Jornal de Notícias
Secretário de Estado do Ambiente admite que falta de água é um problema “muito sensível”
Municípios como Marco de Canaveses, que têm passivos ambientais graves e onde as taxas de disponibilidade de água e saneamento não ultrapassam os 50%, vão ter prioridade nos apoios ao investimento no âmbito do Plano Estratégico para o Abastecimento de Água e Gestão de Águas Residuais e Pluviais 2030 (PENSAARP 2030), documento que permitirá aos municípios candidatarem-se ao novo quadro comunitário de apoio PT 2030. A garantia foi dada ao JN pelo secretário de Estado do Ambiente, Hugo Pires, à margem da cerimónia protocolar de inauguração de uma Estação de Tratamento de Água (ETA) no rio Douro, que vai duplicar a capacidade de fornecimento de água ao concelho de Baião, no distrito do Porto. “Uma das nossas prioridades sã o os passivos ambientais em alguns concelhos. Se o município do Marco de Canaveses apresentar uma candidatura para resolver esses problemas, nós certamente que analisaremos e teremos todo o interesse em estar ao lado do município para resolver esse problema”, disse Hugo Pires. O responsável prometeu apresentar “muito em breve o PENSAARP 2030” e “dar prioridade” ao apoio financeiro “aos municípios que tenham problemas ambientais graves ou que tenham parcerias”, reforçou. O secretário de Estado aproveitou o momento para destacar o périplo que fez, esta semana, do Algarve a Baião passando por Vila Real, “para avaliar como estão a evoluir as massas de água” face à seca que assola o país. Nos últimos 20 anos, “as disponibilidades hídricas do país, reduziram 20%. É muito visível no Algarve e Alentejo e já começa a atingir alguns concelhos do interior. Temos que olhar para os territórios e exigir aos organismos públicos investimento”, referiu Hugo Pires. O responsável garantiu que “não faltará água nas torneiras de ninguém”, mas reconheceu que é um problema “muito sensível e que temos de olhar para ele, sobretudo a sul do Tejo”. Para minimizar os efeitos da racionalização da água, o Governo tem em curso “um investimento de cerca de 200 milhões de euros no Algarve através do PRR, para reforçar e dar mais resiliência ao território. Apresentámos também um programa de eficiência hídrica para o Alentejo onde estão previstos mil milhões de euros também para reforçar a resiliência”, explicou. Perante as alterações climáticas, e sabendo que “no futuro não teremos mais água”, o governante disse ser importante e decisivo “haver uma conjugação das necessidades dos diferentes setores com um compromisso sobre os consumos de água”, envolvendo os vários setores. —– Saneamento Incentivar ligação Em Baião, a distribuição de água passa à porta de 80% das habitações, mas apenas 52% dos fogos estão ligados à rede. A taxa de saneamento fica-se pelos 39%. Ambiente e saúde Paulo Pereira, autarca local, diz que é preciso “pedir às populações” que se liguem à rede, quer por questões ambientais e de saúde, quer para sustentabilidade do sistema, “de modo a que as tarifas não aumentem”, ressalvou.