Portugal está entre os 44 países que esgotam, pelo menos, 40% das suas reservas de água, colocando-se numa situação de risco elevado de escassez de água, de acordo com um estudo do projeto “Aqueduto” do World Resources Institute
Portugal está entre os 44 países que esgotam, pelo menos, 40% das suas reservas de água, colocando-se numa situação de risco elevado de escassez de água, de acordo com um estudo do projeto “Aqueduto” do World Resources Institute e ocupa a 41.ª posição de uma lista que coloca 17 países, maioritariamente no Médio Oriente e Norte de África, em risco extremamente elevado de escassez de água. De acordo com um estudo do projeto Aqueduto do World Resources Institute – uma organização sem fins lucrativos sedeada em Washington, nos EUA, e financiada por fundações, Governos, ONG e organismos internacionais -, esses 17 países, que representam um quarto da população mundial, usam pelo menos 80% das suas reservas de água a cada ano, com a agricultura, as indústrias e os municípios a representarem a maior fonte de pressão sobre as suas reservas de água. Portugal está entre os 44 países que esgotam, pelo menos, 40% das suas reservas de água, colocando-se numa situação de risco elevado de escassez de água. Os autores do estudo sublinham que uma margem tão reduzida entre oferta e procura como a que se verifica nos países mais pressionados deixa-os mais vulneráveis a variáveis como secas ou um maior uso das reservas de água, sendo cada vez maior o número de países que passam por um ‘Dia Zero’, ou seja, em que ficam sem acesso a água canalizada. “Ameaças à vida humana” “A escassez de água coloca sérias ameaças à vida humana, à sua subsistência e à estabilidade económica. Isso está prestes a piorar, a menos que os países tomem medidas: o crescimento da população, o desenvolvimento socioeconómico e a urbanização estão a provocar uma maior procura por água, enquanto as alterações climáticas podem tornar mais variável a precipitação e a procura”, refere o relatório. Sobre o Médio Oriente e o Norte de África, a região do mundo mais pressionada nesta matéria, o estudo aponta que a reutilização de águas residuais poderia gerar uma nova fonte de água potável, tendo em conta que 82% das águas residuais nestes países não são reutilizadas. Na Índia aumentam as preocupações com as reservas ao nível do subsolo, para além das preocupações com as reservas à superfícies: os aquíferos estão a esgotar-se, em grande parte devido ao uso para regadio. “As conclusões do estudo Aqueduto contextualizam esta crise: a Índia ocupa o 13.º posto na lista de países mais pressionados pela escassez de água em termos globais e a sua população é três vezes superior à população combinada dos 17 países mais pressionados no mundo”, lê-se no relatório. O estudo, que também analisa regiões dentro de países, indica, por exemplo, que a África do Sul, que em 2018 evitou por pouco o ‘Dia Zero’, ocupa uma posição na lista fora dos países mais afetados — 48.º lugar, correspondente a um risco médio-elevado de escassez de água -, mas a zona da Cidade do Cabo é uma zona de enorme pressão e rivaliza em termos de regiões ameaçadas com países inteiros. Tudo depende da gestão dos recursos O estudo indica que viver pressionado pela falta de água não tem que ser uma fatalidade e que inverter essa situação depende em grande parte da gestão que se faz dos recursos. Para além de exemplos de alguns países que já tomaram medidas para evitar a falta de água nas torneiras, como a Austrália que cortou para metade o consumo doméstico para evitar um ‘Dia Zero’, o estudo apresenta recomendações genéricas, aplicáveis à generalidade dos países, como apostar em técnicas de regadio eficientes, fazendo com que cada gota de água conte, investir em infraestruturas mais amigas do ambiente e tratar e reutilizar águas residuais, para que deixem de ser encaradas como desperdício. O estudo Aqueduto analisou a situação em 164 países, para os quais era possível ter dados utilizáveis pelo modelo de análise usado, refere o estudo.