Água & Ambiente Presidente da AEPSA- Associação de Empresas Portuguesas para o Sector do AmbienteNo início de um novo ano, coincidente com o início de uma nova etapa profissional, parece-me interessante focar as oportunidades que o nosso mercado promete. Começaria pelas agregações municipais, e pela perspetiva de que tais agregações tragam ao setor um novo tipo de cliente, dotado de elevada qualidade técnica visão estratégica e capacidade de investimento. O setor precisa de players com dimensão para que as empresas possam com ele crescer.Continuaria, expectante, que, finalmente, termine a restruturação do Grupo AdP para que as suas empresas voltem a olhar para fora, para o seu mercado, e que regressem aos investimentos que anunciaram necessitar e que, assim, ainda possam aproveitar o pouco que resta do POSEUR. As empresas que se habituaram a ter a AdP como o seu principal cliente, gostariam, provavelmente, de voltar a tê-lo como tal.Confiaria que os sinais que a Gestão de topo das empresas do Grupo AdP tem dado sobre a vontade de contratar operadores privados para realizar uma verdadeira Operação & Manutenção de uma parte substancial das suas ETAR (e que substituirá a habitual contratação de mão-de-obra, paga a preços miseráveis, a que têm chamado “prestação de serviços”), traga para o mercado a competência técnica capacidade de inovação, e dinâmica competitiva do setor privado. A AdP e as empresas precisam desta simbiose para criarem valor, aumentar o conhecimento e reter talento. Alegaria que o fim definitivo da confusão entre “Privatização” e “Participação do Setor Privado” levará a que se configurem progressivamente novos modelos de contratação com o setor privado, permitindo que a “a ambição de lutar por melhores serviços de água a preços eficientes” – como diz o Jaime Melo Baptista no seu excelente comentário de dezembro, no portal Ambiente Online – se possa traduzir em relações fortes e duradoras de parceria entre clientes públicos e empresas privadas.Adiantaria, com moderado entusiasmo, que a revisão do código de contratação pública poderia ser aproveitada para que essa poderosa máquina geradora de litigância e de destruição de mercado possa ser convertida numa lei amiga da sã concorrência e da verdadeira transparência ajudando desta forma a restabelecer as rentabilidades mínimas nas empresas, que sustentam o emprego. Ah!… e já agora, que se acabasse com a indecência da forma como a difa “transparência” se promove neste país, permitindo que um qualquer curioso que pague o acesso às plataformas eletrónicas – essas criativas sorvedoras de dinheiro – exclusivamente para ter acesso pleno ao trabalho intelectual criado e desenvolvido pelas outras empresas, e que, assim, o possa usar, sem qualquer vergonha ou ponta de ilegalidade, em proveito próprio nas “suas” “propostas”. E, na linha do anterior, surgiria, como verdadeira forma da promoção da inovação e da retenção de talento, que o acesso ao conteúdo das propostas nas plataformas eletrónicas fosse restringido aos concorrentes qualificados e que esses apenas tivessem direito a lê-las (sem as descarregar) por um muito limitado período de tempo. Perder-se-ia alguma transparência no processo de contratação com esta modalidade?! Não se reduziria significativamente a litigância? Não interessaria a todos, menos aos suspeitos do costume?! Terminaria com a convicção de que as empresas de capital público deixarão rapidamente de apresentar ao mercado produtos e soluções que desenvolveram num ambiente subsidiado por fundos comunitários e défices tarifários, num ambiente competitivo onde existe oferta de empresas privadas, as quais não tiveram acesso a subsidiação do financiamento do seu investimento em l&D, produção e comercialização, para além de não disporem dos mesmos canais privilegiados de acesso comercial às entidades públicas, suas potenciais clientes.Enfim, é um ano novo. Esperemos que seja uma vida nova Francisco de Mariz Machado