Jornal de Negócios Construção e ambiente de olhos no Magrebe Para as empresas portuguesas de construção, assim como para as do sector da água, saneamento e gestão de resíduos, o Norte de Africa apresenta-se como uma oportunidade que pode servir para colmatar a falta de perspectivas de expansão num mercado como o português.Manuel Reis Campos, presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI), sublinha a importância do Magrebe para as empresas portuguesas do sector. E revela expectativas para o encontro que durante dois dias vai reunir dez ministros dos Negócios Estrangeiros em Lisboa, com o objectivo de fazer a ponte entre a Europa e o Magrebe no âmbito da cooperação do “Mediterrâneo Ocidental”, o chamado “Diálogo 5+5”. Para o responsável, “é necessário fazer face aos constrangimentos que ainda se fazem sentir ao nível da diplomacia económica”, como por exemplo a dupla tributação. O 2º Fórum Económico e Empresarial do Mediterrâneo Ocidental, que esta quarta-feira antecede o encontro ministerial de que Rui Machete será anfitrião, deve, em sua opinião, centrar-se na relação intergovernamental e no intercâmbio de empresas.Para Reis Campos, “há um número crescente de empresas da construção nesta região”, mas “é necessário consolidar a presença das que já actuam nestes mercados e alavancar outras”. Em sua opinião, os países do Magrebe têm potencial para a construção e engenharia portuguesa, cada vez mais internacionalizadas, apresentando ainda as vantagens “da proximidade física e da relação entre os povos”.Também na área do ambiente “há grandes projectos de investimento nos países do Magrebe, nomeadamente na Argélia e em Marrocos. Há necessidade de fazer muita coisa”, sublinha João Gomes da Costa, director-geral da AEPSA – Associação das Empresas Portuguesas para o Sector do Ambiente. Mas, alerta o mesmo responsável, naqueles mercados “há uma certa protecção das empresas locais”, pelo que as companhias portuguesas deverão considerar fazer parcerias.João Gomes da Costa nota que “depois há que terpaciência, porque as coisas levam tempo”. O director- geral da AEPSA considera que não há ameaças sérias à expansão das empresas portuguesas da área do ambiente no Norte de Africa, mas em termos de burocracia “há algumas questões, nomeadamente com os vistos de trabalho nestes mercados”. Mas o balanço genérico é optimista. “Há muito investimento para fazer”, conclui.Criado em 1990 por iniciativa de França, o Diálogo 5+5″ é uma plataforma informal de diálogo político e económico, que reúne cinco países da margem Norte do Mediterrâneo (Portugal, Espanha, França, Itália e Malta) e cinco da margem Sul (Marrocos, Tunísia, Argélia, Líbia e Mauritânia). O fórum desta quarta-feira vai contar com mais de 400 participantes, sendo a portuguesa a maior delegação empresarial. Lisboa deixará ainda uma marca perene: o logotipo do Diálogo 5+5 foi “made in Portugal” e será oficializado nesta 13° reunião ministerial. *com eg/mjg AS APOSTASConstrução, água e ambiente e banca portuguesa já marcam presença no MagrebeO desenvolvimento sustentável é o tema central do Fórum, estruturado em torno de quatros eixos: água, ambiente, infra-estruturas e o financiamento. Nestas áreas há já um conjunto de empresas com actividade no Magrebe. Construção e engenharia nas infra-estruturas da regiãoA maior presença empresarial portuguesa do Magrebe é notada nas áreas da construção e engenharia. São várias as construtoras que têm ganho obras nestes países, principalmente em Marrocos e na Argélia. Pelo contrário, na Mauritânia é muito pouca a presença nacional. Empresas como a Teixeira Duarte, Opway, Zagope e Conduril, assim como grupos mais pequenos, inclusivamente de estudos e projectos, têm estado envolvidos em projectos na região.Projectos na área marítimo-portuária, rodoviária mas também de habitação, têm atraído cada vez mais empresas portuguesas para o Magrebe.Ainda este ano, o Governo argelino decidiu adjudicar directamente a empresas portuguesas uma obra pública, de construção do troço de uma estrada, cujo valor está estimado entre 180 a 251 milhões de euros. Só a Argélia tem em curso um programa de infra-estruturas para os próximos quatro anos, avaliado em 40 mil milhões de dólares (28,7 mil milhões de euros). Negócios do ambiente atraem várias empresas portuguesasSão várias as empresas portuguesas que já começaram a aproveitar as oportunidades de negócio do Norte de África no domínio do ambiente. A Coba – Consultores de Engenharia e Ambiente é uma delas. Já tem uma filial na Argélia. A Aqualogus, empresa de consultoria na área da engenharia hidráulica, é outro exemplo de expansão para o Magrebe,