Diário de Notícias
Lavar carros ou encher piscinas são exemplos de procedimentos a evitar por estes dias, lembra a Agência Portuguesa do Ambiente Com o agravamento do quadro de seca no país, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) apelou ontem para o uso sustentável da água e para que seja evitado o desperdício no quotidiano, assim como a lavagem de carros e o enchimento de piscinas particulares, apesar de o abastecimento público estar garantido. “Existe a reserva para dois anos de abastecimento. No entanto, é importante apelar para o uso sustentável da água pela população”, referiu a APA, num dia em que se iniciaram no Algarve as reuniões regionais para avaliar os recursos hídricos devido à situação de seca. Depois de a comissão da seca ter definido, a 1 de fevereiro, várias medidas consideradas como necessárias atendendo à situação da seca meteorológica, hidrológica e agrometeorológica, realizam-se até 16 de março reuniões regionais para avaliar possíveis cenários e condicionamentos. Desde 1 de fevereiro que foi suspensa a produção de energia em cinco barragens devido à baixa reposição dos volumes armazenados nas albufeiras, aos valores de precipitação observados, significativamente abaixo da média, e para garantia dos volumes necessários para os usos prioritários. Entre as medidas em vigor desde 1 de fevereiro está também a suspensão da emissão de títulos de novas captações de água subterrânea para uso particular nas massas de água identificadas como críticas. Promover a instalação de pontos de água ou cisternas, associados a albufeiras de águas públicas para abeberamento animal, acompanhar diariamente os níveis da albufeira da Bravura, no barlavento algarvio, e, mediante a evolução durante o mês de fevereiro, promover medidas que garantam os volumes de água para os usos prioritários são outras medidas já em curso. Fundo Ambiental destina 5 milhões para contingência O governo vai destinar cinco milhões de euros do Fundo Ambiental para campanhas de sensibilização e para soluções de contingência, no âmbito da seca que o país atravessa, anunciou o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes. Questionado sobre o tipo de soluções de contingência que podem vir a ser necessárias, o governante deu os exemplos do transporte de água em camiões-cisterna, de “pequenas soluções alternativas para poder aceder a água” e da “limpeza dos fundos de algumas albufeiras para aumentar o seu prisma de água”. Sobre a suspensão da produção de eletricidade em cinco barragens, o ministro do Ambiente lembrou que existe uma hierarquia “bem definida” sobre o principal uso da água das albufeiras, que “é o consumo humano”. Para o governante, todas as outras funções, como a produção de eletricidade e a rega das culturas, apesar de “certamente importantes”, são “menos relevantes” do que o consumo humano. De acordo com o ministro, a decisão de suspender a produção de eletricidade em cinco barragens está já a dar resultados, com a do Alto Lindoso a registar um aumento de dois metros no nível da água e a de Castelo de Bode uma uma recuperação de 12 centímetros, até à última segunda-feira. Embora não seja “desejável”, Matos Fernandes admitiu ser “possível” prolongar o tempo de suspensão da produção de eletricidade, se a cota mínima de garantia de água para dois anos de consumo humano não estiver garantida.