PNI PREVÊ 1,5 MIL MILHÕES DE EUROS PARA O CICLO URBANO DA ÁGUA
AEPSA ALERTA PARA ESCASSEZ DE VERBAS DESTINADAS Ã REABILITAÇÃO DE INFRAESTRUTURAS
Portugal foi alvo de grandes investimentos públicos e privados na área do saneamento nas últimas duas décadas. 0 Programa Nacional de Investimentos (PNI) 2030 apresentado pelo Governo, em janeiro, prevê um investimento para o Ciclo Urbano da Agua (incluindo tanto água como saneamento) de 1,5 mil milhões de euros. Entre a necessidade de renovações e a hipótese de modernização os principais agentes do setor consideram que o valor poderá não ser suficiente. “Para o período em questão é um programa pouco ambicioso para o setor da água, bastante aquém das necessidades previstas no PENSAAR [Plano Estratégico de Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais 2020]”, observa Eduardo Marques, presidente da direção da AEPSA (Associação das Empresas Portuguesas para o Setor do Ambiente). “Parece claro que será necessário que os investidores privados, que num passado recente investiram cerca de mil milhões de euros em infraestruturas nas concessões em baixa que operam, sejam chamados para colmatarem as muitas necessidades de ordem financeira – mas também técnica – de que o setor ainda enferma”, antecipa O PNI direcciona verbas para a eficiência dos sistemas e para a adaptação dos mesmos face às alterações climáticas, nomeadamente 750 milhões de euros para a reabilitação de ativos. Ao programa de aumento da resiliência dos sistemas de abastecimento público de água, de saneamento de águas residuais e de drenagem de águas pluviais, estão alocados 350 milhões de euros.
Eduardo Marques considera que há uma escassez de verbas para a necessária reabilitação das infraestruturas. “Deviam reabilitar-se as infraestruturas com um valor da ordem dos 250 milhões de euros por ano, sendo certo que nos últimos anos têm-se reabilitado, por ano, condutas num valor da ordem dos 70 milhões de euros, isto é, tem-se reabilitado apenas cerca de 30 por cento do recomendável. Assim, o problema agrava-se sucesswamente, cor- rendo-se o sério risco de, num futuro próximo, as condutas apresentarem níveis de degradação insustentáveis”, sublinha O presidente da AEPSA considera que o setor privado está interessado e disponível para este esforço no futuro próximo, assim “sejam garantidas condições de estabilidade e previsibilidade legislativa e regulatória”.
É NECESSÁRIO O REDESIGN DAS ETAR
O CEO da Aquapor, António Cunha, defende que é necessário nesta fase a reformulação, optimização e operação das Estações de Tratamento de Águas Residual em final de ciclo de vida porque os hábitos populacionais alteraram-se, o nível industrial evoluiu e a tipologia de efluentes também. “É necessário o redesign das estações de tratamento considerando os objetivos nacionais de aproveitamento de recursos endógenos e diminuição de consumos”, afirmou. Apesar de considerar que os investimentos estão ajustados às metas europeias e ao acordo de Paris António Cunha considera que há áreas cinzentas, ou seja, sem a respetiva operacionalização definida. “Se se continuar a apostar na subcontratação de prestações de serviço de ‘operação de infraestruturas’, com mão-de-obra não especializada, sem considerar as mais-valias dos operadores em termos de inovação e criação de valor, o paradigma de visualização do ciclo da urbano da água dificilmente se alterará”, alerta.
“Continuaremos a ter uma visão de construtor dissociada da visão do operador, e desta forma, em vez de termos instalações a funcionar de forma eficiente continuaremos a ter instalações desajustadas da realidade”, alerta António Cunha A Águas do Tejo Atlântico, do grupo Águas de Portugal, lembra que Portugal é um caso de estudo na área do abastecimento de água potável e do tratamento de águas residuais dado que em 20 anos criou uma rede infraestruturas fundamental para a melhoria das condições de saúde pública e ambientais para todo o país.
“Pensamos que os grandes investimentos estão realizados. Agora estamos na fase da manutenção dos ativos, melhoria da eficiência da operação e aposta na inovação por forma a caminhar para novas soluções, mais eficazes e mais ‘verdes’, A economia circular veio para ficar e acreditamos que todos os players deste setor serão parte ativa neste processo”, sublinha fonte oficial da empresa