Visão
De acordo com o Programa Ambiental das Nações Unidas, cinco triliões de sacos de plásticos de uso único são descartados anualmente e um milhão de garrafas de plástico são vendidas a cada minuto. O plástico é leve, barato, tem uma longa durabilidade e é quimicamente versátil. É sem dúvida um material muito vantajoso. A questão que se impõe, e que deve estar pela sua cabeça neste momento, é ‘Mas e depois? Para onde vão esses milhões e triliões de plástico que são usados?’. Sim, é precisamente esse o problema. Desde 1950, 80 biliões de toneladas de plástico foram produzidas e cerca de 80% foram descartados em aterros ou libertados no meio ambiente. Para além da sua degradação poder demorar séculos no meio ambiente, este processo envolve a libertação de microplásticos e nanoplásticos, que contaminam oceanos, solos e seres vivos (humanos incluídos). Se podemos consumir menos e reciclar mais plástico? Podemos e devemos. Mas o que fazemos com as toneladas que já estão dispersas pela Terra? Se a resposta a essa pergunta fosse assim tão simples, não teríamos uma crise ambiental em mãos. Podemos incinerar, mas isso levaria à libertação de gases com efeitos de estufa. Resolver um problema e acentuar outro no processo não é a melhor solução. E se eu lhe disser que expor este material às quantidades certas de luz conduz à sua degradação? Parece idílico, eu sei, mas isso é precisamente o que tem vindo a ser investigado nos últimos anos. Com a quantidade e intensidade certa, a luz conduz à fotodegradação do plástico, um processo que aliás ocorre no meio ambiente a um ritmo muito mais lento do que quando provocado num laboratório. É uma solução bastante verde, na medida em que tem um baixo consumo energético e pode usar-se mesmo a luz solar ou uma luz LED de baixo consumo. Continua a ter um problema. O principal constituinte do plástico é o carbono. Sob influência da luz, e num ambiente com oxigénio, este carbono reage formando dióxido de carbono, um gás com efeito de estufa. Ou seja, temos um potencial processo de degradação de plástico e o seu principal problema é a presença de oxigénio? Pois bem, vamos removê-lo. O que acontece se usarmos igualmente luz, mas um meio sem oxigénio? Foi na resposta a essa pergunta que surgiu outra técnica: a fotossíntese. A fotossíntese é o oposto da fotodegradação. Em vez de usar luz para degradar plástico, usa-a para o manipular, rearranjar e criar novos materiais. Continua a ser uma técnica barata e energeticamente favorável, simplesmente não liberta quaisquer gases com efeito de estufa. Podemos vê-la como uma nova forma de reciclagem, mas muito mais versátil do que as técnicas que são atualmente usadas, na medida em que origina uma maior variedade de novos materiais. Entre estes, temos hidrogénio (que pode ser utilizado como combustível), alguns químicos e outros tipos de plástico. E se a solução para a crise ambiental do plástico for usar a luz que está ao nosso dispor? É possível. É ambientalmente favorável. Pode ser o futuro.