Expresso Online
No segundo dia da cimeira do clima, os líderes mundiais comprometeram-se a reduzir as emissões de metano até 2030, a desenvolver energias limpas a preços mais baratos, a travar a desflorestação, ou ainda a melhorar as ligações entre as redes elétricas. Estes são alguns dos principais compromissos que foram assumidos esta terça-feira, na COP26, em Glasgow No segundo dia da cimeira do clima, em Glasgow, os países comprometeram-se a atingir algumas metas necessárias até ao final da década para abrandar as alterações climáticas. Um dos principais compromissos assumidos esta terça-feira foi o “Global Methane Pledge”, em português “Compromisso Global do Metano”. Mais de 100 países, incluindo Portugal, prometeram reduzir as emissões de metano em 30% até 2030 (comparativamente com 2020). O metano é um dos gases com efeito de estufa mais poderosos, pelo que esta iniciativa quer limitar o aquecimento global a 1,5ºC relativamente ao período pré-industrial, o valor fixado no Acordo de Paris. O compromisso inclui, por exemplo, os Estados Unidos, a União Europeia e o Brasil (um dos cinco maiores emissores de metano). No total, os mais de 100 países signatários representam 70% do PIB mundial , adiantou o presidente americano Joe Biden. China, Rússia e Índia ficaram de fora. Outra decisão relevante foi anunciada hoje na COP: a “ Breakthrough Agenda ”. Mais de 40 nações acordaram em desenvolver energias limpas a preços mais baratos do que as atuais alternativas que envolvem combustíveis fósseis. Reino Unido, EUA e China, que representam dois terços da economia global, subscreverem este acordo, tal como a União Europeia, a Austrália ou a Índia. O objetivo é tornar as tecnologias verdes mais baratas e acessíveis em todo o mundo até 2030. “Ao tornar a tecnologia limpa e essa opção mais acessível e atrativa que o padrão nos setores mais poluentes, podemos efetivamente cortar as emissões em todo o mundo”, disse o primeiro-ministro britânico Boris Johnson. A desflorestação também foi alvo de um acordo hoje. Mais de 100 líderes nacionais assinaram uma declaração para travar até 2030 a destruição das florestas , que absorvem cerca de 30% das emissões de dióxido de carbono, de acordo com o World Resources Institute. Os signatários incluem por exemplo o Brasil — que levou a cabo uma desflorestação crescente sob a presidência de Bolsonaro —, a Indonésia e a República Democrática do Congo. Juntos representam 85% das florestas do mundo. Num outro acordo assinado esta terça-feira, o Reino Unido e a Índia lançaram um plano para melhorar as ligações entre as redes elétricas do mundo , para ajudar a acelerar a transição para uma energia mais verde. O plano chama-se “Green Grids Initiative” (“Iniciativa das Redes Verdes”) e foi apoiado por mais de 80 países. A ideia é permitir que as regiões com excesso de energia renovável a enviem para áreas com défices. Por exemplo, os países com menos exposição solar poderiam retirar energia de outros ainda capazes de gerar eletricidade desta forma. “Se o mundo tiver de avançar para um futuro limpo e verde, estas redes transnacionais interligadas serão soluções críticas”, disse o primeiro-ministro indiano Narendra Modi. Uma crítica e um alerta Durante uma intervenção esta terça-feira, Joe Biden criticou o Presidente chinês Xi Jinping por não ter comparecido pessoalmente na cimeira do clima: “ Tem sido um grande erro , muito francamente, para a China”. “O resto do mundo vai olhar para a China e perguntar que valor acrescentado é que eles estão a dar. Perderam a capacidade de influenciar pessoas em todo o mundo e todas as pessoas aqui na COP”, acrescentou o presidente dos Estados Unidos. O segundo dia da COP26 ficou ainda marcado por uma mensagem do Papa Francisco. “As feridas infligidas à nossa família humana pela pandemia da covid-19 e o fenómeno das alterações climáticas são comparáveis às que resultam de um conflito global ”, alertou. “Agora é o momento de agir, urgentemente, com coragem e responsabilidade”. O Papa apelou também ao sentido de justiça climática. Os países mais ricos que têm uma “dívida ecológica” deveriam assumir a liderança na descarbonização e dar mais apoio aos países fragilizados pelas alterações climáticas, para compensar a “utilização desproporcionada dos recursos naturais dos próprios e de outros países”, disse ainda.