Expresso – Economia Banco europeu de investimento prestes a aprovar financiamento de €418 milhões a megainvestimento no país de €836 milhões O grupo Águas de Portugal (AdP) promete ser um dos protagonistas da retoma do investimento na economia portuguesa ao avançar com o projeto de investimento na ordem dos €836 milhões que envolve múltiplas intervenções no país para melhorar os serviços de abastecimento de água e de tratamento de águas residuais. O Expresso sabe que estão bem encaminhadas as negociações para garantir um empréstimo de 50% do Banco Europeu de Investimento (BEI), devendo o contrato ser assinado nos próximos meses, provavelmente no verão.O projeto da AdP é o maior projeto empresarial português atualmente em análise pelo BEI. Na calha, está também o plano de desenvolvimento tecnológico da operadora NOS (€200 milhões), projetos de construção de centrais fotovoltaicas (€130 milhões) e solares (€100 milhões), o alargamento da rede de distribuição de gás natural a Norte (€58 milhões) e um investimento em tecnologias de saúde (€40 milhões).Com este projeto, a AdP volta a entrar na lista dos maiores empréstimos já concedidos pelo BEI a Portugal. No top está o financiamento à Parque Escolar em 2010 (€600 milhões), à AdP em 2009 (€525 milhões), à SCUT Beira Litoral/Beira Alta em 2001 (€470 milhões) e à autoestrada de Chaves em 1999 (€450 milhões).Este projeto da AdP envolve três tipos de intervenções. Os investimentos em proteção da saúde pública e ambiental, como é o caso da construção de novas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) e remodelação das existentes. Os investimentos na eficiência dos sistemas de água e saneamento, nomeadamente a reabilitação de redes de distribuição para reduzir as perdas e fugas de água. E os investimentos de adaptação às alterações climáticas, em particular a diminuição da vulnerabilidade a situações extremas; o desenvolvimento de fontes alternativas de abastecimento para usos menos exigentes através da reutilização de águas residuais tratadas; além da otimização energética do grupo AdP.Embora de inegável utilidade pública, este investimento de €836 milhões a ser realizado nos próximos anos, não deverá servir para recuperar o investimento público que, no ano de 2016, colapsou 29% para o mínimo histórico de 1,6% do PIB (ver caixa). De facto, segundo o esclarecimento do Instituto Nacionalde Estatística (INE), a classificação sectorial de empresas controladas pelas administrações públicas deve ser analisada tendo em conta o critério quantitativo do rácio de mercan- tilidade. Se as vendas cobrirem menos de 50% dos custos de produção, a empresa é classificada no sector das administrações públicas. Mas, se pelo contrário, as vendas cobrirem mais de 50% dos custos de produção durante um período prolongado de vários anos, a empresa é considerada mercantil e classificada no sector das sociedades. Ora, no caso específico da AdP SGPS e respetivas subsidiárias, os rácios de mercantilidade são claramente acima de 50%. Como tal, o respetivo investimento não está incluído no investimento das administrações públicas, mas sim no sector das sociedades não financeiras, vulgo empresas.Mais investimentoIndependentemente da gaveta pública ou empresarial em que estes €836 milhões serão contabilizados, certo é que este é um dos projetos que reanimarão o investimento nos próximos anos.Segundo o balanço agora divulgado pelo INE, o investimento (formação bruta de capital fixo) caiu 0,1% em 2016, interrompendo a recuperação iniciada em 2014 e 2015. A culpa não foi do investimento empresarial que subiu 6% (mais €1066 milhões), mas do investimento público que colapsou 29% (menos €1170 milhões) no último ano (ver caixa).As previsões do Banco de Portugal divulgadas esta semana apontam para a retoma do investimento, que deverá acelerar 6,8% em 2017,5% em 2018 e 4,8% em 2019, sobretudo graças ao investimento empresarial.Mas convém notar que a crise de investimento de que padece a economia portuguesa não se resolve em três anos. De fac to, os dados de 2016 (a preços constantes para