Diário Económico As três empresas nacionais que estão na corrida à privatização da Empresa Geral de Fomento (EGF) apresentaram as ofertas mais elevadas, tendo superado os quatro grupos internacionais que disputam a gestora de resíduos sólidos urbanos, que cobre 60% da população nacional, num total de 174 municípios. Em primeiro lugar encontra-se a DST, com uma proposta de cerca de 180 milhões de euros, seguida da Mota-Engil, com 170 milhões de euros, e da Egeo/Antin, com perto de 155 milhões de euros, segundo apurou o Diário Económico.A grande surpresa vem do consórcio brasileiro Odebrecht/Solvi, que terá colocado em cima da mesa o preço mais baixo, próximo dos 100 milhões de euros.Na faixa entre os 155 milhões de euros e os 100 milhões de euros, posicionam-se as propostas dos chineses da Beijing Capital, os espanhóis da Fomento de Cons- trucciones y Contractas e dos belgas da Indaver, não tendo sido possível determinar os valores exactos.Apesar de não vinculativas – a data para a entrega das ofertas finais termina a 31 de Julho -, estas propostas revelam a base de partida de cada um dos candidatos, dado que estas podem ainda, caso o entendam, ser revistas durante o processo negocial.Por outro lado, os valores oferecidos pelas empresas nacionais são os únicos que se aproximam do preço de referência da EGF, definido pela consultora Roland Berger, em 2011.O preço apontado para os 11 sistemas multimunicipais, que integram o universo da EGF, foi então de 140 a 170 milhões de euros, sem incluir ganhos potenciais. Com a inclusão de outras mais-valias decorrentes de negócios complementares,como a recolha de resíduos indiferenciada e o interesse estratégico do comprador, de que se destaca a valorização tecnológica da EGF, o valor da sub-holding da Águas de Portugal poderia alcançar os 200 milhões de euros.Esta é a única avaliação conhecida da participada da Águas de Portugal para o negócio dos resíduos, já que o Governo optou por não revelar as conclusões a que chegaram as duas instituições financeiras que contratou para a privatização: o Citigroup e o BIG.O objectivo, segundo o ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, é maximizar o encaixe dos cofres públicos. Uma verba destinada abater à dívida da Águas de Portugal, estimada em 500 milhões de euros.O futuro vencedor da privatização da EGF terá ainda de assumir a dívida líquida do grupo que, à data de 31 de Dezembro de 2013, era de 192,4 milhões de euros, daqual cerca de dois terços resulta de um empréstimo junto do Banco Europeu de Investimento, obrigando a uma renegociação das condições do mesmo.A este esforço financeiro junta-se ainda a obrigatoriedade de realização de investimentos, no âmbito do plano estratégico para o sector definido pelo Governo, de 650 milhões de euros até 2020.Com a deposição de resíduos biodegradáveis em aterro na ordem dos 63%, em 2012, o objectivo é reduzi-los a 35%, em 2020, aproximando Portugal das novas metas comunitárias para esta área de negócio. É neste contexto que o Executivo se propõe também atingir, até 2020, uma meta mínima de 53% na reciclagem (23 %, em 2012), a recolha selectiva de 47 kg por habitante/ano e o desvio para aterro de 26% dos resíduos.Contactados pelo Diário Económico, nem a Odebrecht, a Mota-Engil, a DST ou a Egeo quiseram comentar.