Investir 20 milhões para reduzir desperdício de água
O caminho é longo e ainda há muito para fazer, mas o Governo Regional afirma que ‘já arregaçou as mangas’ e está a investir na redução das perdas de água na Madeira e Porto Santo. A Aguas e Resíduos da Madeira (ARM) tem em curso um conjunto de obras para a renovação e ampliação das redes de distribuição de água potável de Câmara de Lobos, Ribeira Brava, Machico, Santana e Porto Santo, os seus municípios aderentes.
“As perdas de água nas redes de distribuição, para além das perdas económicas e ambientais, podem influenciar negativamente a qualidade da água entregue à população”, lembra a secretaria regional do Ambiente e Recursos Naturais.
“Em 2019, vamos investir 20 milhões de euros na redução do desperdício de água nas redes de abastecimento, bem como no tratamento de águas residuais através da recuperação de 104km de condutas de água e reabilitação de 78 reservatórios”, refere Susana Prada
A secretária do Ambiente e Recursos Naturais refere também que “numa aposta clara na gestão responsável da água reduziremos as perdas no sistema de regadio, recuperando 100 quilómetros de canais e melhorando 15 captações”.
Uma das obras que em breve terá início será o Túnel do Pedregal, com 5,6km, “para tornar mais eficiente a Levada do Norte, e permitir a acumulação de uma reserva estratégica de 40.000 m3 de água”. “Serão, ainda, criadas 200 Zonas de Medição e Controlo de
caudal, tornando mais eficiente a gestão da água e a detecção de fugas”, explica a tutela.
Perdas de água estão a ser monitorizadas
Aliás, de acordo com os dados disponibilizados ao DIÁRIO por essa secretaria, referentes a 2017, é possível aferir que o Funchal é o concelho com maior peso de desperdício, quando comparado com o desperdício total da Região. Mais de metade da água que se perde é do Funchal (51,66%), seguindo-se o concelho de Santa Cruz (15,77%) e Machico (13,66%).
Por outro lado, o concelho da Ribeira Brava é aquele com menor
desperdício do fornecimento de água em alta, praticamente em igualdade de circunstâncias com Câmara de Lobos. No extremo oposto encontramos o concelho de Machico, que desperdiça quase 80% da água distribuída
Os problemas que levam a esta perda de água nas redes já estão
identificados e são tão diversos como a topografia, a idade das redes, a pressão e o tipo de material.
De acordo às especificidades da Região Autónoma da Madeira a Direcção Regional do Ambiente e Ordenamento do Território, que tem as competências nesta matéria, definiu no Plano de Gestão da Região Hidrográfica da RAM atingir a meta dos 40%, no ano de 2021.
Esta acaba por ser uma percentagem superior à estipulada no Programa Nacional para o Uso Eficiente da Agua (PNUEA), que previa atingir os 20% em 2020. No entanto, a autoridade competente considera que a Região apresenta outras condicionantes que possi
bilitam subir essa fasquia
No entanto, não é só o investimento monetário que vai travar o desperdício de água No terreno, a ARM faz controlo activo de perdas, “que tem por base a monitorização da rede de distribuição em zonas de abastecimento com consumos mínimos nocturnos elevados”. “Esta monitorização é realizada por uma equipa que percorre a rede de distribuição de água, onde são colocados equipamentos de detecção de fugas”, explica a secretaria do Ambiente.
Estas acções e monitorizações são capazes de grandes deduções de perda Um dos exemplos citados pela tutela é um caso ocorrido no Reservatório R2, em Machico, no dia 14 de Maio de 2018. Após ter sido detectada a fuga, procedeu-se à sua reparação e o consumo mínimo nocturno dessa zona de abastecimento reduziu 8.000 litros por hora
Esforço tem de partir de todos os municípios
Tal como já foi referido, Câmara de Lobos, Ribeira Brava, Machico, Santana e Porto Santo são os municípios cuja água se encontra sob a tutela da ARM. Por esse motivo, estão em fase de concretizam ou devem arrancar, ao longo dos próximos dois anos, obras para combater o desperdício nesses mesmos concelhos.
“E importante também sublinhar que todos os outros municípios da RAM precisam acompanhar as acções do Governo Regional, investindo na recuperação das suas redes. Este deverá ser um objectivo de todos”, refere a secretaria do Ambiente.