Ambiente Online Ambiente Online falou com o economista durante evento em Lisboa “O grande desafio para Portugal nos próximos 10 ou 15 anos é reduzir a fracção de resíduos que vai para aterro”. O alerta é do economista do Banco Europeu de Investimento (BEI), Patrick Dorvil, que fala numa Europa a duas velocidades no que diz respeito à taxa de reciclagem. Portugal deposita metade dos resíduos urbanos em aterro, segundo dados referentes a 2013, divulgados pelo Eurostat em Março. É o quinto país que menos recicla, no grupo dos 28, ficando muito abaixo da média de 28 por cento. Patrick Dorvil revela que o BEI está disponível para apoiar investimentos que permitam aumentar a reciclagem e consequentemente desviar resíduos de aterro, o que está em linha com o novo pacote da Economia circular aprovado no dia 2 de Dezembro em Bruxelas. A comissão quer estabelecer o objectivo vinculativo de, até 2030, se reduzir a deposição em aterros para um máximo de 10 por cento de todos os resíduos. De acordo com o novo pacote de economia circular os estados-membros terão até 2030 que reciclar 65 por cento dos resíduos urbanos. Além de financiamento para incentivar a reciclagem, o BEI está disposto ainda a financiar projectos envolvendo digestão anaeróbia, biomassa, compostagem e remediação de aterros, deixando de lado a incineração por ser uma “medida controversa”, esclarece Patrick Dorvil. Isto apesar de alguns países que têm elevada taxas de incineração possuírem também um alto índice de reciclagem, casos da Holanda e Dinamarca. Esta opção que está prevista no pacote da Economia Circular no caso de não existir melhor alternativa. De acordo com os princípios da hierarquia de resíduos vigente a incineração é preferível à deposição em aterros. Entre as empresas que beneficiaram do financiamento do banco nos últimos anos para a área dos resíduos em larga escala está a EGF, com 132 milhões de euros, a Águas de Portugal, com 95 milhões, e a Lipor, com 89 milhões de euros. O dinheiro que o BEI disponibilizará a Portugal dependerá das necessidades do mercado, mas Patrick Dorvil lembra que Portugal tem vários bons exemplos que costuma citar nas conferências. “Há aterros que estão hoje transformados em parques, campos de golfe e até um pequeno aeroporto. Não se percebe o que ali já existiu”, elogia em declarações ao Ambiente Online. Patrick Durval sublinha que no âmbito do pacote de Economia Circular a Comissão Europeia preparou um novo instrumento financeiro (EFSI – European Fund for Strategic Investments), no âmbito do Horizonte 2020, que ascende a 650 milhões de euros. Existem ainda os fundos estruturais para a área dos resíduos. A Comissão Europeia já divulgou também que está a avaliar a possibilidade de lançar uma plataforma, juntamente com o BEI e os bancos nacionais, para apoiar o financiamento daeconomiacircular. O economista participou ontem no Encontro Nacional de Gestão de Resíduos, organizado pela Apemeta, no Sana Malhoa Hotel, em Lisboa. Ana Santiago