Expresso Online
Portugal recolhe e trata 27 mil toneladas e a meta são 138 mil. ZERO alerta: não há controlo sobre substâncias perigosas para a saúde e o ambiente, como mercúrio e chumbo
N um país onde as taxas de reciclagem estão, em geral, aquém das metas comunitárias, a fileira dos resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos (REEE) — como televisões, frigoríficos, computadores, etc. — é considerada das mais “vergonhosas” por várias fontes ligadas ao sector. Dados do sistema integrado de gestão destes resíduos (SIGREEE) indicam que as entidades gestoras apenas executaram a recolha e tratamento de 27 mil toneladas (em 138 mil toneladas de meta), o que equivale a 20%, em média, face ao objetivo para 2020. Ou seja, um valor inferior ao registado em 2019, que apontava então para 32 mil toneladas (cerca de um terço do objetivo). Estes valores estão longe da meta comunitária dos 65%, com graves prejuízos ambientais e económicos. Há anos que a ZERO alerta para o “colapso” do sistema de gestão desta fileira de resíduos, que deixa sem controlo substâncias perigosas para a saúde e o ambiente, como mercúrio, chumbo, plásticos com retardadores de chama ou gases fluorados, com elevado potencial de gases de efeito de estufa, entre outros. Esta semana, a Associação das Empresas Portuguesas para o Sector do Ambiente (AEPSA) voltou a expor as suas “preocupações sobre a grave situação dos REEE”, desta vez junto da Presidência da República, depois de já o ter feito junto do Governo, do Parlamento e de outras entidades reguladoras e inspetivas. E aponta o dedo ao “incumprimento por parte das entidades gestoras” (Eletrão, ERP e Weeecycling) “das metas e da legalidade”. A Eletrão e a ERP atribuem a responsabilidade pelos desvios das metas ao “flagelo” do mercado paralelo, que não garante a correta reciclagem destes equipamentos, e dizem que é necessária maior fiscalização.