Jornal de Negócios Donald Trump carregou no botão “delete” e apagou o plano de combate às alterações climáticas de Obama. E agora? A luta contra o aquecimento global está em risco quando o segundo país mais poluente do mundo se recusa a respeitar o acordo de Paris e se propõe investir nas energias fósseis? Ou será que a aposta nas renováveis é já uma viagem sem retorno e que o Presidente dos EUA vai ficar a falar sozinho, em Washington? Os grandes emissores de CO2A China é recordista nas emissões de gases com efeito de estufa. Cada chinês, em média, emite por ano 7,2 toneladas de CO2.O gigante asiático polui mais do que os EUA e a UE, juntos. No entanto, está a fazer marcha atrás na sua política energética e aposta agora fortemente nas renováveis. No sentido contrário está a índia que, segundo os investigadores, pode ultrapassar as emissões da UE já em 2019. Assim que tomou posse como Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump começou a “arrumar a casa”. Em matéria de política ambiental, o novo inquilino da Casa Branca tomou decisões logo nos primeiros dias que deixam claro o caminho que quer seguir. Há muito que assume ser um céptico em relação ao aquecimento global, chegou a dizer que isso era uma invenção dos chineses para prejudicar a indústria norte-americana. Trump prometia no seu programa de governo o reforço do investimento nas energias fósseis. Prometeu e cumpriu.No próprio dia em que jurou respeitar a Constituição, foram retiradas do site oficial da Casa Branca as referências ao plano de combate ao aquecimento global lançado pelo seu antecessor Barack Obama, conhecido como “Plano de Acção para o Clima”. A substituí-lo surgiu um texto intitulado “America First Energy Plan” (Plano de Energia América Primeiro), onde pode ler-se que “o Presidente Trump está empenhado em eliminar políticas prejudiciais e desnecessárias” no que diz respeito ao ambiente e garante que “levantar essas restrições será uma grande ajuda para os trabalhadores americanos, aumentando os salários em mais de 30 mil milhões de dólares (cerca de 28 mil milhões de euros) nos próximos sete anos”. Mais à frente, fica claro no documento que os Estados Unidos vão voltar a investir em força na extracção de petróleo, gás de xisto e carvão. As receitas conseguidas servirão para “reconstruir estradas, escolas, pontes e infra-estruturas públicas”. Ainda assim, a nova administração admite que estas medidas “têm de andar de mãos dadas com a gestão do ambiente”. E assume que “proteger o ar limpo e a água limpa, conservar os nossos habitats naturais e preservar as nossas reservas e recursos continuarão a ser uma alta prioridade”. Mas os sinais que vêm da Casa Branca não vão nesse sentido.OS HOMENS DO PRESIDENTEEsta terça-feira, Trump deu luz verde a dois investimentos polémicos que foram travados pela administração Obama em 2015, depois de muita contestação dos ambientalistas, de activistas nativos americanos e agricultores. São dois oleodutos – o Keystone XL e o Dakota Access – que vão transportar crude do Canadá para o Texas. Se alguém ainda acreditava que as posições radicais do multimilionário em relação à política ambiental podiam ser atenuadas depois de tomar posse, perdeu a esperança quando ele se fez rodear de homens ligados à indústria do petróleo. O republicano Scott Pruitt lidera agora a Agência de Protecção Ambiental (APA). Foi procurador-geral do estado do Oklahoma e é um céptico quanto à influência humana no aquecimento global. Pruitt interpôs várias acções em tribunal, em aliança com petrolíferas, contra as políticas ambientais de Obama e contra a agência que agora lidera, que chegouacon- siderar uma instituição “ilícita e exagerada”. No comunicado em que confirmou a nomeação de Scott Pruitt, Donald Trump acusou a APA de “gastar o dinheiro dos contribuintes num programa antienergético que destruiu milhões de empregos”. Esta terça-feira, Trump impôs a “lei da rolha” aos funcionários da APA proibindo-os de darem informações à imprensa e de actualizarem as informações nas redes sociais. Ao mesmo tempo, congelou os seus contactos e subvenções.Outro dos homens escolhidos por Trump para a sua equipa é Rex Tillerson. O antigo CEO da Exxon Mobile assumiu o cargo de secretário de Estado. E conhecida a relação próxima que tem com o Presidente russo Vladimir Putin, por via dos negócios. Juntando todas estas peças do puzzle, podemos concluir que