Os dois membros de Governo fizeram as afirmações na cerimónia de abertura do 14.º Simpósio de Hidráulica e Recursos Hídricos dos Países de Língua Portuguesa (SILUSBA), que acontece na cidade da Praia, Cabo Verde, sob o lema “25 anos construindo a comunidade de água da CPLP” (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa).
João Pedro Matos Fernandes recordou o percurso de Portugal nos últimos 25 anos no que diz respeito à gestão da água e proteção ambiental, mas salientou que, para manter os níveis de qualidade atuais, é necessário alterar os paradigmas.
“Ninguém tem dúvidas que o futuro vai trazer a este setor mais vulnerabilidades, mais incertezas, mais escassez e mais exigência na preservação dos valores ambientais e sociais”, mostrou o ministro do Ambiente e Transição Energética de Portugal.
Para o governante, em países como Portugal, onde a água que cai da chuva é em menor quantidade do que aquela que se consome, a “única e verdadeira solução de longo prazo é consumir menos água, gastar menos água, ser mais eficiente”.
Entendendo que é preciso “fazer mais e fazer diferente”, João Pedro Matos Fernandes defendeu igualmente uma “intervenção articulada” para superar os desafios da água e sugeriu que as experiências dos países de língua portuguesa sejam exportadas.
Para o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, a problemática da água deve ser colocada “no topo” da agenda da gestão dos recursos do planeta.
“A escassez da água potável é uma realidade atual e projetada no futuro. Afeta a qualidade de vida das pessoas, a qualidade do ambiente e da economia. Não podemos, no entanto, ficar presos e condicionados à fatalidade. Alterar o quadro atual e as perspetivas futuras é um imperativo de cada país e da comunidade da nações”, defendeu.
O chefe do Governo cabo-verdiano disse também que, com os meios tecnológicos de comunicação hoje existentes, os países lusófonos podem aproveitar “muito mais” a partilha de conhecimentos, experiências e melhores páticas a nível internacional e funcionar em rede, com a vantagem de o fazer na língua comum, o português.
“O combate contínuo pelo uso eficiente da água, sobretudo na diminuição das perdas, reduzindo-as a um nível económica e ambientalmente aceitável, obrigará a um esforço organizativo e de investimento das entidades gestoras de abastecimento e de saneamento”, disse Correia e Silva.
O simpósio é organizado conjuntamente pela Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos (APRH), a Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRHidro), a Associação Cabo-verdiana de Recursos Hídricos (ACHR) e pela Associação Aquashare Moçambique, em parceria com o Governo cabo-verdiano.
Durante o evento de quatro dias os participantes vão analisar e debater vários temas, visando encontrar soluções para os problemas que afetam a gestão dos recursos hídricos de cada um dos Países de Língua Portuguesa.
O simpósio, que foi realizado pela primeira vez há 25 anos e acontece pela segunda vez em Cabo Verde, pretende ainda promover o avanço do conhecimento nos domínios hidráulico e dos recursos hídricos, estimular o intercâmbio de ideias e de experiências.
Adaptação às mudanças climáticas, educação para uma nova cultura de água, energia e segurança das barragens, gestão da recarga de aquíferos, as TIC na gestão dos recursos hídricos, gestão das zonas costeiras e orlas marítimas, são algumas das temáticas a serem abordadas no evento.