OJE 20-06-14 O ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, afirmou hoje que o Governo vai reestruturar a Agência para a Energia (ADENE) com vista a integrar também a eficiência hídrica. Falando na 3.ª Edição do Portugal em Conferência Para uma Economia Energeticamente Eficiente (PCEEE), que se realizou em Lisboa, o ministro disse que “há uma absoluta relação em Portugal entre a ineficiência na água e a ineficiência na energia”, pelo que o Governo decidiu fazer “uma restruturação” da ADENE. A reestruturação, explicou o governante, vai permitir ter “uma plataforma comum, que está muito próxima das empresas e que tratará não só da eficiência energética, mas também da eficiência hídrica”. “Faz todo o sentido [esta reestruturação] na medida em que os desafios são convergentes”, sublinhou. A dependência energética de Portugal do exterior “é elevada”, realçou ainda o ministro, lembrando que “não é menos verdade” que o país desperdiça, em média, 40% dos recursos em água que são distribuídos. “Em alguns sistemas de distribuição de água essa percentagem atinge os 80%”, lembrou, ressalvando que há também exceções: “É verdade que existe um sistema, o da EPAL, que perde apenas 7% a 8%”. Além disso, o governante destacou o facto de as casas em Portugal não terem, muitas vezes, “os padrões adequados ao nível tecnológico e dos comportamentos -, na utilização dos recursos hídricos”. Daí que o país esteja sob “um risco muito significativo” que tem a ver com as mudanças climáticas. “Somos um dos países da União Europeia que está sob um risco maior para enfrentar a mudança climática, em especial, ao nível dos recursos hídricos”, salientou. Moreira da Silva referiu também que a eficiência energética “é a maior prioridade da política energética do Governo, do país e da Europa”. “O país fez uma aposta consistente e vantajosa nas energias renováveis, mas continua a ter uma dependência energética do exterior muito significativa da ordem dos 78%”, enfatizou.”É verdade que estamos muito abaixo do valor que tínhamos em 2005, que era de 90%, mas ainda assim estamos demasiado dependentes do exterior uma vez que energia não é eletricidade”, acrescentou. “Se na eletricidade já conseguimos atingir níveis de 60%, com o contributo das renováveis, como a eletricidade apenas pesa 25% do consumo final de energia, o problema de dependência energética do exterior põe-se, em especial, no setor dos transportes”, frisou ainda. A eficiência energética “é a mais poderosa de todas as iniciativas” que se possam atualmente fazer, considerou Moreira da Silva, realçando que ao minorarmos a dependência energética do exterior poderemos criar “uma maior resiliência a alterações de custos e a alterações de preços”. O ministro referiu o facto de Portugal ter conseguido nos últimos anos desligar o Produto Interno Bruto (PIB) do consumo de energia. “Mesmo em tempos de crise, o PIB caiu menos do que diminuiu o consumo de energia”, daí que Moreira da Silva espere que na atual fase de crescimento da economia portuguesa, que “está aí”, este padrão de evolução se possa manter, porque “a competitividade e o poder de compra das famílias está cada vez mais dependente de uma utilização eficiente dos recursos energéticos”. A eficiência energética é “uma prioridade” para o Governo ao defender a fiscalidade verde, no contexto da reforma que está a fazer, a qual será conhecida em breve, antes da aprovação do próximo Orçamento de Estado, disse Moreira da Silva, que falou ainda dos fundos europeus. “Com a alocação de 400 milhões de euros às atividades de promoção energética, com vista a dinamizar as empresas deste sector e das famílias, poder-se-á vir a ter as condições para avançar com investimentos”, salientou. Esta posição do Governo “traduz a importância que damos a esta área e que é compatível com a aposta nas renováveis”, concluiu.