Ambiente Magazine O Congresso Mundial da Água, da International Water Association (IWA), o maior congresso do mundo no sector da água, realizou-se, pela primeira vez, em Portugal. À Ambiente Magazine, o presidente desta edição do Congresso e também da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), Jaime de Melo Baptista, fez um balanço do Congresso, que, segundo os dados, foi o maior da história da IWA. “Globalmente, diria que Portugal está claramente de parabéns com este que foi o seu primeiro grande congresso mundial da água e sem dúvida marcará. Os dados indicam que foi o maior congresso da IWA, o país e Lisboa pesam nisso. Toda a gente gosta de vir a Lisboa e é bom que assim aconteça. É um dia para estarmos todos muito satisfeitos”. O reconhecimento internacional do desenvolvimento do país nas últimas duas décadas em termos de serviços de abastecimento de água, serviços de saneamento de águas residuais e gestão de resíduos urbanos. Os benefícios do congresso reflectem-se, desde logo, na economia, sendo que o congresso trouxe lucros directos na ordem dos 20 milhões de euros. Também a imagem de Portugal e o impacto que esta teve na comunidade internacional pode, segundo Jaime de Melo Baptista, abrir portas e criar condições para que a tecnologia portuguesa, os consultores portugueses, o conhecimento português e os empreiteiros portugueses possam ter lá fora mais oportunidades de contratualização, de projectos no exterior. Das 200 sessões do congresso, de temáticas muito diversas, excluindo as sessões paralelas, o presidente da ERSAR destacou o primeiro fórum internacional dos reguladores da água, que passará a ter um caracter regular em futuros congressos, de dois em dois anos, que reuniu uma centena de entidades reguladoras, 230 pessoas, numa sessão fechada, durante um dia e meio, a discutir as boas práticas regulatórias. “Outro aspecto marcante foi, sem dúvida, o facto de ter sido aceite a Lisbon Chart, que foi trabalhada por nós, essencialmente por Portugal, já há cerca de um ano e foi discutida com a IWA. Houve uma aceitação desde principio da IWA, dessa Carta de Lisboa e depois, durante o congresso, toda a discussão levou à conclusão de que era um documento importantíssimo e que tinha de ser realmente concluído e divulgado”. A discussão levantou recomendações de melhoria, pelo que o documento em questão, a Lisbon Chart for Governance and Regulations, vá ser então agora novamente analisado, sendo levado à IWA até ao final do ano e aprovado também durante este período. O anúncio formal do documento será então feito durante o Fórum Mundial da Água, na Coreia do Sul, em Abril. Também a participação portuguesa atingiu históricos durante o congresso, com mais de 500 congressistas portugueses, 200 delegados de países de expressão portuguesa, um número que nos congressos anteriores se ficava habitualmente pelos 100. “A presença portuguesa não foi só importante em números, mas também em intensidade de actividade. Os portugueses estiveram muito activos, muito interventivos em muitas sessões, e os stands portugueses com muita actividade, inclusivamente o stand da ERSAR”. Em termos de stands, o presidente do Congresso considera que a exposição foi rica, dinâmica, com muitas sessões e apresentações de novas soluções. Na cerimónia de encerramento foi também apresentado, com uma espécie de passagem de testemunho, o destino do próximo congresso de 2016, Brisbane, na Austrália. “Hoje a percepção é diferente, as águas residuais correspondem a um recurso que é preciso aproveitar” De acordo com Jaime de Melo Baptista, o congresso manifestou um reforço da convicção dos profissionais de que é necessário caminhar para soluções diferentes das tradicionais, como por exemplo, a mudança de percepção que aconteceu ao nível das águas residuais.”Até agora as águas residuais têm sido tratadas como um problema, do qual nos queremos ver livre. Claramente hoje a percepção é diferente, as águas residuais correspondem a um recurso que é preciso aproveitar, não podem ser desperdiçadas, têm de ser aproveitadas para ser transformadas em energia, em nutrientes e em água não potável, de menor qualidade, que voltam a integrar os usos da cidade. Ou seja, uma cidade, em vez de rejeitar a água residual longe e a lançar no mar ou no rio depois de tratamento, cada vez mais tenderá a não a querer perder, mas aproveitar essa água residual para transformar em energia que usa no seu próprio sistema, na cidade, transformar em nutrientes que usa nos seus parques nas zonas verdes e transformar numa água de menor qualidade mas que serve, por exemplo, para lavagens de ruas ou para alimentar zonas lúdicas, como lagos na mancha urbana”, uma manifestação do modelo circular para onde se pretende avançar nos próximos anos. “O que Portugal pode ensinar a outros países não é menos do que pode aprender