Água & Ambiente 05-01-2016 No passado mês de Novembro teve lugar no Japão, na cidade de Yokohama, a International Water Association Leading- -Edge Conference on Strategic Asset Management of Water and Wastewater In- frastructures (LESAM 2015), evento que conta com a sua sexta edição. Tive a oportunidade de participar em todas as edições desta conferência, com excepção da primeira, tendo-me sido possível assistir à natural evolução do tema e, particularmente, às diversas abordagens que estão a ser promovidas nos diversos países, dado assistir-se recorrentemente a uma natural predominância de participantes originários do país onde se realiza o evento. A LESAM 2015 teve 60 por cento de participantes oriundos do Japão. A Ásia foi, naturalmente, o continente com maior número de participantes, seguindo-se a Europa com 15 por cento. Portugal fez- -se representar por diversas entidades, nomeadamente pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), pelo Instituto Superior Técnico (IST) e pela AGS. E relevante extrair destes números o interesse que o tema suscita na Europa e, mais do que o tema em si mesmo, a importância que tem sido dada à forma como se comunica a gestão patrimonial de infra-estruturas e a necessidade que se tem demonstrado, em alguns países europeus, de entender os diversos contextos externos e internos às organizações.Sendo o mais imparcial possível, foi com agrado que assisti a uma presença nacional com uma elevada maturidade e com apresentações de qualidade acima da média. E de salientar a maturidade da abordagem nacional, algo que foi possível presenciar também em comunicações de outros países, não sendo essa, no entanto, a imagem generalizada de todos os países representados. Existiram, obviamente, apresentações com grande qualidade, mas pareceram mais um esforço individual do que uma cultura devidamente institucionalizada. Dever-se-á então reflectir sobre o porquê da alegada maturidade na forma como estamos a encarar a gestão patrimonial de infra-estruturas a nível nacional. Não deverá haver dúvidas de que, se somente tivéssemos visto publicado um decreto-lei a referir a obrigação, em entidades gestoras que sirvam mais de 30 mil habitantes, de promover e manter um sistema de gestão patrimonial de infra-estruturas, não teríamos equivalente performance no desenvolvimento do tema.Foi fulcral, entre outras instituições, a Entidade Reguladora dos Serviços de Aguas e Resíduos (ERSAR) no papel activo que teve no projecto AWARE-P e na publicação dos Guias Técnicos ERSAR n.°s 16 e 17, o que, em conjunto com uma série de outras medidas, fez com que a gestão patrimonial de infra-estruturas passasse a constar como requisito legal. Será, no entanto, fundamental garantir que os sistemas de gestão patrimonial de infra-estruturas sejam implementados e devidamente monitorizados, acompanhados e revistos, o que naturalmente é possível fazer ao nível das auditorias da ERSAR, que devem ser universais e realizadas no campo, e do acompanhamento corrente da actividade das entidades gestoras. Um modelo que vingou e que admito poder afirmar, com gosto, pela “comitiva portuguesa” foi a capacidade de demonstrar, na LESAM 2015, o efeito claramente positivo e catalisador do que deverá ser a relação entre a investigação aplicada, a academia e a indústria.Acresce a este panorama a publicação em 2014 da série das Normas ISO 55000, o que em grande medida reforça a visão que Portugal, entre outros países, teve em eleger o tema como relevante e como estruturante nos serviços de águas. Do que pude assistir na LESAM 2015, pareceu-me ficar claro que já muito foi feito. No entanto, será importante manter o foco em colmatar alguma distância entre os níveis estratégicos e operacionais, eleger o tema como uma prioridade na agenda dos decisores em actividades onde a gestão de capital intensivo está em causa e melhorar a comunicação entre todos os intervenientes no processo, quer internos quer externos.Saliente-se que Portugal ocupa um lugar de destaque na forma de fazer gestão patrimonial de infra-estruturas. Porém, e como contraponto, temos um lugar menos destacado quando em detalhe nos debruçamos sobre indicadores de desempenho como os relativos à reabilitação de condutas e colectores (AAlOb,