Primeiro-ministro afirma que as albufeiras estão com um armazenamento total inferior a 40% e, por isso, estão a ser adotadas “medidas próprias dos planos de contingência relativamente à situação de seca”
Primeiro-ministro afirma que as albufeiras estão com um armazenamento total inferior a 40% e, por isso, estão a ser adotadas “medidas próprias dos planos de contingência relativamente à situação de seca” O primeiro-ministro, António Costa, garantiu esta quinta-feira que estão a ser tomadas medidas para fazer frente à situação de seca que se vive em alguns pontos do país, “próprias dos planos de contingência”, mas escusou-se a especificar quais. Durante o debate quinzenal que decorreu esta tarde na Assembleia da República, em Lisboa, a deputada e líder do CDS-PP, Assunção Cristas, aproveitou para questionar o primeiro-ministro sobre o tema. “Estamos em abril, o país está em seca. Que medidas é que o Governo já aprovou para fazer face a esta situação?”, perguntou a presidente do CDS-PP. Como da primeira vez o primeiro-ministro não respondeu a esta questão, Assunção Cristas voltou à carga: “sobre a seca, senhor primeiro-ministro, o que tem para me dizer?”. Em resposta, António Costa afirmou que, “neste momento, as albufeiras estão com um armazenamento total inferior a 40%, e estão a ser adotadas medidas próprias dos planos de contingência relativamente à situação de seca”. “E medidas para os agricultores?”, insistiu a centrista, ao que o primeiro-ministro referiu apenas que “serão adotadas as medidas que forem necessárias”, sem adiantar mais nada. Perante esta resposta, Cristas sugeriu a Costa que “olhe para a resolução do Conselho de Ministros de 2012, e que se inspire”. Mas o primeiro-ministro prescindiu de responder ao comentário de Cristas, o que provocou algum alvoroço no hemiciclo. Com o microfone desligado, Costa advogou, junto do presidente da Assembleia da República, que não tinha sido colocada nenhuma questão, por isso não necessitava de responder. “O senhor primeiro-ministro poderá fazer um comentário sobre o comentário feito pela senhora deputada. Se quiser claro”, referiu Eduardo Ferro Rodrigues, que conduzia os trabalhos. E insistiu: “Quem está no uso da palavra é o senhor primeiro-ministro, pode responder como quiser”. Mas a palavra voltou para a bancada do CDS-PP, tendo a deputada criticado o facto de o primeiro-ministro não querer responder, “sequer, à questão da seca”. A resposta de António Costa surgiu mais à frente, já depois de terem sido colocadas questões sobre outros temas. “Senhora deputada, não tinha nada a dizer ao seu comentário, para além de lhe agradecer a sugestão. Iremos seguramente inspirar-nos porque há sempre boas ideias em todo o sítio, até seguramente numa resolução do Conselho de Ministros redigida por vossa excelência”, vincou. A condução dos trabalhos foi, depois, criticada pelo líder da bancada parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães, que considerou ter sido introduzida “uma novidade”, a de o “primeiro-ministro falar na Assembleia da República “se, e como bem entender”. Perante o protesto, o presidente da Assembleia da República referiu que “a última intervenção da senhora deputada Assunção Cristas, o senhor primeiro-ministro respondeu que não era uma pergunta, e foi a resposta que deu”. “E, por consequência, o debate continuou, como é habitual”, assinalou Ferro Rodrigues. As situações de seca em Portugal tornaram-se cada vez mais frequentes desde 2000 e o cenário deverá piorar em consequência das alterações climáticas e do aumento de frequência dos fenómenos extremos, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Em entrevista à agência Lusa no início do mês, a meteorologista Vanda Pires, do IPMA, salientou que as situações de seca são frequentes em Portugal continental com consequências graves na agricultura e pecuária, na energia e no bem-estar das populações.