Água & Ambiente na Hora
O ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, afasta em absoluto a possibilidade de reativar centrais a carvão em Portugal, insistindo antes na aceleração da aposta nas renováveis. Esta foi a posição assumida pelo líder da pasta do ambiente durante a sua intervenção de hoje no debate do Programa do Governo na Assembleia da República.
De acordo com Duarte Cordeiro, o Governo defende somente uma resposta à crise energética que “acautele os limites do sistema natural”, conquistando cada vez “maior autonomia face aos combustíveis fósseis”. A resposta passa, antes, pela negociação de “mecanismos que permitam desligar o preço da eletricidade do preço do gás natural”: “Não pretendemos reativar as centrais a carvão que tantos, tantas vezes, insistem que consideremos. Esses, os defensores de uma economia dependente e de uma descarbonização adiada, nem pensam no preço absurdo que a eletricidade atingiria, tendo em conta os seus custos da produção. E também não consideraram a falta de segurança que representaria a dependência de um mercado, o do carvão, dominado pela Rússia”.
Perante o tema da crise energética, Duarte Cordeiro salientou ainda a necessidade de “criar almofadas para diminuir o preço junto dos consumidores”, o reforço da “diversificação de produtos energéticos” e das interligações, e uma aposta na soberania e progressiva autonomia.
Questionado quanto à orgânica do seu Ministério, o ministro referiu que ficará com as licenças ambientais, João Galamba, secretário de Estado do Ambiente e da Energia, com a “parte empresarial”, e Paulo Catarino, secretário de Estado da Conservação da Natureza, com a parte dos recursos hídricos.
“Quero deixar bem claro que dentro do Ministério vamos saber reparar as responsabilidades de cada um”, sublinhou.
Já no que concerne ao setor das águas, Duarte Cordeiro disse que há “um longo caminho pela frente ao nível da eficiência no consumo das águas dos pontos de vista doméstico e da agricultura, na execução de planos hídricos e aproveitamento de águas residuais e pluviais e concretização”.
Durante a sua intervenção de hoje no Parlamento, o ministro do Ambiente prometeu também cooperação e diálogo com municípios, empresas e com associações ambientais, ouvindo quem possa ser afetado e quem se oponha a projetos, mas sem abdicar da capacidade de decisão do executivo.
Outra área mencionada por Duarte Cordeiro foi a conservação da natureza e biodiversidade, que este ano terá o maior valor de sempre do fundo ambiental, de 19 milhões de euros, ao qual acresce a dotação europeia de 45 milhões de euros. “São fundos essenciais para a rearborização de espaços verdes e criação de ilhas sombra, para a modernização e otimização de viveiros florestais públicos, para a beneficiação de parques florestais e de matas nacionais e para ações de combate à desertificação. através da rearborização e de ações que promovam o aumento da fixação de carbono e de nutrientes no solo.”