PERDAS DE 70% LEVAM SECRETÁRIA DO AMBIENTE A REPREENDER SANTA CRUZ
As perdas de água na rede de distribuição do município de Santa Cruz seriam suficientes para regar 10 campos de golfe durante um ano inteiro. A contabilidade é assumida pela secretária regional do Ambiente e Recursos Naturais, garantindo que as perdas de água nas redes de abastecimento público neste concelho rondam os 70%. Logo, assumindo ser admissível que se possam perder até 40% de água nas redes de distribuição, Susana Prada admite ao DIÁRIO que os restantes 30% de água desperdiçada seriam, por si só, suficientes para regar, num ano, 10 campos de golfe semelhantes ao do Santo da Serra
A governante lembra que de acordo com a legislação em vigor, deve ser dada prioridade ao abastecimento de água potável em detrimento de outros usos. Assim sendo, num quadro de alterações climáticas em que
se prevê menos precipitação e temperaturas mais altas, com a consequente diminuição da água disponível, julga ser imprescindível reduzir as perdas de água nas redes de abastecimento, direccionando, desta forma, a água poupada para outros fins, como a agricultura. “Quanto mais água for desperdiçada nas redes de abastecimento menos água sobra para os agricultores”, sublinha.
Um dos principais objectivos do Governo Regional, no que respeita à gestão das redes de distribuição de água, tem sido, através da Aguas e Resíduos da Madeira (ARM), a redução do nível elevado de perdas de água. Além das perdas económicas e ambientais, estas podem também influenciar negativamente a qualidade da água entregue à população.
A topografia, a idade das redes, a pressão e o tipo de material são na sua óptica factores que contribuem para o nível de perdas de uma rede de distribuição de água Atendendo às especificidades da Região, a autoridade regional na matéria – a Direcção Regional do Ambiente e Ordenamento do Território – definiu no Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Arquipélago da Madeira, que as perdas não ultrapassem os 40%, uma meta a atingir até 2021.
Assume que há “um longo caminho a percorrer”, mas assinala que
no sentido de inverter esta situação, “a ARM tem em curso um conjunto de obras no valor de 25,5 milhões para a renovação e ampliação das redes de distribuição de água potável dos municípios seus aderentes, nomeadamente: Câmara de Lobos, Ribeira Brava Machico, Santana e Porto Santo”. Susana Prada revela que estas importantes obras já se encontram no terreno, prevendo-se que decorram por um período de dois anos, esforço que, na sua óptica deveria contagiar os municípios não alinhados. “E importante também sublinhar que todos os outros municípios da RAM, em particular o Funchal, Santa Cruz e Ponta do Sol, precisam acompanhar as acções do Governo Regional, investindo na recuperação das suas redes. Este deverá ser um objectivo de todos”, refere.
Susana Prada veio a terreiro explicar a gestão da água em finais do mês passado, quando se soube que Governo Regional da Madeira iria pagar 1,6 milhões de euros para assegurar o caudal de água necessário para o normal funcionamento do campo de golfe do Santo da Serra (ver destaque) dados os problemas que se agudizam sobretudo no Verão e causaram prejuízos financeiros avultados. Na altura, o JPP, que gere Santa Cruz, lamentou a dualidade de critérios do Governo.
Quando o Club de Golf do Santo da Serra mostrou as fotografias do estado do campo devida à falta de água, Susana Prada assumiu que para não prejudicar os agricultores, o Governo Regional tinha dado “prioridade ao regadio agrícola em detrimento da rega do campo de golfe”. A governante esclareceu que os 1,6 milhões de euros não era multa mas sim um investimento num novo sistema de rega, mais eficiente, que permitirá regar o campo com menos água”, explicando que tendo em conta que “a precipitação está a diminuir e a temperatura a aumentar, as disponibilidade hídricas serão cada vez menores, pelo que há que investir em sistemas mais eficientes, que permitam regar com menos água a mesma área”.