medidas são mais urgentes? A investigadora assinala que não existe uma solução universal e que, mesmo em relação aos receios em torno da exploração intensiva, não há conclusões definitivas, acreditando que parte da resposta ao problema passará por incentivos a uma agricultura sustentável e à fixação no interior. “Sempre que criamos condições para que o solos voltem a ser usados e para a instalação das pessoas, estamos a criar condições para combater o fenómeno”.
Para Maria de Belém Freitas, é isso que tem falhado e terá de melhorar daqui para a frente, além do combate de fundo às alterações climáticas. Apesar de o primeiro Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação ter sido criado em 1999, a preocupação tardou a fazer parte das políticas públicas de apoio à agricultura, assinala. “Só timidamente, no PRODER (2007-2014), e com mais acutilância no atual Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020), a luta contra a desertificação passou a ser critério de elegibilidade em algumas medidas, correspondendo a um aumento da sensibilidade a esta problemática, embora os instrumentos de política agrícola se centrem sobretudo nas medidas florestais e agroambien- tais”, conclui.
Pegada ecológica. Mudar o mundo não é difícil e está nas nossas mãos
Reciclar
Esta é fácil e não custa nada. Reciclar papel, alumínio, plástico, vidro, ferro, borracha, entre outros, ó importante, até porque, como é do conhecimento comum, dá aos materiais o destino que devem ter. Mas reciclagem não é apenas colocar os produtos no ecoponto correto. Usar objetos que já não utiliza e dar-lhes outro fim útil é também uma forma de reciclar. Comprar objetos feitos de produtos reciclados também o ajuda a contribuir para a diminuição da pegada ecológica.
Desligar luzes e aparelhos
Não tenha luzes acesas desnecessariamente. A dica é da Quercus, que recomenda a diminuição do consumo ou poupar energia com pequenos gestos, como desligar as luzes quando não são necessárias, ou o stand-by dos aparelhos, que podem fazer a diferença. Lembre-se que o excesso de hábitos consumistas é um dos fatores que mais contribuem para o esgotamento das reservas naturais do planeta.
Comprar produtos biológicos
Quando vai às compras, opte por comprar alimentos cultivados sem pesticidas. Compre produtos locais e prefira produtos da época porque, à partida, terão menos químicos. A diferença é que os produtos locais fazem uma viagem menor até sua casa e, por isso, vão estar mais frescos quando quiser utilizá-los. Além disso, o combustível usado para os transportar também será bem menor.
Comer menos carne
Não precisamos de chegar ao extremo e tirar qualquer alimento da nossa alimentação, mas podemos reduzir o consumo de alguns produtos, como a carne, uma vez que muitos dos gases de efeito de estufa são gerados pela sua produção massiva. O que queremos dizer é que não precisa de adotar uma alimentação vegan ou vegetariana. Mas se for alternando as suas refeições e diminuindo o consumo de carne ou peixe, já está a dar uma grande contribuição para reduzir a sua pegada ecológica.
Evitar sacos de plástico
E quando falamos em sacos de plástico queremos também dizer palhinhas, cotonetes, talheres e pratos take away… Enfim, reduza o consumo de plástico. Se quiser ir às compras, tenha dentro da mala ou no bolso um saco de pano. E, quanto ao resto, hoje em dia, o mercado já se desenvolveu o bastante para apresentar medidas alternativas ao plástico em quase todas as áreas. Se preferir continuar a usar plástico nalguns produtos, já sabe: recicle.
Diminuir o consumo de água
A água é um dos bens mais preciosos para a vida, não precisamos de lho dizer. Mas muitas vezes, inconscientemente, gastamos muito mais água do que aquela de que precisamos – no banho, a lavar os dentes ou a louça, nas descargas do autoclismo. Não deixe a torneira aberta quando lava os dentes ou a louça, reduza a quantidade de água das descargas ou tome duches em vez de banhos. Parece pouco, mas fará uma diferença gigante na sua pegada ecológica.
Utilizar
lâmpadas LED
Às vezes poupar luz não é assim tão fácil, principalmente se precisamos dela para trabalhar. Mas é fácil mudar: basta optar por luzes LED para conseguir reduzir a pegada ambiental. E não é só assim que pode poupar: se tiver de comprar eletrodomésticos, opte pelas classes energéticas A, A+ ou A++. Estas classes são mais eficientes e contribuem para a redução do consumo de energia e para um ambiente melhor.
Evitar
desperdício alimentar
Muitas vezes, fazemos tanta comida a mais que acaba por ir para o lixo. Em vez de desperdiçar, opte por aproveitar os chamados restos para fazer novas refeições, uma omelete, por exemplo. Fácil, rápido e maravilho. Além disso, faça uma lista antes de ir ao supermercado. Acabamos sempre por trazer coisas que não queremos e, com a lista, já sabe exatamente do que precisa.
Transportes públicos
Se puder andar a pé, numa trotinete ou numa bicicleta, perfeito. Mas se não puder, use os transportes públicos. Todos sabemos que é muito importante reduzir as emissões de gases poluentes para a atmosfera. E agora não tem desculpa: os novos passes sociais são um bom incentivo, com preços bastante acessíveis. Se precisar mesmo de usar o carro e se tiver essa opção, escolha um elétrico.
Atenção ao telemóvel
Se é daquelas pessoas que adora as novas tecnologias e gosta de trocar de telemóvel várias vezes, saiba que está a prejudicar o ambiente. Segundo um estudo divulgado recentemente pelo European Environmental Bureau, de que a associação ambiental Zero faz parte, aumentar a vida útil dos smartphones e de outros dispositivos eletrónicos em apenas um ano economizaria à União Europeia tantas emissões de carbono como retirar dois milhões de carros das estradas anualmente.
Guardar metade da Terra para a natureza? Ideias para garantir o futuro do planeta
BIODIVERSIDADE
Um relatório divulgado este ano pela ONU alertou para a ameaça crescente à biodiversidade, com um milhão de espécies em vias de extinção. Quarenta por cento das espécies de anfíbios, quase 33% dos recifes de corais e mais de um terço de todos os mamíferos marinhos
estão sob ameaça. Uma das propostas mais radicais foi lançada
pelo biólogo norte-americano Edward O.Wilson. No livro Half
Earth, publicado em 2016, defendeu que a única solução para evitar o colapso dos ecossistemas e da espécie humana passa por constituir reservas numa área equivalente a metade da superfície da Terra, o limite “seguro” que garantiria a estabilização de 80% das espécies, diz. Wilson acredita que seria também um objetivo simbólico. Em 2017 comparou o momento ao discurso de Kennedy, quando este fixou o objetivo de pôr
o homem na Lua numa década. “Podemos fazer isso em dez anos”, disse à Gbbo, dando o exemplo do mar. “Apenas 3% dos mares do mundo são protegidos hoje pelas nações territoriais, aquelas que têm litoral e mares territoriais. São chamadas zonas económicas exclusivas. Como vamos passar de 3% para 50%? É fácil (…) Basta proibir a pesca em mar aberto, fora das zonas territoriais dos países. O mar aberto não é de ninguém. Qualquer um pode pescar lá. E vemos a vida marinha a encolher enormemente. Se o proibíssemos, o mar aberto tornar-se-ia um grande viveiro de imensas quantidades de peixes e vida marinha”.
FLORESTAS ARTIFICIAIS
Os incêndios na Amazónia colocaram os perigos da desflorestação na ordem do dia, também pelo contributo da floresta na absorção de C02. E se a “fotossíntese” artificial for a solução para mitigar as emissões? Nos últimos
anos foram anunciados diferentes protótipos. Klaus Lackner, do Centro para Emissões Negativas de Carbono da Universidade do Arizona, inventou uma estrutura que captura carbono através de uma reação química com um tipo de resina. “As nossas árvores são especialistas em captura de dióxido de carbono e são cerca de mil vezes
mais rápidas do que as árvores naturais”, disse em 2016. Este ano, uma dupla de investigadores alemães publicou resultados sobre uma nova
tecnologia. “Como as árvores verdadeiras, a tecnologia usa dióxido de carbono e água como alimento e a luz do sol como fonte de energia, mas em vez de transformar o dióxido de carbono e água em folhas e ramos, produz produtos ricos em carbono, como álcool”, descreveu o Fórum Económico Mundial. Matthias May,
um dos autores, defende que a diminuição das emissões é a solução mais económica, mas a tecnologia terá de ser uma aliada da descarbonização. Segundo o investigador, uma área do
tamanho do Havai com “folhas artificiais” poderia captar tanto C02 como toda a Europa coberta das plantas mais sedentas de carbono. .
CULTIVAR ALGAS
Cultivar algas para aumentar a capacidade de absorção de carbono é outra das propostas. Há até uma empresa que propõe um biorreator portátil para instalar em casa e “limpar” o ambiente. Uma equipa de investigadores da Universidade da Califórnia publicou este ano um artigo na revista Current Biology em que defendem que o cultivo em massa de algas, que posteriormente seriam afundadas no oceano, contribuindo assim para a captura de C02 da atmosfera, pode vir a ser uma arma de peso no combate às alterações climáticas. Os investigadores consideram que isso poderia ser algo a considerar
nos planos de neutralidade carbónica a nível local, aliando-se a outras medidas de redução de consumo. E dão um exemplo: alocar 3,8% da zona económica exclusiva ao largo da Califórnia à aquicultura de algas seria o suficiente para compensar o carbono produzido pelo setor agrícola neste estado – com outras vantagens, como garantir habitat a espécies marinhas e combater a acidificação do oceano.
O IMPOSTO DA CARNE
A medida já foi discutida na Suécia e na Dinamarca e tornou a ser discutida este verão na Alemanha, com uma proposta de deputados do
Partido Verde e do SPD para o aumento do IVA da carne da atual taxa reduzida de 7% para 19%. Do lado da CDU houve alguma abertura, com o pressuposto de as receitas serem usadas no bem-estar animal e na agricultura sustentável, mas a ideia foi rejeitada pela ministra
da Agricultura. Nos últimos dias, Merkel anunciou um plano de ação climática que avança com um novo preço para o dióxido de carbono e apostaemcarros elétricos e viagens
de comboio. Sobre a carne, não houve novidades. A ONU defende a redução do consumo e a aposta em produtores locais e, por cá, gerou controvérsia a decisão da Universidade de Coimbra de proibir vaca nas cantinas. Segundo um estudo feito em seis municípios portugueses, o consumo de carne representa em Portugal entre 23% e
26% da pegada ecológica da alimentação. O desperdício alimentar (17% da produção alimentar anual) é outro aspeto a ter em conta na relação entre prato e ambiente.
FILTRO SOLAR
Uma equipa da Universidade de Harvard anunciou que este ano iria estudar uma nova abordagem ao problema do aquecimento global, libertando na estratosfera partículas de carbonato de cálcio. A ideia é criar
uma barreira aos raios solares e combater o efeito de estufa. Para já, trata-se de uma primeira experiência em que dois balões dirigíveis vão libertar as partículas e analisar o impacto na densidade de aerossóis, química atmosférica e dispersão de luz, explica o site da Experiência de
Perturbação Estratosférica Controlada (SCOPEX),comum orçamento de 3 milhões de dólares e
financiamento da fundação Bill Gates. Apesar de ter sido prometida para o final de 2019, ainda não se sabe quando terá lugar a experiência e se vai mesmo acontecer. A última novidade foi a constituição de um painel para estudar as implicações éticas, ambientais e geopolíticas da experiência. O tema é sensível: já foi proposto o uso de dióxido de enxofre para arrefecer o planeta e a base são
erupções vulcânicas, como a do monte Tambora, em 1815, em que a
ejeção de partículas resultou num arrefecimento do planeta. Teme-se os efeitos colaterais, por exemplo na composição da chuva. E alguns autores avisam que a bioengenharia solar pode virar-se contra o feiticeiro, se retirar urgência à necessidade de reduzir as emissões.
MENOS PLÁSTICO
O problema não está apenas na enorme ilha de plástico no meio do Pacífico (e como limpá-la) e nos riscos dos microplásticos para a saúde humana e animal. Um relatório publicado este ano pelo Centro de Direito Ambiental Internacional, uma plataforma ambiental sediada nos EUA,
alertou para o impacto da indústria e do ciclo de vida do plástico nas emissões de C02, estimando que em 2050 será responsável por 10% a 13% do excesso de carbono e poderá pôr em causa o objetivo de conter o aquecimento global a 1,5 HC. A
proibição de sacos leves, palhinhas e cotonetes tem sido um dos caminhos – em Portugal, a venda de produtos de plástico de uso único deverá ser proibida a partir do segundo semestre de 2020. Em Itália, um projeto de decreto ambiental noticiado nos últimos dias pela imprensa prevê a criação de um desconto de 20% na compra de produtos a granel que não tenham qualquer tipo de embalagem e descontos também para embalagens recicláveis. No que toca a alternativas, o campo dos “bioplásticos”, de origem renovável, continua a crescer, embora nem todos sejam biodegradáveis. No Reino Unido foi nos últimos dias notícia um prémio atribuído a um plástico feito a partir de restos de peixe e algas vermelhas, Marina Tex.