A empresa CybELE trabalha já em casos para detetar descargas ilegais nos mares, identificar casos de poluição a partir da exploração mineira e monitorizar a desflorestação e destruição de habitats.
A empresa CybELE, integrada no centro de incubação da Agência Espacial Europeia (ESA BIC) em Portugal, está a desenvolver tecnologia que recorre às imagens de satélite para ser mais fácil identificar crimes ambientais.O projeto nasceu da frustração do francês Robin Bouvier que, depois de anos a trabalhar como assessor legal para uma organização ambientalista, constatou que a maioria das leis de proteção do ambiente não eram cumpridas e decidiu avançar com algo para melhorar a aplicação das leis de proteção do ambiente na Europa, contou à agência Lusa o responsável pela CybELE, empresa que tem sede na DNA Cascais e que é incubada pelo ESA BIC Portugal. A ideia inicial passava por criar uma base de dados para desenvolver a ligação entre cidadãos e especialistas na área do direito ambiental, mas, depois de se especializar em Direito do Espaço, encontrou nas tecnologias sensoriais remotas uma “grande ferramenta para melhorar a recolha de provas para as forças de investigação”, explicou.O projeto “implementa um processo de análise de dados completo e único, que melhora a compreensão de uma simples imagem de satélite”, frisou o responsável. “O processamento da imagem é feito à medida dos clientes e permite criar uma ideia visual do tipo de danos ambientais e do seu impacto. Por exemplo, pode ser gerada uma máscara para sublinhar a presença de desflorestação ou explorações madeireiras ilegais numa região ou para identificar os componentes químicos em derramamentos de petróleo ou outro tipo de poluição de solo”, aclarou.Segundo Robin Bouvier, a tecnologia da CybELE permite poupar dinheiro e tempo usado na investigação dessas provas, bem como na identificação e cálculo dos custos dos danos ambientais provocados, gerando relatórios baseados numa análise de dados de satélites, “escritos de forma precisa e compreensiva para poderem ser provas num contexto de procedimentos judiciais”.Para além desta ferramenta poder ser útil para sociedades de advogados e empresas de seguros, o responsável da empresa espera que a tecnologia possa também facilitar o trabalho de organização não governamentais, Governos ou associações internacionais que trabalham nesta área.De momento, a CybELE já tem “pedidos de administrações locais para monitorizar costas e rios e está-se a desenvolver parcerias com agências de investigação internacionais”, avançou.Para além disso, trabalha já em casos para detetar descargas ilegais nos mares, identificar casos de poluição a partir da exploração mineira e monitorizar a desflorestação e destruição de habitats.”Esta tecnologia permite já monitorizar uma grande área à distância. Contudo, muito mais pode ser feito para melhorar a precisão das imagens de satélite. Com a nova geração de satélites, a nossa análise vai ganhar muito em precisão”, salientou.Em 2018, a CybELE venceu o prémio principal da competição europeia Copernicus Masters, que premeia produtos e serviços que utilizam dados de observação da Terra e do satélite europeu Copernicus.As candidaturas para a edição deste ano do prémio estão abertas até 30 de junho.O ESA BIC Portugal é coordenado pelo Instituto Pedro Nunes, sediado em Coimbra. Continuar a ler