JORNAL DE NOTÍCIAS Generalização do uso de toalhitas húmidas está a provocar problema global nos esgotos das grandes urbes. Europa gasta tanto dinheiro na limpeza como a investir no emprego jovem TOALHITAS. O “MONSTRO QUE AMEAÇA AS CIDADES” Generalização do uso do produto, incorretamente despejado nas sanitas, está a causar um problema global nos esgotos das grandes urbes. Ameaça o ambiente e leva milhões na limpeza A generalização do uso de toalhitas húmidas, idênticas às usadas na higiene dos bebés, fez despertar um fenómeno que está a preocupar seriamente os responsáveis pela manutenção de esgotos nas grandes cidades em todo o Mundo. É que há muita gente a atirá-las pela sanita e, como o produto não é biodegradável, surgem entupimentos em condutas de prédios e filtros de máquinas e ainda o estrangulamento das redes de esgotos. lá há quem exija à Comissão Europeia uma intervenção urgente.A par dos problemas ambientais, derivados das substâncias tóxicas que são introduzidas na água e não tratadas, há também pesados reflexos na economia. Em Nova Iorque (Estados Unidos da América), por exemplo, foram gastos 15,3 milhões de euros nos últimos cinco anos para reparar os danos causados por esta prática, enquanto na Europa uma associação formada por 27 empresas de água e saneamento (EurEau) estima que os toalhetes nas canalizações causem uma despesa entre os 500 e os mil milhões de euros anuais. Exige, por isso, que a Comissão Europeia implemente alterações legislativas e normas técnicas para “proibir a venda de toalhetes húmidos, artigos de higiene ou produtos sanitários apresentados como descartáveis”.Um pouco de todo o Mundo chegam relatos de “monstros” de lixo a entupir as canalizações, que se formam a partir da acumulação de toalhitas, misturadas com outros produtos, nomeadamente gorduras. Há notícias de situações graves em Inglaterra. Estrados Unidos, Espanha, Brasil e outros países (ler página 4). Em Portugal, o fenómeno ainda não atingiu esta dimensão, mas já é responsável pela maioria dos entupimentos em prédios urbanos.”Cerca de 90% dos casos a que acorremos são provocado por toalhitas lançadas pelas sanitas”, explica, ao JN, Nélson Florêncio, responsável pela empresa SOS Muitiassistência, especializada em desentupimentos na zona da Grande Lisboa”. Também Guálter Ferreira, da Porto Urbanu, assegura que a Norte o fenómeno se repete. “A frequência com que ocorrem estes casos é diária”, assegura.As grandes empresas nacionais encarregues de tratar esgotos confirmam a realidade. “São vários os resíduos que erradamente são deitados na sanita, mas as toalhitas são efetivamente um dos piores, pois são de difícil degradação e remoção, ficando agarradas aos equipamentos de transporte e tratamento de água residual, podendo causar o mau funcionamento destes ou mesmo avarias”, avança, ao IN, fonte oficial da Águas do Tejo Atlântico (ATA), empresa responsável pelo sistema multimunicipal de saneamento de águas residuais da Grande Lisboa e Oeste, que serve 23 concelhos e 2,4 milhões de pessoas. A mesma acrescenta que, além das toalhitas, persistem práticas erradas como seja despejar nas sanitas beatas, restos de comida, óleos e cabelos, entre outros. Ora, a presença no esgoto doméstico de quantidades significativas de resíduos gera obstruções. “Esta realidade contribui para a degradação dos equipamentos de tratamento e dificulta os próprios processos de tratamento dessas águas residuais, que são essenciais para garantir uma devolução ambientalmente correta dos efluentes”, explica a ATA.”Baleia” entope LondresMas o problema é mesmo global e ameaça tomar proporções alarmantes e inimagináveis. Em Londres, foi descoberta, no início de setembro, uma megabola de lixo nas condutas da cidade com 250 metros de comprimento e 130 toneladas, as dimensões de uma baleia- -azul. Um fenómeno que, ainda que não com tanta dimensão, se tem verificado aqui ao lado, em várias cidades espanholas, onde há quem lhe chame “o monstro que entope os esgotos”. Um estudo elaborado pela associação de defesa do consumidor OCU – equivalente à DECO portuguesa – refere que as verbas gastas na remoção de verdadeiros icebergs de lixo “acabam por ser p