Ambiente Magazine A Qualidade e a Segurança da água serão os principais desafios do setor nos próximos anos. Esta foi uma das conclusões do seminário que reuniu esta quarta-feira, 27 de abril, cerca de 120 especialistas de várias áreas num debate prospetivo sobre o Futuro da Indústria da Água nos próximos 30 anos. A Qualidade da Água já atingiu níveis de 98,5% no país e 99,6% nos sistemas da Águas do Ribatejo, mas é necessário continuar a investir nos sistemas de abastecimento e também no tratamento de águas residuais porque um bom tratamento dos “esgotos” melhora substancialmente o ciclo da água, reduzindo as ameaças para as captações de água. Outras ameaças são as do terrorismo. Sem criar alarmismos, é necessário estar atento e reforçar a segurança preventiva junto dos equipamentos e infraestruturas.O Secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, participou na sessão de abertura do seminário onde referiu que está em curso uma reforma profunda no setor da água. O governante confirmou que já conversou com mais de 300 municípios, dos 308 existentes, e que a agregação de vários concelhos em sistemas supramunicipais está a ser bem acolhida.”Neste momento temos mais de 50 municípios com soluções de agregação territorial dos sistemas, criando escalas de valor com vantagens para as autarquias e para os clientes.”, referiu.O representante do Governo usou “o bom exemplo da Águas do Ribatejo” como uma entidade de gestão que funciona. Carlos Martins realçou a importância de garantir a sustentabilidade, realizando os investimentos necessários, sem sacrificar os clientes.O caso de estudo da Águas do Ribatejo foi evidenciado pelo Secretário de Estado na tarde de quarta-feira numa jornada de trabalho com os presidentes de vários municípios do Distrito de Viseu.Carlos Martins disse que há várias realidades no país que têm de ser estudadas caso a caso, mas alertou que as soluções têm de ter em conta o interesse público e a consideração da água como “um bem essencial e um direito das populações”. Os novos sistemas podem ter dois ou mais municípios e devem servir no mínimo 80.000 a 100.000 consumidores para poderem garantir escala e sustentabilidade.O Secretário de Estado anunciou que ainda existem 400 milhões de euros para financiamento de infraestruturas e equipamentos, mas alertou que os financiamentos a fundo perdido vão acabar e as entidades gestoras terão de ter capacidade de realizar investimento com recurso a capitais próprios e linhas de crédito.O Seminário “O Mundo em 2050 Tendências, Riscos e Impacto no Território” abriu as portas do Auditório da Ordem dos Engenheiros, em Lisboa, a especialistas da Economia, Gestão, Sociologia, História e Marketing com abordagens bem diferentes das habituais feitas pelos atores do setor da água e saneamento. Os economistas Daniel Bessa, Félix Ribeiro, André Magrinho e o antropólogo José Manuel Sobral abordaram os riscos geopolíticos e a configuração dos territórios com visões bem diferentes sobre “o que nos espera nos próximos 30 anos” em Portugal e no Mundo.A Resiliência das Cidades contou com intervenções do economista António Figueiredo, da arquiteta Teresa MaratMendes e do geógrafo João Ferrão que olharam as cidades de diferentes ângulos, mas com um objetivo comum: encontrar soluções para as novas realidades urbanas, demográficas, sociais e ambientais.E como as cidades não vivem sem gente, o painel “Pessoas, Território e Sustentabilidade” com os sociólogos Susana Fonseca e João Guerra e as economistas Isabel Salavisa e Sofia Santos, promoveu o debate sobre o que fazer para garantir um desenvolvimento sustentável na era da robótica onde o homem pode ser substituído por uma máquina que faz quase tudo, mas não paga segurança social, nem impostos e não gera consumo.O Presidente da APDA, Nelson Geada referiu que objetivo do seminário foi refletir sobre as incertezas, cruzando as várias opiniões e tendências na procura das melhores soluções para preparar as entidades gestoras da água para os desafios de longo prazo com um horizonte temporal de 30 anos.O evento foi integrado na comemoração dos 30 anos da Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas (APDA) e teve o patrocínio da Águas do Ribatejo. &