EXPRESSO Sistemas não arranjam condutas envelhecidas e deixam esvair cerca de 165 milhões de metros cúbicos deste recurso escasso em tempo de seca O objetivo do Plano Nacional para o Uso Eficiente da Água é não se perder mais de 20% deste recurso escasso nos sistemas. Contudo, mais de um quarto (27%) da água captada, tratada e distribuída para uso doméstico continua a ir parar ao mar ou ao solo. Esta percentagem man- tém-se estável desde 2013. Um ano antes o desperdício era de 35%- Os casos mais graves estão localizados em zonas rurais ou semiurbanas onde as perdas chegam a rondar 70%.As condutas que levam este recurso escasso dos municípios até à casa das pessoas continuam a desperdiçar 165 milhões de metros cúbicos de água por ano, a que se juntam mais 70 milhões de metros cúbico que não são faturados, indicam dados da Entidade Reguladora de Águas e Resíduos. De cinco em cinco anos, cerca de seis mil quilómetros de condutas deviam ser reabilitados. Mas só menos de metade é reparada, segundo o regulador. Toda esta água perdida serviria para abastecer os municípios que estão à mingua neste ano de seca extrema que alastra por 94% do território.O Ministério do Ambiente diz estar “focado em criar entidades gestoras mais robustas, juntando municípios com menos de 20 mil pessoas”, explica o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins. Com esse objetivo foram abertos anúncios de €75 milhões, para candidaturas ao POSEUR destinadas a “agregar 50 municípios em sistemas intermunicipais em baixa para maior eficiência de gestão”. “Quando 76% em 308 entidades gestorastêm menos de 20 mil clientes e metade dessas têm menos de 5 mil, falha a capacidade técnica e de gestão”, explica Rui Godinho, dirigente da Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem deÁgua(APDA).O único sistema intermunicipal a funcionar é o da Águas do Ribatejo. Alguns estão a dar os primeiros passos. Esta semana, as câmaras de Viseu, Mangualde, Nelas, Penalva do Castelo, Sátão, São Pedro do Sul, Vila Nova de Paiva e Vouzela acordaram juntar-se. Só assim conseguem aceder a financiamento comunitário que permita reforçar a capacidade de armazenamento da barragem de Fagilde e construir uma no Vouga para enfrentar situações semelhantes no futuro.Argumentando que “o sistema de Viseu é sustentável, dá lucro e tem perdas de 19% na rede”, o autarca de Viseu, Almeida Henriques, rejeita a ideiade que se se tivessem agregado há mais tempo não estariam na situação de falta de água em que estão: “Se tivéssemos aderido às Águas do Norte, teríamos a água seis vezes mais cara.”Para dar de beber a Viseu e a quatro vizinhos, chegam diariamente 32 camiões-cisterna com água. Se assim não fosse, deixaria de haver água nas torneiras. Mas em Viseu as piscinas municipais continuam a funcionar normalmente, tal como os fontanários, que apesar de terem água em circuito reciclado permitem evaporação. Para reduzir perdas, decidiram baixar a pressão da água 25%,o que “é mais eficiente do que cortar água”, garante Almeida Henriques. O secretário de Estado do Ambiente e especialistas concordam. “Racionar água não é uma medida inteligente”, afirma Carlos Martins. “O racionamento leva as pessoas a encheram bacias e banheiras que depois desperdiçam, quando no dia seguinte a água chega à torneira”, explica Rui Godinho, dirigente da APDA.Já quanto à possibilidade de se aumentar o preço da água para aumentar a “eficiência hídrica”, falado pelo Ministro do Ambiente, Rui Godinho discorda: “Não me parece adequado aumentar o preço da água. Os que consomem mais já têm tarifas mais altas e há muitas variáveis em jogo.” E lamenta que o plano para o uso eficiente da água “não esteja a ser aplicado eficientemente no país”Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar. TRES PERGUNTAS AOrlando BorgesPresidente da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e ResíduosEm média, perdem-se 27% da água na rede. Não há eficiência no sistema?Nos sistemas em alta (que captam e tratam a água nos rios e albufeiras) as perdas andam nos 5%, mas em baixa (ligação às casas) rondam 27%. Há u