O Jornal Económico Portugal deverá acabar este ano a seis pontos percentuais das metas impostas por Bruxelas em termos de reciclagem de pilhas e baterias. Portugal não está a cumprir as metas de reciclagem de pilhas e baterias impostas pela União Europeia, e vai continuar a seis pontos percentuais dos objetivos pretendidos no final deste ano. Esta é a denúncia feita por Eurico Cordeiro, diretor-geral da Ecopilhas, uma sociedade gestora de resíduos de pilhas e acumuladores. Em entrevista ao Jornal Económico no fim do Congresso Internacional sobre Reciclagem de Pilhas e Baterias, que reuniu no país cerca de 200 especialistas do setor, este responsável explicou que uma das razões para esta situação é o facto de sermos um dos países com mais baixas contrapartidas financeiras cobradas pelas entidades gestoras.”Apesar de todos os esforços feitos em matéria de comunicação e de sensibilização dos consumidores e de termos várias entidades gestoras a operar neste fluxo de resíduos, estamos aquém das metas impostas pela União Europeia. Até 2015, era necessário recolher 25% dos resíduos, mas como as regras do jogo mudaram, desde 2016 a meta subiu para 45%. Em Portugal, em 2016, foram recolhidos 39% dos resíduos de pilhas e acumuladores portáteis, considerando o total das pilhas e acumuladores portáteis vendidas em Portugal nesse ano, ou seja, estamos a seis pontos [percentuais] de atingir a meta”, revela Eurico Cordeiro.O diretor-geral da Ecopilhas entende que, “em 2017, será muito difícil atingir as metas impostas pela União Europeia: somos um dos países com ecovalores mais baixos – contrapartidas financeiras cobradas pelas entidades gestoras aos produtores, para, em nome deles, assumirem a responsabilidade pela gestão de resíduos colocados no mercado”.”Necessitamos aumentar esses valores. Só assim poderemos equiparar-nos a outros países que, com taxas mais elevadas, criam as condições para um maior controlo e maiores taxas de recolha, assim como para a realização de campanhas de sensibilização e de comunicação que permitam chegar mais perto do consumidor e, consequentemente, aumentar as quantidades recolhidas”, defende Eurico Cordeiro. Este responsável revela mesmo que a Ecopilhas já alertou o secretário de Estado do Ambiente para esta questão.Segundo o diretor-geral da Ecopilhas, os melhores exemplos de recolha e reciclagem de pilhas e acumuladores vêm de países como a Bélgica, a Suíça ou a Holanda, “onde existe uma única entidade gestora dedicada exclusivamente à gestão deste fluxo”.A quantidade de pilhas e acumuladores portáteis (PAP) colocadas no mercado português pelos produtores aderentes à Ecopilhas foi, em 2016, de 1.332 toneladas. Em 2016, os resultados da recolha foram de 468,13 toneladas, mais de 35% do total das PAP colocadas. Já no que respeita às pilhas e acumuladores industriais (PAI) colocadas no mercado nacional pelos produtores aderentes à Ecopilhas, atingiram um volume de 649 toneladas, tendo sido devidamente encaminhados para a reciclagem cerca de 513 toneladas, ou seja, cerca de 79% do total.A Ecopilhas, que tem como sócios fundadores a Cegasa, Procter&Gamble, Sony e Varta, entre outros grandes grupos industriais do setor, registou a adesão de 101 novos produtores no ano passado, tendo esta empresa sem fins lucrativos encerrado o exercício de 2016 com 647 produtores, após a suspensão de 139 por falta de preenchimento de declarações anuais de vendas ou de pagamentos dos referidos ecovalores.