A Cimpor implementou uma tecnologia de secagem de Combustíveis Derivados de Resíduos (CDR) na sua fábrica de cimento em Souselas que recorre ao calor excedentário da produção de clínquer, aproveitando assim energia que de outra forma seria desperdiçada e evitando o consumo de combustíveis fósseis.
O projeto consistiu na instalação de uma unidade de secagem de CDR com tecnologia de low temperature belt dryer na fábrica de cimento em Souselas, um método de secagem térmica que diminui a humidade do material através de um processo contínuo a baixas temperaturas.
Os resíduos são entregues em Souselas e armazenados em silos, sendo consequentemente encaminhados para o secador através de uma tela de transporte. “A Cimpor considerou necessária a otimização deste sistema de transporte de resíduos, feito por via pneumática, uma vez que o elevado teor de humidade e a composição dos resíduos urbanos provocavam constrangimentos à alimentação ao forno”, explica a empresa.
A Cimpor investiu num novo sistema de transporte mecânico para o secador e até ao queimador principal do forno, através de um sistema de arrasto mecânico que garante que não há fuga de poeiras e cheiros para o ambiente envolvente à fábrica.
A tela de transporte é atravessada verticalmente por uma corrente de ar quente proveniente da saída do ventilador do filtro de mangas do arrefecedor e que entra na parte superior do secador, na câmara de mistura, a uma temperatura entre 75 a 85°C. O ar húmido que sai do secador volta à chaminé do filtro de mangas.
“O sucesso da implementação desta tecnologia em Souselas deve-se, em grande parte, ao seu processo completamente automatizado com baixas necessidades de manutenção e à sua capacidade para secar uma grande variedade de CDR, garantindo sempre o cumprimento dos requisitos ambientais da União Europeia”, resume a empresa.
Este secador permitiu reduzir a dependência da instalação de combustíveis fósseis e, consequentemente, reduzir as suas emissões de CO2, uma vez que possibilita o aumento da utilização de combustíveis alternativos de origem nacional. A tecnologia possibilita assim a melhoria da competitividade da Cimpor no mercado interno ao reduzir os custos de produção.
“Este projeto é passível de ser replicado, não só nas restantes cimenteiras em Portugal, como em outras indústrias intensivas em energia e incineradoras, tendo o potencial de otimizar a capacidade instalada e aumentar os níveis de exportação, bem como de potenciar os benefícios ambientais do processo a nível nacional, nomeadamente, ao desviar quantidades de resíduos substanciais de aterro que não eram passíveis de serem coprocessadas anteriormente”, sublinha a empresa. O projeto constitui assim uma “resposta à reduzida disponibilidade de CDR nacional com baixo teor de humidade e alta qualidade no setor nacional de gestão de resíduos”.
No espaço de um ano a tecnologia permitiu o coprocessamento de mais de 13.000 toneladas de mistura de resíduos sólidos perigosos, que não tinham outra alternativa que não a deposição em aterro. O recurso a esse fluxo de resíduos evitou a importação de quase 5 000 toneladas de petcoque, evitando a emissão de 4 mil toneladas de CO2.
O projeto de alteração da operação de alimentação de combustíveis alternativos para coprocessamento de CDR-RSU com elevado PCI no queimador principal de um forno cimenteiro, que teve início em 2015, está a ser financiado pelo Portugal 2020, no âmbito do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (POCI), no montante de 2.007.866,30 euros, provenientes do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
Leia outras notícias e opinião no Ambiente Online.