I A água está a escassear em todo o mundo. Em Portugal pondera-se o aumento do preço do metro cúbico para refrear o consumo. Na África do Sul, a situação é mais crítica e o uso está limitado a 50 litros por pessoa Agua.Portugal pode ter de aumentar preço para controlar consumo Especialistas defendem que aumentar a tarifa da água pode reduzir consumo. A ideia vai ao encontro do que já foi defendido pelo ministro do Ambiente: Matos Fernandes admitiu que, “em tempos de escassez”, é necessário repensar o preço O preço médio do metro cúbico (mil litros) de água em Portugal ultrapassa os dois euros. Ainda assim, encontra-se bem abaixo dos valores praticados por outros países na Europa, como é o caso de França (mais de 3,5 euros), Reino Unido (mais de quatro euros) ou Dinamarca, onde chega mesmo a ultrapassar os sete euros. Praticamente só os países de Leste apresentam preços inferiores, rondando 1,5 euros por metro cúbico, e Itália, que cobra pouco mais de um euro por metro cúbico. Já a vizinha Espanha apresenta valores muito semelhantes aos praticados no mercado nacional.O que é certo é que a atualização dos preços da água depende de cada município. Por isso, é natural encontrar valores diferentes consoante o concelho que vive. Isto significa que nem todos os portugueses sentiram qualquer alteração em termos de valor no início do ano. Por exemplo, o tarifário de fornecimento de água e saneamento de águas residuais no Porto manteve-se inalterado e o mesmo aconteceu em Vila Nova de Gaia, Guimarães (pelo quarto ano consecutivo) e Coimbra.Já entre os municípios onde a conta da água ficou mais barata está Braga, que decidiu, pelo segundo ano consecutivo, fazer uma redução generaliza- da de 2,5%, enquanto em Gondomar, numa fatura média de 10 metros cúbicos, ocorreu um aumento de 37 cêntimos para consumidores não-domésticos, enquanto para os domésticos o acréscimo foi de 18 cêntimos.Em Lisboa, a maioria dos clientes da Empresa Portuguesa de Aguas Livres (EPAL), que abastece Lisboa, sentiu um aumento médio de 43 cêntimos na fatura mensal. Uma atualização superior à efetuada em 2017, que se situou em 38 cêntimos. A Associação de Defesa do Consumidor (DECO) já chamou a atenção para o facto de Portugal continuar a ter métodos de cobrança de água muito diferentes e disparidades de preço acentuadas entre municípios. “Em Terras de Bouro, no distrito de Braga, num cenário de 120 m3 por ano, o abastecimento de água custa 18 euros. Situação bem diversa se vive em Santo Tirso e Trofa, no distrito do Porto, onde, pela mesma quantidade de água se paga 253 euros”, diz. SUBIR PREÇO PARA REDUZIR CONSUMOPara alguns especialistas, aumentar o preço da água é considerada uma das melhores formas de controlar o consumo deste recurso. “Quando há grandes aumentos de preço, e há estudos que o comprovam, o consumidor reage e passa a consumir menos”, garante Sérgio Hora Lopes, presidente do Conselho Científico da Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas (APDA)E para fazer face a futuros constrangimentos, o responsável desafia as entidades gestoras, sejam elas autarquias ou não, a reverem as tarifas e “não terem medo de medidas menos populares” quando em causa está a escassez da água e a sua gestão.Uma ideia que vai ao encontro do que já tem vindo a ser defendido pelo ministro do Ambiente, que admitiu que, a curto prazo, é necessário preciso repensar o preço da água “em tempos de escassez”. “Nos últimos anos tem-se falado muito em eficiência energética, este é o tempo de percebemos que tem se de falar de eficiência hídrica”, revelou João Matos Fernandes, no final do ano passado.Já no início deste ano, o governante falou na hipótese de aumentar impostos para empresas que gastem mais água. “Estamos a revisitar todos os títulos de utilização de recursos hídricos, todas as licenças que existem para captar e rejeitar resíduos no meio hídrico,” declarou o ministro. Este processo estará concluído até maio, sendo que está em cima da mesa não só a subida da carga fiscal como também a diminuição de disponibilidade de recursos.AGRICULTURA E ENERGIA DOS MAIS PENALIZADOS A agricultura é um dos seto- res mais penalizados pela seca e a perda de pr