A empresa estatal de distribuição de água e saneamento fechou 2018 com um lucro de 87,3 milhões e deixou de acumular défices tarifários entre o preço que cobra pelos seus serviços e os respetivos custos
A empresa estatal de distribuição de água e saneamento fechou 2018 com um lucro de 87,3 milhões e deixou de acumular défices tarifários entre o preço que cobra pelos seus serviços e os respetivos custos O grupo Águas de Portugal registou pela primeira vez em 25 anos de atividade um superávit tarifário. Em 2018, ao contrário do que vinha sucedendo em anos anteriores, o grupo estatal deixou o quadro deficitário de receber pelos seus serviços de distribuição de água e saneamento menos do que o montante que eles realmente custam. Em 2018 o superávit tarifário foi de 15,5 milhões de euros, valor que compara com um défice tarifário de 12,5 milhões de euros em 2017. O presidente do grupo Águas de Portugal (AdP), João Nuno Mendes, adiantou ao Expresso que a previsão da empresa “é voltar a ter um superávit tarifário em 2019”, num montante próximo do registado em 2018, o que permitirár continuar o processo de redução do saldo acumulado de dívida tarifária (que no final de 2018 ainda era negativo em 650,9 milhões de euros, e que constitui um ativo no balanço da AdP, a recuperar ao longo dos próximos anos por via das tarifas da água). Globalmente o grupo AdP encerrou 2018 com um lucro de 87,3 milhões de euros, menos 1,5% do que em 2017, o que a empresa justifica com uma redução da taxa de juro aplicada aos desvios tarifários e com o efeito de mais-valias na venda de participações que se registou em 2017 (e não se repetiu em 2018. Numa base comparável, o resultado líquido teria subido 12,5%. Os resultados anuais da AdP foram aprovados esta segunda-feira em assembleia geral de acionistas. O volume de negócios total cresceu 5%, para 658 milhões de euros. João Nuno Mendes realça que o ano passado ficou marcado por uma redução dos gastos operacionais do grupo, pelo aumento do volume de negócios no saneamento e por uma redução do endividamento em 112 milhões de euros. A dívida líquida da AdP é agora de 1797 milhões de euros e representa 5,2 vezes o EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações). Em 2015 o rácio de dívida face ao EBITDA era de 7,5 vezes. O objetivo da administração da empresa estatal é prosseguir a diminuição do endividamento para que chegue a um rácio de 3,5 em 2021. No final do ano passado a AdP tinha uma dívida vencida dos municípios (que além de acionistas são clientes da AdP) de 246 milhões de euros, mais do que os 233 milhões do ano anterior. Mas João Nuno Mendes realça que um terço desse montante já foi objeto de um acordo para cedência dos créditos ao sistema financeiro, o que deverá concretizar-se nos próximos meses, aliviando o balanço da AdP. João Nuno Mendes assegurou ainda ao Expresso que está fora de questão uma eventual privatização da empresa. “É clara a posição do acionista Estado de que a AdP seja 100% pública. Privatizar é um cenário completamente excluído pelo Governo”, declarou o gestor.