CONTENTORES ESTÃO À DISPOSIÇÃO DE 20 EM 20 METROS
Em Portugal urge alterar o modelo de recolha de resíduos já que continua a dar-se prioridade à fração indiferenciada por comparação com a atenção que deveria merecer a recolha seletiva, reconhece o administrador delegado da LlPOR (Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto), Fernando Leite. “Temos contentores para recolha de resíduos indiferenciados de 20 em 20 metros, ou de 50 em 50 metros, mas contentores para resíduos recicláveis estão de 100 em 100 metros ou até mais. Recolhemos os resíduos indiferenciados quase todos os dias e os recicláveis semanal ou quinzenalmente”, exemplifica
Fernando Leite lembra que esta discussão é prioritária e que a associação Smart Waste Portugal já propôs à AEPSA (Associação das Empresas Portuguesas para o Setor do Ambiente) a criação de um grupo de trabalho conjunto para se apontarem soluções. “Esse grupo de trabalho só realizou uma sessão e há mais de um ano”, critica. Como o jornal Água&Ambiente noticiou na última edição a AEPSA considera que esta é “uma matéria muito complexa para a qual ainda não há conclusões”.
ERROS QUE PERSISTEM
A AEPSA lembra que no passado todos os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) eram recolhidos indiferenciadamente, ou seja misturados. Progressivamente foram sendo introduzidas, por adição, recolhas seletivas específicas por cada tipo de resíduo, separando cada fluxo da massa global. O primeiro fluxo alvo de recolha seletiva foram as embalagens de vidro, tendo sido adotados recipientes próprios para deposição na via pública, os Vidrões’. “Esta solução inicial teve sucesso, quer devido às características físicas das embalagens de vidro, quer ao facto de, à época ser ainda única No entanto, a generalização posterior desta solução para todos os restantes fluxos, com a colocação de recipientes específicos ‘Ecopontos’ na via pública em praticamente todo o território nacional, sem se atender às especificidades de cada localidade, foi claramente um erro, com impactos negativos quer do ponto de vista ambiental e visual, quer do ponto de vista qualitativo, funcional e económico”, nota associação.
Se no caso do vidro os ecopontos constituem uma solução de relativo sucesso, já para o cartão, são um autêntico desastre. “De igual modo, se os ecopontos, para alguns materiais, poderão constituir uma solução razoável em zonas de elevada densidade populacional, são uma solução irracional em zonas de baixa densidade, devido à relação desproporcionada entre a produção e a distância a percorrer por cada cidadão, e com elevadíssimos custos”, analisa a associação.
Estas e outras constatações traduzem-se na elevada insatisfação dos cidadãos que, justificadamente, se queixam do estado dos ecopontos, o que gera impactes ambientais e visuais negativos, além de serem um obstáculo permanente à circulação das pessoas. Por outro lado, “a transferência da responsabilidade pelas recolhas seletivas dos municípios para os sistemas multi- municipais, bem como a generalização da solução ‘ecopontos’, exponenciou os custos com a recolha dos RSU, dado que forçou a duplicação de estruturas de gestão, a aquisição de novas frotas de veículos com características específicas e a multiplicação das frequências de recolha”, sublinha a AEPSA.
Como se trata do mesmo produto as soluções técnicas a adotar racionalmente deveriam assentar “no princípio da substituição progressiva da frequência das recolhas indiferenciadas, pela implementação de frequências de recolhas seletivas dos diversos fluxos específicos, designadamente, do próximo fluxo dos bio resíduos”, defende.