Para a ANA “é a solução mais rápida e sem custos para os contribuintes” e assume apoiar intervenções nas casas afetadas pelo ruído.
Para o CEO da ANA – Aeroportos de Portugal, Thierry Ligon- nière não há dúvidas: “o novo aeroporto do Montijo permitirá o reaproveitamento da base aérea n.e6, sendo a solução mais rápida e sem custos para os contribuintes”, acrescentando que “permite responder às necessidades urgentes de Lisboa”. A garantia foi dada ontem, no Parlamento, no âmbito da Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas, onde foram discutidos vários temas com destaque para o Estudo de Impacte Ambiental (EIA), ruído e acessibilidade da infraestrutura.
Quando questionado sobre como corre a articulação com outras entidades, Ligonnière garantiu que a ANA tem “uma grande parte de entidades do seu lado”, mas defendeu que é necessário “que sejam reunidas algumas condições”.
O ruído esteve também em cima da mesa com o deputado André Pinotes, do PS, a falar da necessidade da Comissão Consultiva do Ruído. Um assunto que, segundo Ligonnière, não é indiferente à ANA. “É vontade da ANA que esta Comissão Consultiva de Ruído tenha um papel importante e vamos fazer aquilo que é necessário para que este seja o caso”, prometeu, garantindo que o isolamento será feito em três fases, com intervenções a serem realizadas antes da abertura do aeroporto.
A engenheira responsável pelo Estudo de Impacte Ambiental garantiu que o mesmo foi realizado a pensar num cenário de maior atividade. “Não estamos a dizer que as pessoas não vão poder abrir as janelas ou sair à rua”, garantiu.
acessibilidades O CEO da ANA explicou também que o projeto que foi desenhado contempla duas formas de acesso: o rodoviário e o fluviário. “Obviamente que se houvesse a possibilidade de uma ferrovia, seria bem vinda”. O responsável explicou ainda que a ligação do aeroporto ao Pinhal Novo será feita por shuttle, onde depois os passageiros podem apanhar o comboio. Ligonnière explicou ainda que estão “a antever 20% de fluxo para o transporte fluviário e 80% para o rodoviário”.
10 MIL EMPREGOS DIRETOS No Parlamento, Thierry Ligonnière avançou que está estimada “a criação de milhares de postos de trabalho nas várias fases de vida do projeto”, explicando que serão criados logo “cinco mil empregos diretos no momento de abertura e 10 mil quando estiver em pleno funcionamento”. Mas haverá também a criação de centenas de postos de trabalho indiretos: 800 por cada milhão passageiros.
MAIS DE 600 CONTRIBUTOS O Estudo de Impacte Ambiental que está em consulta pública até ao próximo dia 19 já recebeu mais de 600 contributos, garantiu Nuno Lacasta, presidente da Associação Portuguesa do Ambienta (APA),que também foi ouvido no Parlamento. Para Nuno Lacasta já tem toda a informação necessária para avaliar o impacte ambiental do aeroporto, uma decisão que será anunciada no final do mês de outubro.
Mas apesar das várias preocupações apresentadas no Parlamento no que diz respeito ao ruído e às fracas acessibilidades, o presidente da APA adiantou que “o estudo e seguramente a avaliação terão em conta considerações associadas a efeitos de mitigação e compensação”.
No que diz respeito à decisão que permitirá avançar com a abertura da atual base militar n.s6, no Montijo, a voos civis, Lacasta garantiu que não será uma decisão fácil.
DURAS CRÍTICAS Durante a manhã, a palavra pertenceu às associações ambientalistas Quer- cus e Zero, que teceram duras críticas devido aos riscos que consideram que esta construção representa. Carla Graça, vice-presidente da Zero, mostrou-se preocupada com o ruído deixando, por isso, o compromisso: “A Zero vai apresentar um parecer. E digo já que a Zero chumba o Estudo de Impacto Ambiental”, garantiu. Até porque, no seu entender, “há um conjunto de questões dramáticas”, como é o caso das acessibilidades.
Do EIA, as críticas da Zero estenderam-se à ANA, que descreve como “a entidade menos transparente que temos”: “Solicitámos dados de ruído e a resposta que tivemos foi que só dariam se fossem obrigados”, acusou o ambientalista Francisco Ferreira.
Já a Quercus defende a construção de um aeroporto “o mais ambiental possível”, como referiu Pedro Carmo, presidente da entidade. No que diz respeito às aves que poderão ser afetadas, Pedro Carmo defende que “os efeitos não serão tão negativos e as aves acabarão por se habituar, como aconteceu com o impacto da ponte Vasco da Gama”.