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A McKinsey acredita que “o impacto da transição seria sentido de forma desigual entre setores, países e comunidades”. Famílias com rendimentos mais baixos por todo o mundo poderão ser mais afetadas pelo aumento do custo da eletricidade A meta de atingir zero emissões líquidas pode custar 185 milhões de empregos, mas criar cerca de 200 milhões de postos de trabalho, de acordo com um estudo da McKinsey & Company. Num comunicado, que acompanha o estudo, a consultora revela que este objetivo pode gerar uma “redistribuição massiva de mão-de-obra” com cerca “de 200 milhões de empregos diretos e indiretos gerados e 185 milhões perdidos até 2050 com a transição para “net zero””. No estudo, a McKinsey detalha que estas estimativas incluem empregos em operações e na construção de ativos físicos, sendo que, por outro lado, “a procura por empregos no setor dos combustíveis fósseis pode ser reduzida em cerca de nove milhões de empregos” durante a transição, mas poderá existir uma necessidade de cerca de oito milhões de empregos em energias renováveis. “Ainda que seja importante”, a escala da realocação de trabalho “deverá ser menor do que em outras tendências” como a automação, lê-se no estudo. O estudo da McKinsey avalia a transição em duas dimensões, passando por setores e geografias, adiantando a consultora que a “análise toma como ponto de partida e caminho para atingir zero emissões líquidas o cenário hipotético ‘Net Zero 2050’, da Network for Greening the Financial System (NGFS)”. Para isso, conclui, “a transição seria universal. Todos os setores económicos e países seriam afetados à medida que são revistos todos os sistemas de energia e de uso da terra que sustentam as economias e que são responsáveis por gerar emissões”. Paralelamente, a escala da transformação económica seria significativa, com o estudo a apontar que “hoje 65% dos gastos com energia e terra vão para produtos responsáveis por um elevado nível de emissões. No futuro, 70% iriam para produtos com baixas emissões e as infraestruturas necessárias, revertendo a tendência atual”. Por outro lado, “as mudanças seriam antecipadas”, sendo que “a próxima década será decisiva”, avisa a consultora, acrescentando que “os gastos, que hoje rondam os 6,8% do PIB, aumentariam para 8,8% entre 2026 e 2030, antes de diminuírem. Além disso, os custos de produção de eletricidade aumentariam de imediato, mas cairiam depois de atingirem o pico”. A McKinsey acredita que “o impacto da transição seria sentido de forma desigual entre setores, países e comunidades”, sendo que “os mais expostos seriam os setores com produtos ou operações com elevados níveis de emissões; países com rendimentos mais baixos per capita e aqueles com grandes recursos de combustíveis fósseis” bem como “comunidades cujas economias locais dependem de setores expostos”. Além disso, “famílias com rendimentos mais baixos por todo o mundo poderão ser mais afetadas pelo aumento do custo da eletricidade a curto prazo e pelos custos relacionados com o capital que possam vir a necessitar para aquisição de produtos com emissões mais reduzidas, como novos aquecedores ou carros elétricos”. Ainda assim, “os custos e as mudanças causadas pelo aumento de riscos físicos, ou por uma transição desordenada, seriam provavelmente muito maiores”, indicou, referindo que “uma transição ordenada oferece oportunidades de crescimento e benefícios duradouros que vão para além da descarbonização”.