Jornal de Negócios No ano passado o país produziu 4,75 milhões de toneladas de resíduos urbanos, em média 1,3 quilos por pessoa. A taxa de reciclagem foi de apenas 38% e a separação de resíduos não acompanhou o consumo. Em 2017 a produção de resíduos urbanos por habitante aumentou 2,3% face a 2016 e fixou-se, em média, nos 1,3 quilos diários. No total, ao longo do ano foram produzidas 4,75 milhões de toneladas de lixo. Os números são da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que apresenta esta terça-feira, 5 de Junho, o relatório do Estado do ambiente. A apresentação acontece no âmbito das comemorações do Dia Mundial do Ambiente, que hoje se assinala.Comparando com anos anteriores, verifica-se que a produção de resíduos urbanos registou uma descida nos anos da crise, mas a partir de 2014 voltou a entrar em linha ascendente. Não alcança ainda, contudo, níveis de 2010, em que se ultrapassaram as 5,5 milhões de toneladas.O aumento do consumo, que coincide com a saída da crise, tem como consequência um aumento da produção de resíduos, sendo certo, porém, que esse crescimento não vem acompanhado por um aumento na separação para reciclagem. Assim, em 2017, do total de resíduos recolhidos 83,5% foram provenientes de recolha indiferenciada e 16,5% de recolha diferenciada, ou seja, lixo separado.Contas feitas, a deposição de resíduos urbanos biodegradáveis em aterro aumentou, em 2017, para 43% (foi de 41% em 2016), mas este aumento, alinhado com o crescimento do consumo, não foi acompanhado por um acréscimo da recolha diferenciada, tendo a taxa de preparação para reutilização e reciclagem ficado nos 38%, um valor ainda provisório, mas que, a confirmar-se, será igual ao de 2016. Será, ainda assim, muito superior à taxa de apenas 20% registada em 2010, ano em que a deposição em aterro ascendia a 87%.A separação de lixo para reciclagem tem vindo a aumentar, mas está ainda longe das metas estabelecidas pelo Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos ( PERSU 2020). Aí se prevê que até 31 de Dezembro de 2020 seja alcançada uma redução mínima da produção de resíduos por habitante de 10% em peso relativamente ao valor de 2012.Outro dado revelado pelo Relatório do Estado do Ambiente aponta para um aumento de 21% dos rendimentos provenientes do Ecovalor (uma prestação financeira paga por produto colocado no mercado), que atingiu os 101 milhões de euros. E média, os produtores/importadores pagaram, no ano passado, cerca de 76 euros por tonelada de produto colocado no mercado. Os valores mais afastados da média dizem são num dos lados os pneus usados (pagaram em média 142 euros por tonelada) e do lodo oposto os veículos em fim de vida (1 euro por tonelada).